Santíssima Trindade (c. 1530). Cristovão de Figueiredo (activo de 1515 a 1543).
Museu Nacional Soares dos Reis, Porto.
Segundo os Evangelhos, Jesus foi condenado a morrer na cruz numa sexta-feira e o responsável pela sentença foi Pôncio Pilatos, prefeito da província romana da Judeia entre os anos 26 e 36 d.C. apesar de não ter encontrado nele nenhuma culpa. Todavia os líderes judeus queriam a sua morte, por considerarem blasfémia Jesus dizer-se filho do Messias. Vejamos o que nos dizem os Evangelhos.
Jesus foi preso no Jardim de Getsémani (Marcos 14:43-52) e foi submetido a seis julgamentos – três por líderes judeus e três pelos romanos [João (18:12-14), Marcos (14:53-65), Marcos (15:1), Lucas (23:6-12), Marcos (15:6-15)].
Pilatos tentou negociar com os líderes judeus ao permitir que flagelassem Jesus, mas eles rejeitaram a proposta por não os satisfazer e pressionaram Pilatos a condená-lo à morte. Pilatos entregou-lhes então Jesus a fim de ser crucificado tal como eles pretendiam (Lucas 23:1-25). Os soldados escarneceram Jesus e vestiram-lhe um manto escarlate e impuseram-lhe na cabeça uma coroa de espinhos (Mateus 27:28-31).
Jesus veio a ser crucificado num lugar chamado Gólgota, que quer dizer “Lugar da Caveira”. Por cima da sua cabeça puseram uma tabuleta com o motivo da sua condenação: “JESUS NAZARENO, O REI DOS JUDEUS” [João (19,19), Lucas (23,38)]. Na ocasião foram também crucificados dois ladrões, um à direita e outro à esquerda de Jesus. (Mateus 27:33-38). A escuridão cobriu então o céu durante três horas (Lucas 23:44), até que Jesus deu um forte grito: “Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito”. Dizendo isto, expirou. (Lucas 23:46). Os relatos evangélicos mostram que Jesus entregou livremente a vida a Deus pela redenção da humanidade.
O sentido espiritual da cruz indicado pelo próprio Jesus (Mateus 10:38), fez com que ela passasse a ser sinal sagrado e objecto de culto.
Na pintura portuguesa, a crucificação foi objecto de quadros pintados por autores como Cristovão de Figueiredo (activo de 1515 a 1543), Vasco Fernandes (activo de 1501 a 1540), Diogo de Contreiras (c.1500-1565), António Nogueira (15??-1575), Pedro Nunes (1586-1637), Baltazar Gomes Figueira (1604-1674) e Josefa de Óbidos (1630-1684). Nas suas obras, Jesus é representado em sofrimento ou no repouso da morte. Passemos em revista essas representações, aqui visualizáveis de uma forma cronológica.
Calvário (c. 1535-40). Vasco Fernandes (Grão Vasco) (activo de 1501 a 1540).
Óleo sobre madeira (242,3 x 239,3 x 81 cm). Museu de Grão Vasco, Viseu.
Calvário (c. 1550). Diogo de Contreiras (c.1500-1565).
Óleo sobre madeira (122 x 88 cm). Misericórdia de Abrantes.
Descida da Cruz (1564). António Nogueira (15??-1575).
Óleo sobre madeira (115 x 115 cm). Museu Rainha D. Leonor, Beja.
Descida da Cruz (1620). Pedro Nunes (1586-1637).
Óleo e têmpera sobre madeira. Capela do Esporão da Sé de Évora.
Calvário (1636). Baltazar Gomes Figueira (1604-1674).
Óleo sobre tela (169 x 99,5 cm). Igreja da Santa Casa da Misericórdia, Peniche.
Calvário (1679). Josefa de Óbidos (1630-1684).
Óleo sobre madeira (160 x 174 cm). Santa Casa da Misericórdia, Peniche.
Perante tão Grande Beleza...só lhe posso dizer:
ResponderEliminar- Obrigada Professor Hernâni Matos, pela sua dedicação à partilha de Conhecimentos nas àreas da Arte e da Literatura. Aprendemos muito consigo...
Abraço.
Ana Carita.
Obrigado, Ana. É bom partilhar com os amigos. Um abraço para si, também.
EliminarA arte sacra portuguesa está muito bem documentada
ResponderEliminarpor bons pintores de grande relevo.Uma delas a Josefa de Óbidos única mulher com reconhecimento artístico.Por esse motivo ainda achei mais importante o comentário do professor muito obrigada.
Rosa Casquinha
Rosa:
EliminarÉ sempre importante divulgar o que temos de bom em Portugal. Fortalece a nossa auto-estima e bem necessitados estamos dela.
Obrigada amigo Hernâni ! Como sempre, notável e belo !
ResponderEliminarFernanda:
EliminarObrigado pelo seu comentário.
Boa Páscoa.
Enquanto estudante do secundário tive oportunidade de visitar inúmeras vezes o MNAA, pois o mesmo ficava pertíssimo da minha escola, e lá observei quadros referentes ao tema com uma qualidade irrepreensível, afinal também tivemos grandes mestres de pintura.
ResponderEliminarPenso que este tipo de assunto hoje não tem muitos seguidores, afinal os tempos mudaram.
Abraço
Abilio
Abílio:
EliminarObrigado pelo seu comentário.
Eu penso que para além duma alegada visão menos religiosa do mundo e da vida, haja quem saiba admirar a qualidade da técnica e da mensagem sujcacente à obra de arte.
Os meus cumprimentos.
Parabéns pela partilha sr. Professor Hernâni Matos.
ResponderEliminartrata-se de um excelente trabalho.
Octávio:
EliminarObrigado pelo seu comentário.
Os meus cumprimentos.
Meu Caro Amigo
ResponderEliminarCom tamanha perfeição até dá vontade de acreditar e depois morrer logo!!! Que estão à espera os cristãos??? Quando morrer quero estar enganado e que Ele exista!! assim vivo feliz, no paraíso celeste, junto ao anjos e arcanjos e ....... espero vê-lo a si por lá de boa saúde e ..... também contente e feliz!!
Tenhamos em consideração que é melhor acreditar NELE em vida até ao fim e depois constatarmos que ELE não existe, do que não acreditar NELE em vida e depois, no fim, constatarmos que ele existe!!! Como vamos safar-nos do satanás e do seu reino eterno???
Vai ser uma grande ......................................!!!!
Abração
Pedro
Pedro:
EliminarObrigado pelo seu comentário:
Um abraço.
Muito obrigada e muitos parabéns pelo trabalho de pesquisa extraordinário sobre o riquíssimo património popular do Alentejo e em particular de Estremoz. Como alentejana sinto-me orgulhosa e imensamente grata por tantos ensinamentos.
ResponderEliminarOra essa. Muito obrigado. É gratificante para mim saber que apreciou trabalhos meus inseridos no blogue. Volte sempre que assim entender. Os meus cumprimentos.
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