segunda-feira, 24 de março de 2014

Belmonte e o blogue Do Tempo da Outra Senhora


Em 17 de Setembro do ano passado, fiz neste blogue a reportagem "Belmonte" a mais recente novela da TVI apresentada em Estremozrelativa ao evento ocorrido no dia anterior no Palácio dos Marqueses de Praia e Monforte. Tive então oportunidade de afirmar:
Por mim, sou daqueles que pensam que o facto de grande parte da acção decorrer em Estremoz e no seu termo é uma mais valia para a cidade. De facto, a inclusão na novela da TVI, de imagens do nosso património e de actividades locais tão diversas como o cultivo da vinha, a pecuária ou a extracção de mármores, funciona como cartaz da região, que irá potenciar fluxos turísticos, com múltiplos reflexos positivos, especialmente a nível da restauração e da hotelaria, o que é assaz importante. É que Estremoz, cidade de serviços, precisa de turismo como um faminto precisa de pão para a boca. A Câmara Municipal de Estremoz está, pois, de parabéns pela sua parceria com a TVI e a cidade agradece.
Hoje, para além daquilo que então opinei e que reafirmo, quero também extrair ilações sobre os reflexos que Belmonte teve no blogue DO TEMPO DA OUTRA SENHORA.
Como atrás referi, em 17 de Setembro de 2013, publiquei a reportagem "Belmonte" a mais recente novela da TVI apresentada em Estremoz. Esta, em 189 dias alcançou 5424 visualizações, o que corresponde a uma média de 29 visualizações por dia.
Por outro lado, em 22 de Setembro de 2013, criei no blogue uma página de acesso aos episódios de Belmonte alojados no YouTube. Até agora, os 138 episódios obtiveram 17309 visualizações em 184 dias, o que corresponde a uma média de 94 visualizações por dia e de 125 visualizações por episódio. Significa isto, que a novela “Belmonte” gerou neste blogue um fluxo de visitantes fidelizado à novela, que não deixará de ler posts que lhe são disponibilizados, tanto no índice temático como na selecção de posts mais populares dos últimos 7 dias, dos últimos 30 dias e de sempre.
Na presente data, o blogue DO TEMPO DA OUTRA SENHORA tem uma media diária de 394 visitas e 705 páginas visitadas, encontrando-se em 142º lugar do ranking nacional do BLOGÓMETRO, num conjunto de 1729 blogues.
Quanto às estatísticas de seguidores, elas são as seguintes: 587 seguidores através do Google Rede Social, 349 seguidores através do Google+ e 346 seguidores através dos NetworkBlogs.
Por outro lado, em 4 anos de existência foram editados 430 posts distribuídos por 47 temas: Acerca de mim (89), Ano Novo (2), Arte popular (33), Artesãos (7), Azulejaria (29), Barrística de Estremoz (45), Blogues recomendados (1), Canção (1), Carnaval (2), Cartazes (6), Cinema (2), Ciência (9), Contas à vida (5), Crítica Social (36), Ecologia (8), Efemérides (25), Estações do Ano (17), Estremoz (70), Etnografia (56), Exposições (17), Festividades Cíclicas (19), Filosofia (2), Física (8), Gastronomia (16), História de Portugal (19), História Postal (2), Humor (25), Ilustração (7), Janeiras (1), Literatura (7), Literatura oral (93), Livros (12), Memórias de Infância (21), Meses do Ano (23), Mitologia (5), Mulher (8), Música (3), Natal (15), Números (6), Personalidades (27), Pintura (35), Poesia (1), Publicidade (2), Páscoa (1), Quaresma (1), Religião (47).
Os 430 posts receberam 2334 comentários, o que corresponde a uma média de 5 comentários por post e é indicador de interactividade entre o leitor o blogger.
Parece-me ser legítimo concluir que o blogue DO TEMPO DA OUTRA SENHORA é um blogue de âmbito nacional, com um número de leitores consolidado, que reconhece nele um blogue cultural prestigiado e com uma oferta temática plural. Daí que o feedback dos leitores nos estimule no prosseguimento do caminho iniciado a 20 de Fevereiro de 2010.

sexta-feira, 21 de março de 2014

Dia Internacional das Florestas


CENAS DE CAÇA (1670). Pormenor de painel de azulejos (158 x 286cm), 
fabrico de Lisboa. Museu de Lamego.

A 21 de Março comemora-se o Dia Internacional das Florestas. A celebração deste dia teve início a 10 de Abril de 1872, no estado norte-americano do Nebraska, nos EUA (EUA). Aí, o jornalista e político Julius Sterling Morton, promoveu o “Dia da Árvore”, incentivando a plantação ordenada de árvores naquele estado.
Em Portugal, as primeiras Festas da Árvore tiveram início na fase final da Monarquia por iniciativa de organizações republicanas. Foi assim que a 26 de Maio de 1907 se realizou no Seixal a 1.ª Festa da Árvore, promovida pela Liga Nacional de Instrução. Dava-se assim início a um movimento cultural e cívico de celebração dos benefícios da Árvore e da Floresta, o qual se traduzia na plantação de árvores em ambiente festivo e de discursos de propaganda a favor da árvore. Por sua vez, o Dia Mundial das Florestas foi comemorado entre nós e pela primeira vez em 1974, tendo sido escolhida, como em muitos outros países do hemisfério norte, a data de 21 de Março, o primeiro dia de Primavera. A data de 21 de Março viria a ser declarada como Dia Internacional das Florestas, por resolução da Assembleia Geral da ONU, de 30 de Novembro de 2012.
No Dia Internacional das Florestas, têm lugar diversas acções de arborização e reflorestação a nível mundial. A comemoração da efeméride visa sensibilizar a população para a importância da preservação das árvores, não só ao nível do equilíbrio ambiental e ecológico, como da própria qualidade de vida dos cidadãos. Com efeito, estima-se que 1000 árvores adultas absorvem cerca de 6000 kg de dióxido de carbono. 30% da superfície terrestre está coberta por florestas, nelas se realizando a fotossíntese, através da qual há produção de oxigénio a partir de dióxido de carbono. Daí que as florestas sejam consideradas como “pulmões do mundo”. 


terça-feira, 18 de março de 2014

Comemorações Populares do 25 de Abril em Estremoz


Decorre no próximo dia 25 de Abril, o 40º aniversário da Revolução do 25 de Abril de 1974. Na madrugada libertadora desse dia, o Movimento das Forças Armadas iniciou um conjunto de operações militares, as quais seriam coroadas de êxito e puseram fim a uma ditadura que oprimia o povo português há 48 anos.
A assinalar a efeméride e para além das Comemorações Oficiais, vão existir por todo o país Comemorações Populares do 25 de Abril. Em Estremoz, um grupo de cidadãos e cidadãs desta terra, procurando corresponder às aspirações da população, entendeu que não poderia ficar indiferente àquela data, pelo que se assumiu como Comissão Promotora das Comemorações Populares do 25 de Abril. Nesse sentido, convida toda a população a associar-se aquelas Comemorações, de acordo com o seguinte:

PROGRAMA

11 h - Junto ao RC3
- Homenagem ao esquadrão do RC3 que participou nas operações militares de 25 de Abril de 1974 (Intervenção de um elemento da Comissão Organizadora).
- Entoação da canção “Grândola Vila Morena”, que funcionou como senha para o arranque definitivo e simultâneo em todo o País das forças do MFA.
- Entoação do Hino Nacional.
- Poesia de Abril no Mercado do Lago.
13 h - NUM RESTAURANTE LOCAL (*)
-  Almoço de convívio.

A Comissão Promotora
 das Comemorações Populares do 25 de Abril em Estremoz

-      Adelaide Glória (Professora)
-      Águeda Gonçalves Fateixa Palmeiro (Professora) 
-      Albino Lopes (Perito Contabilista)
-      Alfredo Fonseca (Desempregado)
-      Alice Vestia (Técnica de Informação e Documentação)
-      Altino Maria Garrido Catarino (Reformado)
-      Álvaro Borralho (Sociólogo)
-      Amália Martins (Aposentada)
-      Ana Maria Caldeira (Professora)
-      Ana Vieira (Terapeuta da Fala)
-      Angelina Leirias (Funcionária Administrativa)
-      António Inácio Silva Chouriço (Empresário) 
-      António João Lopes (Engenheiro Electrotécnico)
-      António Joaquim Russo Matuto (Aposentado)
-      António José Ramalho (Professor, Economista)
-      António José Sobral (Mestre de Conservação e Restauro)
-      António Júlio Rebelo (Professor)
-      António Paulo (Jardineiro)
-      António Simões (Professor e poeta)
-      Aura Espada (Professora)
-      Belmira Rato Coimbra (Reformada)
-      Bernardina Parreira (Reformada)
-      Carla Cabanas (Advogada)
-      Carlos Alberto Alves (Designer)
-      Carlos Gargaté Afonso (Artista plástico e Professor)
-   Carlos Jacinto Brás Machado (Bancário)
-      Catarina Matos (Bolseira de investigação)
-      Celso Paixão Martins (Distribuidor)
-      Clarisse Guerra (Locutora do RCP e 1ª mulher a ler um comunicado do MFA)
-      Cláudia Leirias Correia (Estudante Universitária)
-     Clotilde Peralta (Técnica de Farmácia)
-      Cristina Afonso (Técnica)
-      Diogo Vivas (Técnico Superior)
-      Domingos António Xarepe (Técnico Superior de Turismo)
-      Eduardo Augusto de Carvalho Basso (Professor)
-      Eduardo Pereira (Técnico de Informática)
-      Elsa Severo Rolo (Professora)
-   Emília Maria Martins (Reformada)
-      Florência Catita dos Santos (Coordenadora)
-      Fortunato Neves (Superintendente da Marinha Mercante)
-      Francisca de Matos (Professora)
-      Francisco António Fragoso Chouriço (Fiscal da EDP)
-      Francisco João Cunha  (Reformado)
-      Georgina Ferro (Professora e Poetisa)
-      Helena Leirias (Assistente Técnica) 
-      Hernâni Matos (Professor e Escritor)
-      Hugo Albino (Gestor de Formação)
-      Imelda Guerra (Professora)
-      Inácio Carmelo Grazina (Professor)
-      Inácio José Remigio Guerra (Aposentado)
-      Ivo Leirias Russo (Empresário)
-      Ivone Maria Serrano Carapeto (Advogada)
-      Joana Pires (Doméstica)
-      João Carlos Chouriço (Professor)
-      João Carlos Vieira (Professor)
-      João Condinho Vargas (Investigador)
-      João Ferro (Aposentado)
-      João Filipe Espanhol Martins {Técnico de Vendas)
-      João Jaleca (DFA)
-      João Martinho Rato (Desempregado)
-      João Paulo Ferrão (Arquitecto)
-      João Rodrigues Guerra (Servente de Pedreiro)
-      Joaquim António Passadinhas Coelho (Mecânico)
-   Joaquim Bernardo Silva Lima (Reformado)
-  Joaquim Manuel Cabanas (Reformado)
-     Joaquim Manuel Cardoso (Professor)
 Joaquim Manuel Mourinha Serra (Técnico de Contas)
-     Joaquim Princês Vargas (Chefe de Departamento Fabril)  
-      Joaquina Andrade Ameixa Dias (Auxiliar de acção directa)
-      Jorge Branco (Geofísico)
-      Jorge Manuel Canhoto (Engenheiro Biofísico)
-      Jorge Pinto (Economista)
-      Jorge Simões Alves (Professor, Designer industrial)
-      José Adriano de Deus Vermelho (Reformado PT)
-      José Alberto Fateixa Palmeiro (Professor) 
-      José Albino (Consultor)
-      José António Banha (Funcionário Civil das Forças Armadas)
-    José Augusto Martins Cabanas (Trabalhador rural)
-      José Broa (Reformado)
-      José Carlos Dias Rodrigues (Técnico de Farmácia)
-      José Coelho Ribeiro (Bancário)
-      José Daniel Pena Sadio (Professor)
-      José Domingos Carvalho Ramalho (Sociólogo)
-      José Emílio Vasconcelos Guerreiro (Técnico Superior de Património)
-  José Feliz Saramago Rebola ( Empresário Tipográfico) 
-      José Francisco Barros de Carvalho (Professor)
-      José Francisco Capitão Pardal (Bancário)
-      José João Conim Guerra (Reformado)
-      José Joaquim Dias (Agricultor)
-    José Joaquim Mansinho Carreço (Gerente bancário)-José Lopes (Operário Agrícola)
-   José Lopes (Operário Agrícola)
-     José Manuel Varge (Professor) 
-      José Martins (Funcionário Autárquico)
-      José Mira Ramalho (Comerciante)
-      Laurinda da Conceição Fusco Borbinha Paulino (Professora)
-      Luis Condinho (Delegado de Informação Médica)  
-      Luis Mariano Guimarães (Electro-Mecânico)
-      Luís Pardal (Operador de Posto de Abastecimento)
-      Luis Russo (Técnico Informático)
-      Manuel Caeiro (Reformado)
-      Manuel Caeiro (Reformado)
-      Manuel Xarepe (Professor)
-      Manuela Conim (Empregada de Comércio)
-      Maria Antónia Parreira Rato Pereira (Empregada de Comércio)
-      Maria da Conceição Ferreira (Desempregada)
  Maria de Fátima Louro Pavia Madeira (Pensionista)
-      Maria de Fátima Pontes Fernandes (Professora)
-      Maria do Céu Pires (Professora e Escritora)
-      Maria Helena Alves (Professora)
-      Maria Helena Guia Falcato Alves (Professora)
-      Maria José Camões (Doméstica)
-      Maria José Lopes (Desempregada)
-      Maria Manuela Fidalgo Marques (Professora)
-      Maria Zulmira Varela (Professora)
-      Mário António Ralheta Compõete (Assistente operacional - Delegado Sindical STAL)
-      Mário Tomé (Militar de Abril)
-      Martinho dos Santos Torrinha (Gerente Bancário)
-      Mateus Maçaneiro (Formador)
-      Matilde Vitória Parreira Rato Fonseca (Empregada de Comércio)
-      Nuno Mourinha (Arqueólogo)
-      Odete Gato Ramalho (Professora)
-      Paulo Rebeca (Reformado)
-      Pedro Alexandre Craveiro Gomes Ferro (Engenheiro Civil)
-      Pedro Dinis Arieira Calhordas (Designer)
-      Pedro Luís Rato Coimbra (Auxiliar de Serviços Gerais)
-      Prazeres Garcia (Empregada Doméstica)
-      Reinaldo Joaquim Serra Canhoto (Torneiro Mecânico)
-      Rita Rato (Deputada)
-      Rodrigo André (Técnico de Prevenção)
-   Rosa Maria Varigueta (Empregada de Limpeza)
-      Rosalina Assunção Santos (Reformada)
-      Rui Fonseca (Técnico de Vendas)
-      Simplício José Rato Coimbra (Motorista)
-      Sónia Cristina Caldeira (Professora)
-      Sónia Ferro (Jurista)
-      Telma Russo (Escriturária)
-      Tiago da Câmara Pereira (Estagiário da Fundação Eugénio de Almeida)
-      Túlio Apeles de Brito Parelho (Bancário)
-      Vasco Dinis Coradinho de Abegoaria (Arqueólogo)
-      Vicente António Pereira (Reformado)
-      Vitor Manuel Cardoso Gomes da Silva (Engenheiro Civil)   
  
(*) - As inscrições para o almoço podem ser efectuadas na Ourivesaria Varela, no Rossio Marquês de Pombal, em Estremoz. 


sexta-feira, 14 de março de 2014

Candidatura dos Bonecos de Estremoz a Património Imaterial da Humanidade


Transcreve-se com muito orgulho e com a devida vénia, a Notícia do Município nº 1524, emitida a 14 de Março de 2014, pelo Gabinete de Comunicação, Eventos e Desenvolvimento Turístico da Câmara Municipal de Estremoz. (1)

A Câmara Municipal de Estremoz iniciou em abril de 2013 um processo de investigação, produção de conhecimento e angariação de apoios de personalidades e instituições, que tem por objetivo final a integração da Produção de Bonecos de Estremoz em Barro na Lista Representativa de Património Cultural Imaterial da Humanidade da UNESCO.
Como primeiro passo para a conclusão deste objetivo, no mês de abril de 2014, vai ser entregue o “Pedido de Inventariação como Património Cultural Imaterial da Produção de Bonecos de Estremoz em Barro”, à Direção Geral do Património Cultural.
Após a conclusão da primeira fase, o Município avançará para a constituição de uma Comissão de Honra e Executiva, que têm como objetivo dar seguimento à candidatura a Património Cultural Imaterial da Humanidade. Brevemente será também remetida à Comissão Nacional da UNESCO, Ministério dos Negócios Estrangeiros e Secretaria de Estado da Cultura a carta que formaliza a candidatura oficial.
No terreno vai ser promovida a realização de um Plano de Salvaguarda do Boneco de Estremoz, que visa dar visibilidade aos artesãos e à arte, trazer jovens artesãos para a Barrística, dar seguimento à investigação, proceder à publicação de monografias temáticas e realização de atividades educativas pela região e país. Este Plano terá igualmente o intuito de promover atividades de promoção do Boneco e artesãos, dando-se a conhecer uma arte popular tão emblemática de Estremoz e do Alentejo, mas também de Portugal.
Ainda no âmbito do Plano de Salvaguarda, há também o objetivo de candidatar a Coleção de Bonecos de Estremoz de Júlio Maria dos Reis Pereira, do Museu Municipal de Estremoz Prof. Joaquim Vermelho, a coleção de Interesse Nacional, de modo a valorizar os Bonecos musealizados e dar-lhes uma projeção nacional e internacional.
Após conclusão da investigação e redação do documento que apresenta a arte bonequeira e o porquê da pertinência da candidatura a Património da Humanidade, a Câmara Municipal procederá à sua entrega à Comissão Nacional da UNESCO, para que a mesma prossiga os trâmites seguintes.
O Boneco modelado ao modo de Estremoz é uma produção artística de carácter popular, com mais de 300 anos de história, a qual era maioritariamente executada por mulheres nos primeiros séculos de existência da arte.
A mesma consiste na modelação de uma figura em barro cozido, policromado e realizado manualmente, segundo uma técnica com origem pelo menos no século XVII, assente na montagem dos elementos bola, placa e rolo.
Depois de efetuado o corpo da peça (cabeça, tronco e membros) e da cabeça ser colocada em molde para moldar a face, o boneco é vestido por intermédio de placas recortadas na forma de roupas.
Seca, vai a cozer ao forno e posteriormente é pintado, envernizado e novamente deixado a secar. 
Como acontece desde as suas origens, o seu destino é comercial. Funcionalmente, nos primórdios, o destino era religioso (Imaginária). Hoje assume características decorativas e simbólicas.
Atualmente trabalham na arte: Afonso Ginja, Duarte Catela, Fátima Estróia, Irmãs Flores, Maria Luísa da Conceição e Ricardo Fonseca. De modo mais contemporâneo, trabalham Jorge da Conceição, Carlos Alberto Alves, Célia Freitas, Miguel Gomes e Isabel Pires.

(1) - A notícia está redigida de acordo com as regras do novo acordo ortográfico, que o blogue DO TEMPO DA OUTRA SENHORA não segue, mas que respeita nas transcrições que faz.


terça-feira, 11 de março de 2014

Sete e dois, nove, noves fora nada.

A Escola Secundária de Estremoz na actualidade.

UMA BRINCADEIRA
Vou-vos contar uma história do “Tempo da Outra Senhora”. É uma história singela, de quem em 36 anos de carreira, passou 34 na Escola Secundária de Estremoz. O meu ingresso começou por ser uma brincadeira. Num sábado de manhã, no início do ano lectivo de 1972-73, estava eu sentado na esplanada do Café Alentejano, quando chega a namorada de um amigo meu, a qual vinha preencher um horário vago. Eu, com algumas cadeiras por terminar na Universidade, estava ali no Café, a espairecer. Ela, então, meteu-se comigo, perguntando-me:
- Porque é que em vez de estares a viver à custa dos teus pais, não procuras também, preencher um horário na Escola?
Nunca tal me passara pela cabeça, pois nunca pensara em ser Professor. À laia de me ver livre dela, disse-lhe assim:
- Diz lá ao Director que se tiver algum horário disponível, me telefone aqui para o Café.
Então não é que o bom do homem me telefona daí a um quarto de hora, dizendo:
- Senhor doutor, tenho aqui um horário de Matemática, que está disponível. Se estiver interessado venha, faz a apresentação às turmas de hoje e ganha já o fim-de-semana.
Fiquei sem pinga de sangue, mas o que havia eu de fazer? Não podia voltar com a palavra atrás. Foi assim que me tornei Professor daquela Escola. Foi uma brincadeira imprevista que preencheu quase metade da minha vida.
UMA MENTIRA
A seguir à brincadeira, vi-me envolvido numa grandessíssima mentira. É que estávamos no “Tempo da Outra Senhora”, que é como quem diz, estávamos no tempo do fascismo, com o Marcelo Caetano em primeiro-ministro, um partido único – a União Nacional e uma polícia política, a PIDE-DGS, que perseguia, torturava e prendia os opositores ao Regime, ao qual havia que assegurar fidelidade, para poder ingressar na Carreira. Assim, lá fui chamado ao gabinete do Chefe da Secretaria, onde tive que jurar e de subscrever com a minha assinatura, a declaração formal de que tinha activo repúdio pelo comunismo e todas as ideias subversivas. É claro que eu era mesmo subversivo, ainda hoje o sou, como toda a gente sabe, pois está-me na massa do sangue. Eu era então, um jovem do Maio de 68, caldeado na luta académica contra o Regime e membro do clandestino Movimento Associativo da Faculdade de Ciências de Lisboa. Assim, para ter direito a ser Professor e usufruir daquilo com que se compram os melões, tive que mentir descaradamente, com quantos dentes tinha, que era aquilo que fazia a esmagadora maioria das pessoas.
O HORÁRIO
O horário era de 22 horas lectivas, mas eu aceitei ter 10 horas extraordinárias, a ver se fazia mais algum, pois o salário era magro. Ao longo dos anos leccionei Matemática, Física, Química, Mercadorias, Química Geral e Analítica, bem como Área de Projecto.
O TRANSPORTE PARA A ESCOLA
Eu morava na Rua 5 de Outubro, em Estremoz e, comecei por ir para a Escola numa velha pasteleira a pedais, pertença dum empregado do meu pai, a qual ficava guardada debaixo das escadas do átrio de entrada. Só mais tarde arranjei dinheiro para comprar bicicleta própria. Não é fácil ter uma perna artificial e pedalar, mas eu lá me arranjava. Só mais tarde consegui comprar um  “dois cavalos” e “Viva o velho”! 
A GESTÃO
Conheci vários tipos de gestão na Escola: a democracia musculada, umas vezes de Direita outras vezes de Esquerda, o fascínio pelo cimento para deixar obra feita e a gestão participada e companheira. Todas elas deixaram marcas na Escola, nem sempre para o bem e para o melhor.
A MINHA POSTURA
Da Escola saí há cinco anos, tal como entrei trinta e seis anos antes: de cabeça erguida. Atingi o topo da carreira, na qual nunca fui um actor passivo, tendo pelo contrário sido sempre interveniente e procurando dar resposta aos desafios que me eram colocados a cada instante, muitas vezes para além daquilo que seria humanamente expectável. É certo que saí mais velho, mas também mais sábio, pela valorização profissional aqui adquirida, pela partilha de saberes com os restantes membros da comunidade escolar, pelas pontes inter-disciplinares concretizadas com colegas doutras áreas, tais como a Filosofia, a História, as Artes, o Português e a Biologia.
Saí feliz, pelo contributo pessoal e desinteressado à formação pessoal de jovens, que vi crescer nos múltiplos aspectos do seu “eu” e que são hoje, homens e mulheres de corpo inteiro, que pela sua motivação e capacidade de realização, alcançaram êxito nas actividades profissionais em que se empenharam e singraram.
O ESTATUTO DE PROFESSOR
Quando entrei na Escola em 1972, o Professor era uma figura prestigiada, tal como o Padre ou o Médico. Destes todos, só resiste actualmente a figura do Padre. A figura do Professor vale menos que um chinelo velho, graças ao tratamento de polé, a que tem sido submetido pelos sucessivos governos dos partidos do arco da governação.
O ESTATUTO DE APOSENTADO
Durante 36 anos descontei para a Caixa Geral de Aposentações, cumprindo as regras em vigor, a fim de quando saísse do activo, ter direito a retribuição. Foi dinheiro que me saiu do corpo, que é património meu e que descontei durante 36 anos seguidos, para vir a receber depois. Pelo menos era aquilo que era tido como certo. Todavia, sucessivos governos dos partidos do arco da governação, administraram mal os dinheiros públicos, umas vezes duma forma irresponsável caracterizada pelo despesismo e doutras vezes, até mesmo duma forma criminosa. Por isso, nós os aposentados, estamos a ser vítimas de cortes nas pensões. Vem aí o segundo corte. Nós não queremos dar para este peditório. Queremos que sejam responsabilizados e julgados os partidos do arco da governação, que são responsáveis pelo estado das finanças públicas.
Talvez seja necessário um novo 25 de Abril. Sim, isso mesmo! 25 de Abril de Novo, mas agora com toda a força do Povo!