
quarta-feira, 15 de janeiro de 2025
João de Sousa Carvalho

terça-feira, 14 de janeiro de 2025
Adagiário do frio
Para nos protegermos do frio usamos vestuário, que funciona como barreira à perda de calor corporal, por isolamento térmico. O traje popular alentejano assegurava sabiamente esse isolamento.
(2) Variantes:
- Fome e frio entregam o homem ao seu inimigo.
- A fome e o frio fazem o homem acolher-se à casa do inimigo.
- Fome e frio metem a pessoa com seu inimigo.
- Fome e frio te fará meter com teu inimigo.
(3) Variantes:
- A fome e o frio fazem o gado galego.
- Fome, frio e mau trato, fazem o gado galego.
- O frio e a fome fazem o gado galego.
(4) Variantes:
- Dia frio e dia quente, fazem andar o homem doente.
- Dia frio e outro quente, faz o homem doente.
(5) Variante:
- Não hei medo ao frio nem à geada, senão á chuva porfiada.
(6) Variante:
- Calma em tempo frio traz molhado; frio em tempo molhado, traz resfriado.
(7) Variante:
- Calor em tempo frio, trá-lo molhado.
(8) Variantes:
- Calcanhar de homem, cu de mulher e focinho de cão, nunca sentem o Verão.
- Calcanhar de homem, cu de mulher e nariz de cão, três coisas frias são.
- Cu de mulher e nariz de cão, nunca conheceram Verão.
- Há duas coisas que não conhecem Verão: rabo de mulher e focinho de cão.
- Nariz de cão, cu de mulher e mãos de barbeiro, frios como gelo.
- Nariz de cão e cu de gente, nunca está quente.
- Nariz de cão e cu de mulher estão sempre frios.
(9) Variantes:
- A cada um dá Deus o frio conforme a roupa, mas mais a quem tem pouca.
- A cada qual dá Deus o frio conforme a roupa.
- A cada qual dá Deus o frio conforme anda vestido.
- Dá Deus o frio conforme a roupa.
- Deus dá o frio conforme a roupa.
(10) Variante:
- Cada um sente o frio, como anda vestido.
(11) Variante:
- Chuva de Janeiro e não frio, vai dar riqueza ao estio.
(12) Variante:
- Janeiro frio ou temperado, não deixa de ir enroupado.
(13) Variante:
- Em Fevereiro, febras de frio e não de linho.
- Em Fevereiro, fibras de frio e não de linho.
(14) Variante:
- Abril frio e molhado, enche celeiro e farta o gado.
(15) Variantes:
- Abril frio, traz pão e vinho.
- Abril frio, ano de pão e vinho.
(16) Variante:
- Frio de Abril, nas pedras vá ferir.
(17) Variante:
- Maio frio, Junho quente, bom pão, vinho valente.
(18) Variante:
- Agosto, frio no rosto.
(19) Variantes:
- Ande o frio por onde andar que o Natal o irá buscar.
- Ande o frio por onde andar, ao Natal há-de vir parar.
- Ande o frio por onde andar, no Natal cá vem parar.
- Ande o frio por onde andar, o Natal o vai buscar.
- Ande o frio por onde andar, pelo Natal cá vem parar.
- Ande o frio por onde andar, pelo Natal há-de chegar.
(20) Variante:
- Em Dezembro treme o frio em cada membro.
(21) Variante:
- O caldo em quente, a injúria em frio.
sexta-feira, 10 de janeiro de 2025
Testamento herético
Hereticamente, através de ideias
e de palavras próprias solidamente fundamentadas, ousei ao longo da minha vida ser diferente, mantendo-me
igual a mim próprio ao fazer frente a alguns que ilusoriamente julgam ter a
faca e o queijo na mão, ad eternum.
A minha heresia condenou-me a futuramente
ser apagado dos registos que os revisionistas da História do Presente irão
manipular a soldo de qualquer uma dessas nomenklaturas em que esbarro a
torto e a direito, mas que nem por um instante me fazem vacilar.
Congratula-me a consciência da minha heresia, convicto da existência de justos criadores de mudanças de paradigma, os quais em devido tempo se encarregarão de reavivar a minha Memória e recambiar os revisionistas e seus mandantes para o caixote do lixo da História.
sexta-feira, 3 de janeiro de 2025
José Lacerda no Mercado das Velharias em Estremoz
- O meu amigo desculpe. Você
tem estudos. Se não é Doutor tem de ser Engenheiro.
Eu bem lhe dizia que era só Professor
e mais coisa nenhuma, mas não havia maneira de sairmos dali e eu já estava pelos
ajustes. Um dia, disse-lhe:
- “Está o caldo entornado” e “Temos
a burra nas couves”.
Parece que foi remédio santo. A
partir daí, passou a tratar-me por amigo Hernâni e o nosso relacionamento
passou a ser mais natural e saudável.
Fazemos negócio sempre que calha ter
alguma peça que me encha as medidas. Ele já sabe o que me interessa e começa a cantar
alto como se estivesse no Orfeão e eu, naturalmente, faço ouvidos de
mercador. Por outras palavras, esgrimimos. É manha contra artimanha. E lá
fazemos negócio, normalmente pouco silencioso, mas tudo acaba em bem ou em mal.
Depende do ponto de vista. Umas vezes engana-me ele, outras vezes engano-o eu. E já ouvi da boca dele,
aquilo que para mim é encarado como um elogio:
- Amigo Hernâni: Você é mais cigano do que eu.
Ao longo dos tempos, o meu amigo José
Lacerda tem-me vendido arte pastoril, Bonecos de Estremoz, louça de barro
vermelho de Estremoz e louça vidrada de Redondo, tendo com isso contribuído para
a edificação das minhas colecções. É claro que nem sempre compro, pois mesmo
que me interesse, nem sempre é oportuno abrir os cordões à bolsa. É
nessas alturas que ele me diz:
- O meu amigo não se preocupe.
Não precisa de pagar agora. Paga depois.
O que vale é que eu estou
imunizado contra a lábia dele.
José Lacerda é uma figura muito
popular e uma referência no Mercado das Velharias em Estremoz. No terrado que
semanalmente ocupa no Rossio de Estremoz, destaca-se a sua banca bem provida de
chocalhos. Foi esse pormenor, o tema escolhido pelo seu filho Tói Lacerda, para
encomendar um Boneco de Estremoz que representasse o pai no Mercado da Velharias.
A criação da figura deve-se ao barrista José Carlos Rodrigues, a quem felicito
pelo bem conseguido trabalho. Através dele, o cigano José Lacerda ficou
perpetuado na barrística popular estremocense. Basta olhar para o Boneco que se
é levado a dizer:
- Olha o Lacerda!
quarta-feira, 1 de janeiro de 2025
O que gostaria de ver em Estremoz em 2025?
“Estremoz é uma cidade que me dói,
por tudo aquilo que lhe falta”
Cai o pano para 2024 e entra 2025. Lançámos um desafio aos nossos colaboradores pedindo-lhes que nos fizessem chegar os seus votos para o novo ano, respondendo a uma pergunta: “O que gostaria de ver (ou ter) em Estremoz para o ano de 2025?” Hernâni Matos respondeu ao repto.
Jornal E
Estremoz
é uma cidade que me dói, por tudo aquilo que lhe falta. O que é não só
consequência da falta de visão estratégica de algumas edilidades, como pela
definição de prioridades questionáveis ao longo dos tempos.
Estremoz
carece de uma resposta urgente a problemas prementes que na minha óptica são de
priorizar sequencialmente assim: rede de abastecimento de água, rede de
esgotos, requalificação urbana, construção habitacional, rede de ecopontos, mobilidade
e acessibilidade urbanas.
2025
é ano de eleições autárquicas a ocorrer em Setembro. Neste momento, os cabeças
de lista das várias formações em confronto já terão obtido o beneplácito dos
estados maiores partidários ou o acordo pró-forma dos seus apaniguados. Já
terão, decerto, constituído as suas equipas ou estarão em vias de as
concretizar.
Será
que o Executivo Municipal gerado pelas eleições setembrinas, elaborou uma lista de faltas semelhante
à minha? Não sei, mas provavelmente não. Apenas sei que qualquer dia começam a
meter-nos papelinhos debaixo das portas, a contactar-nos pessoalmente com o seu
melhor sorriso e a azucrinar-nos com os seus hinos, enquanto apregoam bacalhau a pataco. E as artimanhas são muitas. Lá
diz o rifão: “Com papas e bolos se enganam os
tolos”. Convém aguentar as investidas
a pé firme e mesmo de pé atrás. Pela
minha parte não se admirem, se eu não estiver nos meus dias e lhes atirar à
cara com esta do Aleixo: “Vós que lá do vosso
império / prometeis um mundo novo, / calai-vos, que pode o povo / q'rer um
mundo novo a sério!”
sábado, 7 de dezembro de 2024
Aconteceu há 7 anos: Inscrição da Produção de Figurado em Barro de Estremoz na Lista Representativa do Património Cultural Imaterial da Humanidade
quinta-feira, 5 de dezembro de 2024
XVIII Exposição de Presépios de Artesãos de Estremoz
A Galeria Municipal D. Dinis recebe a XVIII Exposição de Presépios de Artesãos de Estremoz, uma referência no Alentejo.
Esta mostra conta com mais de 30
Presépios, produzidos com diversos materiais, dos artesãos: Afonso Ginja, Ana
Catarina Grilo, Ana Godinho, António Moreira, Carlos Alberto Alves, Carlos
Pereira, Conceição Perdigão, Fátima Lopes, Francisca Carreiras, Henrique
Painho, Inocência Lopes, Irmãs Flores, Isabel Pires, Jorge Carrapiço, Jorge da
Conceição, José Vinagre, Luís Parente, Luísa Batalha, Madalena Bilro, Maria
José Camões, Pedro Vinagre, Perfeito Neves, Ricardo Fonseca, Sara Sapateiro,
Sandra Cavaco, Sofia Luna, e Vera Magalhães.
A exposição poderá ser visitada
até dia 6 de janeiro de 2025, com entrada gratuita, numa organização da Câmara
Municipal de Estremoz.