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Da esquerda para a direita: José Manuel Varge, Hernâni Matos,
Hilário Modas e José Capitão Pardal.
Encerramento da exposição “Memórias do Alentejo”, de Espiga Pinto
Terminou no passado dia 27 de Abril em Estremoz, a exposição “Memórias do Alentejo”, apresentada pela Galeria Howard’s Folly e pelo Legado de Espiga Pinto, a qual ali esteve patente desde 16 de Março.
A mostra, que incluía pintura, desenho, gravura e escultura, visava celebrar o 85º aniversário do consagrado artista plástico José Manuel Espiga Pinto (1940-2014), natural de Vila Viçosa, pintor da 3ª Geração Modernista e da fase tardia do Neo-realismo, o qual foi professor de Desenho na Escola Industrial e Comercial de Estremoz (1960-1965),
As obras expostas, num total de 40, foram criadas na região na década de 60. Interpretam duma forma magistral as mais variadas cenas da vida agro-pastoril do Alentejo da época, constituindo assim um reflexo da identidade cultural alentejana. .
Encontro de antigos alunos de Espiga Pinto
O encontro ocasional de antigos alunos de Espiga Pinto no acto inaugural da exposição, levou-os a recordar a sua vivência com aquele professor/artista durante a sua permanência em Estremoz. Falaram então da simpatia que gerou entre eles, da importância que teve no seu crescimento enquanto jovens e que os marcou muito positivamente. Vá daí que tenham pensado em transmitir individualmente e duma forma organizada esse testemunho, aos filhos Aurora e Leonardo Espiga Pinto, presentes no acto inaugural. Estes acolheram entusiasticamente a ideia, pelo que eu, que não fui aluno do pintor, na qualidade de admirador e de coleccionador, me disponibilizei a dinamizar um Encontro de antigos alunos de Espiga Pinto, o que acabou por ser feito depois de ter sido acordado o local, a data e a hora.
Foi assim que no último dia da exposição e no local da mesma, foram recolhidos a partir das 15 horas, os testemunhos individuais de antigos alunos que foram gravados em vídeo para memória futura. Presentes António Mourato, Arcângela Figueiredo, Conceição Baleizão, Filomena Proença, José Manuel Varge, Hilário Modas, João Proença, João Fortio, José Capitã Pardal, José Luís Garcia e Teodora Mau-Homem Dimas. No final do Encontro era visível a satisfação patente nos seus rostos após o relato da sua vivência com o professor e pelo reencontro de alguns que já não se viam há bastante tempo.
O Encontro visto pelos filhos de Espiga Pinto
Em missiva que me foi enviada após o Encontro e falando em seu nome e em nome de sua irmã Aurora, diz Leonardo Espiga Pinto em jeito de balanço geral do evento: “Foi para nós uma oportunidade inesquecível, de conhecer melhor a faceta de professor do nosso pai, Espiga Pinto (1940-2014). Os testemunhos que recolhemos em Estremoz relatam vivências emocionadas e emocionantes de alunos de 10-13 anos de idade, no Portugal profundo dos anos sessenta do séc. XX, e o impacto que um jovem professor de desenho trouxe às suas vidas.”
Esmiuçando o Encontro acrescenta: “Os ex-alunos foram unânimes na descrição de um homem firme, mas que os marcou pela forma positiva como manifestava a sua crença no potencial único de cada um. Ouvimos histórias sobre este jovem professor — tinha então pouco mais de vinte anos e recém-chegado a Estremoz vindo da Escola Superior de Belas-Artes — que aplicou métodos muito próprios e inovadores de experimentação artística, criando memórias que, sessenta anos volvidos, ainda despertam emoções e saudade.”
Referindo-se à exposição “Memórias do Alentejo”, prossegue: “Quando aceitámos o convite de Howard Bilton, proprietário da Galeria Howard's Folly, para expor a arte de ESPIGA Pinto em Estremoz, foi precisamente com a esperança de que memórias como estas surgissem e de que aqueles que conheceram e privaram com o nosso pai pudessem revisitar a sua obra.” E acrescenta: “Ficamos com sentimento de missão cumprida pelo significativo número de pessoas que visitaram a exposição, vindas um pouco de todo o país, mas especialmente, aos Alentejanos que quiseram partilhar estas Memórias.” Finaliza, expressando “a nossa gratidão a todos os ex-alunos que puderam vir e pela generosidade com que partilharam memórias tão ricas e vividas do nosso pai."
Epílogo
A meu ver, a evocação da memória de Espiga Pinto por alguns dos seus antigos alunos de há sessenta anos, merecia e devia ser retomada, agora duma forma institucional pela Escola onde foi Professor e da qual actualmente é herdeira, a Escola Secundária da Rainha Santa Isabel, em Estremoz. Aqui fica o alvitre.
Publicado no jornal E nº 356 de 8 de Maio de 2025
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