sábado, 8 de setembro de 2012

Conversa de sexta-feira



Um alentejano que se preze tem que ter um churrião.
Só assim conseguirá dar resposta às suas tradicionais responsabilidades.  


À laia de peregrino que procura conforto para a sua alma desinquieta, sou caminhante das redes sociais, onde propago a minha doutrina. Ontem deu-me para desabafar no Facebook:
- Eu que sou sabadeiro, esta noite não durmo...
E acrescentei logo de seguida:
- Vocês perguntarão: Porquê? Ao que eu responderei: Está-me na massa do sangue.É como sonhar com uma bela mulher que nos desinquieta os sentidos.
As reacções não se fizeram esperar e por ali apareceram os comentários mais diversos de amigas e amigos como Mariarita Balancho, Alice Correia, Carmem Movilha, Jeremias Moura, Manuel Falardo e Maria Isabel Marques. Cada um deles disse o que lhe deu na real gana. Fui então levado a replicar:
- Eu tenho faro. Aquilo que se convencionou chamar o sexto sentido das mulheres. Como predador nato, acho que amanhã é dia de caça grossa. Sinto isso no ar.Depois da caçada, falaremos.
E como estava com a adrenalina toda, continuei:
- Talvez amanhã consiga comprar um churrião para ir ao São Mateus que há-de vir. Há uns anos atrás tinha os vinte contos que o Quintino de Bencatel, que já lá está, me pediu. Não tinha era o sítio para meter a despesa dos vinte contos.
Hoje com um bom arranjinho, tudo se resolve. E já tenho o livrete do churrião que há-de vir. As alimárias virão depois. Decerto que havia de fazer umas belas romarias, com paragens obrigatórias de vez em quando, a fim de eu e as alimárias, bebermos cada um de nós, os respectivos líquidos regeneradores. Satisfeitos, cada um de nós relincharia à sua maneira, que isso é que é a essência da verdadeira democracia. Depois, naturalmente, seguiríamos caminho.
Seguidamente fiz um apelo:
- Dão-se alvíssaras a quem descobrir um churrião disponível no mercado de tracção animal. Se for mulher, a retribuição será um sonoro e repimpado beijo. Se for homem, paga-se com um abraço camarada, seguido de um copo de três, com direito a repetição.
Vejam lá se me ajudam e se não se esquecem de mim!
E terminei com um reconhecido:
- Bem hajam!
Hoje, terminado que é o mercado de sábado, estou inconsolável, porque o meu faro falhou. Constipação ou alergia? Não sei. Apenas sei que não vi nada que me tirasse o fastio. E quanto ao churrião, nem cheiro. Apenas a impertinência acutilante do meu irmão gémeo:
- Hernâni, quem é que te manda a ti, ter adrenalina a mais?

2 comentários:

  1. Aqui pelos algarves não chamam churrião, mas quando miúdo andei bastante neles com a minha Tia Glórinha "americana", de Estoi a Sº Brás para comprar as sacas de farinha e outras coisas necessárias a casa de lavoura.

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    Respostas
    1. António:
      Obrigado pelo seu comentário.
      Não sei o nome do carro tradicional algarvio. Todavia, não é como o alentejano e a cobertura é decorada.
      Os meus cumprimentos.

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