segunda-feira, 19 de abril de 2010

Memórias do Espírito Santo

Nasci no número 14 do Largo do Espírito Santo, em Estremoz, no dia 19 de Agosto de 1946.
Nos anos 50, os meus pais mudaram-se para uma casa da rua da Misericórdia, hoje inexistente, mas pelo Largo continuei a viver e a brincar em permanência até 1956, ano até ao qual fiquei na casa dos meus tios, situada no número 17. A vida e os fluxos humanos que por ali se processavam nos anos 40-50 são-me pois familiares.

Fonte do Espírito Santo. Foto de J. Walowski -1891.

Convento dos Agostinhos. Foto de J. Walowski - 1891.

Torre das Couraças. Desenho de Cruz Louro – 1939.

A passagem do aguadeiro e do leiteiro, a passagem das lavadeiras para o Lavadouro Municipal, as carradas de lenha para a padaria do Beliz na rua da Levada, as entradas e saídas para a fábrica do Alves e Martins na Horta do Quiton, ao ritmo da sirene, as manobras mirabolantes dos camiões gigantescos da URMAL para conseguirem transpor os portões da Horta, as idas das meninas do asilo para a Escola Feminina do Caldeiro, assim como o trânsito dos carros de tracção animal, cuja passagem por ali era uma constante. A vida era muito, mas muito mais difícil do que é hoje. Ainda não havia água canalizada e muita gente não tinha iluminação eléctrica. Nas cozinhas, as mulheres trabalhavam com fornalhas a carvão ou fogareiros a petróleo e, de vez em quando, os bicos lá se entupiam devido às impurezas. A esmagadora maioria das casas não tinha casa de banho, tomava-se banho completo uma vez por semana, aos domingos, que era o dia de ver a Deus e os despejos, incluindo os dos penicos, faziam-se em pias, das quais muitas casas só tinham uma.
Não havia frigoríficos nem arcas congeladoras, nem supermercados, nem grandes superfícies, nem tão pouco sacos de plástico, pelo que os frangos nasciam no quintal de quem os tinha.
As idas ao talho e à praça do peixe eram por isso mais frequentes, desde que em casa houvesse dinheiro.
Nas idas ao mercado, levavam-se talegos, cestos de vime e canastras para transportar as compras. Quando se ia ao pão levava-se uma bolsa de pano. Nas mercearias, o grão, o feijão, o arroz, o açúcar, a farinha e o café eram vendidos a granel e embalados em cartuxos de papel. O sabão era vendido à barra, mas podia-se comprar qualquer quantidade que era embrulhada em papel de jornal. Para se comprar vinho, azeite ou petróleo, levava-se de casa uma garrafa provida da respectiva rolha.
Não havia Televisão e a Rádio era senhora e rainha com os seus folhetins, o futebol aos domingos e a Volta a Portugal em Bicicleta, que nos faziam vibrar com as proezas dos eternos rivais, Zé Maria Nicolau (do Benfica) e Alfredo Trindade (do Sporting).
A vida era dura, a Igreja Católica tinha uma influência muito maior na vida das pessoas que tem hoje e não se podia falar de política. Política só podia haver uma, a do único partido legal que era a União Nacional. Quem fosse contra isso, ia parar a Caxias como aconteceu ao carpinteiro José Lopes ou ao estofador Binadade Velez, meus amigos do tempo da outra senhora, seguramente aí desde os quinze anos. Nessa altura havia também quem se encarregasse de nos ensinar que a vida tinha que ser assim e ficarmos contentes com aquilo que segundo diziam, Deus nos deu.
Antes de em 1953, ir para a Escola do Caldeiro frequentar a 2º classe, andei na escola da Menina Teresinha, situada no nº 1 do Largo, nos baixos da casa onde morou o Poeta Sebastião da Gama. Do Largo ia obrigatoriamente para a catequese na Igreja de Santo André e para a formação nacionalista e paramilitar na Mocidade Portuguesa, na Rua da Cruz Vermelha. Na Igreja de S. Francisco fiz a Pimeira Comunhão, a Comunhão Pascal e a Solene, assim como o Crisma, tendo chegado a ensinar Doutrina aos mais novos, o que só foi perturbado com uma ruptura epistemológica aí pelos 12 anos, fruto da influência que a aprendizagem da História e das Ciências Naturais exerceram em mim e a que não terá também sido estranho, o convívio com dois velhos republicanos de 1910, o ferroviário Francisco Baptista, mais conhecido por Chico das Metralhadoras e o Cândido ferrador, combatente da guerra de 14-18, homem de grande corpanzil, que apesar de pacífico, dava apertos de mão como quem aperta uma tenaz. E se na Igreja tive algum êxito, ainda que efémero, até me tornar ateu, na Mocidade Portuguesa fui um completo atraso de vida, nunca passei da cepa torta, nunca passei de Lusito e nunca cheguei a Chefe de Quinas. Aquela coisa das formaturas e do marcar passo e do marchar e de fazer a saudação de braço levantado era uma grandessíssima chatice e eu não atinava com aquilo. Apenas me dava gozo a ginástica, o voleibol e o basquetebol. Mas o que é um facto, é que os tempos eram outros e as procissões e as paradas atraíam muito mais pessoas que hoje.
Grandes momentos na cidade eram as feiras como a de Maio ou Festas como as de Setembro.
No final dos ciclos de produção como as mondas, as ceifas ou a azeitona, circulava mais dinheiro pelas freguesias e pela cidade, mas em geral era tudo muito apertado, pois a maior parte do trabalho era sazonal, havia desemprego, salários de miséria e pior que tudo, tinha de se ter o bico calado.
Em alturas de crise era vulgar ver grupos de homens desempregados que iam de loja em loja, frente à qual um se destacava dentre os outros e descobrindo a cabeça, em sinal de humildade, pedia esmola em nome dos demais, agradecendo no final com um “Deus lhe pague”. Eu assisti a isso e sentia um nó no estômago.
Frente à Câmara e junto ao Café do Santos paravam os homens sem trabalho, sempre à espera de que alguém os contratasse, nem que fosse para uma única tarefa. Era então, bem amargo, o pão que Deus amassava.
No Adro do Largo do Espírito Santo funcionava a Sopa dos Pobres, que era para muitos a única tábua de salvação possível.
E esta era em traços gerais, a realidade nua e crua, não só no Largo do Espírito Santo como noutras zonas da cidade.
Permitam-me agora que vos conte algumas particularidades sobre a vida no Largo do Espírito Santo.

Torre das Couraças. Foto de Rogério Carvalho - cerca de 1940.

Ali havia um chafariz junto à fonte que ainda lá existe. Ali, eu e a miudagem do meu bando, chapinhávamos na água entre duas brincadeiras. O chafariz e a fonte eram o nosso regalo no pino do Verão. Nos anos sessenta, o chafariz foi sacrificado ao pseudo progresso, pois foi arrancado a fim de facilitar a circulação automóvel. Este foi um dos crimes de que primeiro me lembro terem sido cometidos nesta cidade. Hoje, o largo é um imenso parque de estacionamento e no local onde existia acolhedor um chafariz de água límpida, chegaram a jazer há anos, dois imundos contentores de lixo, ocupando praticamente o espaço que dantes era ocupado pelo chafariz. Tudo isto, repito, em nome do pseudo progresso.

Largo do Espírito Santo, à entrada para a Rua da Levada.
Foto de João Sabino de Matos – 1947.

Imitação da Fonte. Foto de João Sabino de Matos - cerca de 1950.

Normalmente passávamos a noite da missadura em casa da minha tia Estrela, no nº 17. Fazíamos o lume de chão para nos aquecermos e para grelharmos a chouriça, o lombinho e o toucinho das sete carnes. O pingo que escorria das missaduras era cuidadosamente aparado com nacos de pão. Até dava para nos lambermos a comer pão assim.
Por cima das nossas cabeças, o fumeiro – espécie de enfermaria para os enchidos – onde luzidias e gulosas chouriças, morcelas e farinheiras ficavam a curar, aguardando a sua vez da gente se poder repimpar com elas.
Ti Manel Alturas, o meu avô materno, tocava ronca e com a sua voz esganiçada, cantava:

"Olha o Deus Menino
Nas palhas deitado,
A comer toicinho
Todo besuntado!"

A mesa estava posta para o ritual da comezaina da noite. Pão caseiro, fruta da época, arroz doce e bolos que as mulheres atarefadas preparavam durante todo o dia. Ele era a boleima, o bolo podre, o bolo de laranja e as argolinhas que os mais crescidos empurravam com vinho doce ou com vinho abafado, depois de termos despachado a chouriça, o toucinho e os lombinhos. Tudo acompanhado com brócolos e regado com vinho da adega do Zé da Glória. E sabem o que vos digo? Não me lembro de alguma vez ter ouvido falar em colesterol.
Na lareira, crepitava o madeiro de Natal. Eu passava a noite a brincar ao pé do lume, a ouvir falar e cantar os mais velhos. Só saía dali cerca da meia noite quando me mandavam para a rua, ver o Pai Natal entrar pela chaminé. Durante muitos anos não consegui perceber a razão exacta pela qual, o bom do Pai Natal entrava precisamente na altura em que eu saía. Depois de ter percebido isto, os presentes minguaram a olhos vistos. Para vos falar disto é por que sei qual a diferença exacta que há entre os dois natais.

Largo do Espírito Santo. Foto Tony – cerca de 1950.

A Fonte do Espírito Santo. Desenho de Cruz Louro – 1939.

Largo do Espírito Santo- Foto Tony – cerca de 1950.
0
Os miúdos do Espírito Santo – foto de Manuel Gato – 1955. No 1º plano e da esquerda
para a direita: Armando Pereira, Manuel Maria Gato, Jorge (maluco) e António Maria
Craveiro. No 2º plano e da esquerda para a direita: Zé (prima do Manuel Maria), Manuel
(da avó), Rodrigo André (de mãos cruzadas), Hernâni Matos (com o braço à cintura), 
Maria Evelina Roma e Guilhermina Massano.

Nesse tempo, eu e os putos como eu, íamos no Verão tomar banho ao tanque da galega, ali na rua do Lavadouro, junto à Fonte do Espírito Santo. Ora, como o tanque era um tanque de lavagem da roupa, muitas vezes tomávamos banho em água de sabão. Outros, mais afoitos, corriam riscos maiores e iam tomar banho aos charcos das pedreiras. Mas os mais audazes eram, os que de noite ou em pleno dia, iam tomar banho ao lago do Gadanha, mesmo nas barbas da polícia, que de chanfalho na mão se aproximava pronta a infligir castigo. E como era giro, ver os putos bater a sola, dar às de Vila Diogo e deixar os polícias para trás, rubros de raiva e impotência.
Vêm-me também à memória as fogueiras dos Santos Populares que se faziam no Largo do Espírito Santo e também na rua do Almeida, entre a Adega do Zé da Glória e a fábrica de refrigerantes do Massano. Se calhar todos sabem que a Adega do Zé da Glória era onde está hoje a Adega do Isaías. Provavelmente já lá foram comer burras assadas. Talvez não saibam é o que é um pirolito de berlinde. Pois eu e os putos como eu, homens que andam por aí hoje na berlinda, sabíamos bem o que era um pirolito de berlinde. Além de dar para arrotar depois de bebido, dava para jogar ao berlinde, pois claro! Nessa época não havia brinquedos com comando a distância, nem computadores, nem joysticks, pelo que jogávamos ao berlinde, aos amalhões, à mosca, à pateira, ao botão e ao peão, pois o software da época não dava para mais. E éramos felizes no território onde o nosso bando era rei e senhor e assim aprendíamos a ser homens.
Foi ali no Largo do Espírito Santo que ao brincar, vi o destemido bombeiro Mário, mobilizado pelo toque de fogo, vir lançado de bicicleta, rua do Mau Foro abaixo, na gáspea. Falta de travões ou curva mal feita, não sei. O que é verdade é que o bombeiro Mário já não foi apagar o fogo nesse dia. Impávido e sereno, o umbral do portão da Horta do Quiton, metera-lhe a testa para dentro, marcando-lhe o rosto para o resto da vida. Alguém terá dito a propósito: “ - Devagar se vai ao longe!”.
No nº 2 – 2º morava o poeta Sebastião da Gama, natural de Azeitão e que viera para Estremoz em 1950, como professor efectivo da Escola Industrial e Comercial de Estremoz e que estabeleceu uma forte ligação afectiva com a nossa cidade, patente nos seus Poemas e no seu Diário.



Sebastião da Gama sofria de tuberculose renal, diagnosticada muito cedo e tinha consciência que ia ter uma morte prematura, por isso amou a vida e a natureza intensamente, o que se reflectiu nos seus escritos.
A 5 de Fevereiro de 1952 deixaria para sempre o Largo do Espírito Santo, 2 – 2.º, rumo ao Hospital de S. Luís dos Franceses, em Lisboa, onde viria a falecer após 2 dias de intensa agonia. Lembro-me desse fatídico dia 5 de Fevereiro de 1952, como se fosse hoje. Lembro-me de ele, meu vizinho, partir para uma viagem sem regresso.
Eu, hoje com 63 anos, um metro e noventa de altura e mais de cem quilos de peso, era um puto que usava bibe e andava numa Mestra, a Menina Teresinha, percursora das actuais Educadoras de Infância e que dava Escola no nº 1, nos baixos da Casa de Sebastião da Gama. Eu, que na época tinha veleidades ciclistas, andava de triciclo no passeio em frente da Casa de Sebastião da Gama, que me conhecia muitíssimo bem e que por vezes me fazia uma festa na cabeça, como se faz aos miúdos, sem maldade alguma.
Ainda guardo um desdobrável impresso a sépia com a sua foto e uma cabeça de Cristo crucificado, com poemas seus, que após a sua morte, foi oferecido aos amigos e aos vizinhos, em Sua Memória.
Hoje, estou aqui a falar dele e do Largo que ele tanto amava. Cinquenta e sete anos depois, é uma modesta, mas sentida evocação do puto ciclista que impunemente andava de triciclo frente à sua casa. E que ao contrário do que Veloso ouviu de Camões no Canto V dos Lusíadas, jura que nunca ouviu do Poeta o comentário. "Ouve lá, Hernâni amigo, este passeio é melhor de descer que de subir!".
É altura de terminar que a prosa já vai longa e a paciência dos leitores é inversamente proporcional ao tamanho do texto, pelo que para terminar pergunto:

- “Quem é o espírito que acode ao Largo?”

Largo do Espírito Santo – Vista Geral da Fonte e do prédio derrocado.
Foto de José Cartaxo - Maio de 2009.

Largo do Espírito Santo – Vista à saída da Rua das Freiras
Foto de José Cartaxo - Maio de 2009.

Largo do Espírito Santo – pormenor do prédio derrocado. 
Foto de José Cartaxo - Maio de 2009.

Texto publicado inicialmente em 19 de Abril de 2010.

24 comentários:

  1. Junto ao lampião, ainda, assisti a às trupes de circo, e bastantes gelados comi feitos pela srª, que já não me recordo do nome, q vivia na casa da quina, salvo erro, contigua à casa das "saqueiras". Fez 52 anos q nasci na R. do Lavadouro, nº 18 e muitos banhos tomei na galega, c/ o cheiro das vacas à mistura.
    Umm abraço pelas recordações infinitas da minha infancia nesse largo. Pois cada vez q vou a Estremoz,é sagrado a visita ao Largo Espirito Santo, e olhar com nostalgia para casa onde vivi e onde a madrinha gata, mãe do Manuel Maria P. Gato, me dava fatias de pão com banha...
    http://www.estremoztriatlo.blogspot.com/

    ResponderEliminar
  2. Na casa da esquina, morava a senhora Isabel, casada com o tio Ângelo que era carpinteiro. Eram pais da menina Teresinha que foi minha mestra escola, antes de ir para a Escola Primária do Caldeiro, em 1953.

    ResponderEliminar
  3. Um muito obrigado por partilhar estas recordações connosco.

    ResponderEliminar
  4. "Obrigado amigo Hermâni por esta lavagem de memória, saúde para si e os seus, e um obrigado por este seu blog."

    Comentário de David Milheiro no Facebook

    ResponderEliminar
  5. Amigo Hernâni
    Como deve ter reparado estou a seguir este seu tão interessante blog, sendo eu um estudioso de tudo o que seja memória popular do país. Aconteceu hoje, contudo, que tendo tentado abrir o blog, através da minha coluna de blogs (no meu blog)me apareceu uma mensagem que tinha sido removido. Fiquei mesmo preocupado, se teria acontecido alguma coisa. Felizmente, agora, deixando passar algum tempo, verifiquei em nova tentativa o que quer que fosse, que tenha ocorrido, já estava solucionado. Ainda bem.
    Continue e
    Um abraço do
    Armando Pinto
    http://longara.blogspot.com/

    ResponderEliminar
  6. Amigo Matos
    Achei formidável a tua memória.
    Por meio de uma das fotos dar para ver onde moraram os meus tios João e Celima pais do Vergilio e do Janica.
    Fico triste sempre que vou a Estremoz e deparo com esse visual.
    Aliaz essa casa em ruinas foi o motivo de um comentário meu nos Brados e até hoje me pergunto porque é uma coisa tão dificil de resolver?
    Continua com esse teu blog e tenho a certeza que terás muito mais coisas para contar
    Mil parabens.
    M.Ramos

    ResponderEliminar
  7. Hernâni
    Também eu tenho muitas recordações desse Largo. Fiz toda a escola primária na escola feminina que ficava mesmo à entrada da rua do Lavadouro. Embora tivéssemos um pátio interior para o recreio muitas vezes este era passado cá fora a saltar à corda ou, mais frequentemente, a jogar à china. Este jogo era feito no chão com 5 pedrinhas (as chinas), e obedecia a regras muito definidas. As pedras melhores eram trazidas das praias ou dos ribeiros, eram redondinhas e quem as tinha guardava-as religiosamente. Quando chegava o bom tempo todo o passeio a seguir à escola e até à casa do Dr. Álvaro Martins ficava cheio de gaiatas, de bata branca, gastando as unhas até ao sabugo no entusiasmo do jogo da china.
    A minha professora era temida por toda a classe. De tal maneira que, ao contrário do que era uso nesse tempo, as mães lhe iam pedir para não bater nas filhas a pretexto sofrerem dos nervos, do coração ou qualquer outra desculpa. Eu bem lhe dizia que também sofria do coração mas nunca deu resultado. Umas vizinhas nossas eram primas da peste e a minha mãe mandava por elas o recado de que "as que caem no chão é que se perdem...".
    De tal maneira foi bem acolhido o recado que não tenho memória de ter passado um dia em que não experimentasse a régua.
    No prédio que agora está derrubado vivia a Mafalda minha amiga e companheira de escola.
    O teu texto veio trazer-me à memória estas recordações de um tempo que apesar de tudo foi feliz e inesquecível.

    ResponderEliminar
  8. Obrigado Maria Helena pelo seu comentário. E o que aquele Largo não tem ainda para contar?

    ResponderEliminar
  9. Neste caso o tamanho do texto não tem relação directa com a paciência dos leitores, pelo menos com a minha. Gostei do que li, partilhei a nostalgia e os sentimentos que afloram no texto. Não morava naquele largo,não tinha nascido ainda naquela época, mas gostei de ver a fachada, agora remodelada da casa de uma tia minha, irmã do meu pai maquele largo. Bastantes vezes fazia caminho para casa, descendo aquele largo, passando pelo tanque das lavadeiras até chegar a casa - Horta das Laranjeiras - Ainda me lembro da imponência do edificio que agora está em ruinas, ainda me lembro de ouvir falar nas chamadas "mestras" que entretinham e ensinavam as crianças, apesar de já não ser do meu tempo. Mas recordo tudo, nem que seja de ouvir e recordo que nesse prédio em ruínas morava uma senhora que fazia bolos para "fora", para vender. A minha mãe ia muitas vezes comprar lá bolos. DE certa forma é um cantinho da cidade que a mim me traz muitas recordações e algumas emoções também.
    Tempo de alguma pobreza, mas de alguma riqueza de valores. Tempor que merece, deve ser recordado pelos estremocenses.

    ResponderEliminar
  10. Tem toda a razão. Devemos divulgar as nossas memórias, porque elas são registos de tempos idos e simultaneamente testemunhos de quem os viveu. São ainda referencias que se podem e devem partilhar com os mais novos, visando estabelecer pontes inter-geracionais.

    ResponderEliminar
  11. Muito interessante, como sempre.

    ResponderEliminar
  12. Muito interessante. Permita-me uma pequena observação: O facto de não ouvvir falar de colesterol, não implica que o colesterol não existia na altura. Afectuosamente.

    ResponderEliminar
  13. Minha mãe nasceu em 1934 e passou toda a sua juventude até casar na casa da sua tia em Vendas Novas. Com ela aprendeu o que ainda hoje são as suas especialidades no Natal; o bolo podre, bolo de laranja e as argolinhas...imagine Hernâni como fiquei ao ler a sua crónica!

    Maria Reis

    ResponderEliminar
  14. Ainda que natalícias, as argolinhas fritas são registos intemporais nas memórias de açúcar e canela das minhas papilas gustativas.

    ResponderEliminar
  15. Os meus pais ainda hoje moram na Rua Alexandre Herculano e já lá vão 39 anos. Mas é sempre bom reviver não só as nossas memórias como as de aqueles que passaram por lá antes de nós!
    Elsa Fonseca

    ResponderEliminar
  16. Este desenrolar de recordações, para quem viveu situações identicas no tempo da meninice, são um autêntico regalo.
    Mais uma lição de história que se devora com muito agrado e que não se aprende na escola.
    Os meus pais viveram alguns anos em Estremoz (na Horta do Caldeiro, onde hoje são as piscinas) e eu conheço relativamente bem a cidade.
    É realmente uma pena que se tenha destruido muita coisa e se deixe ao abandono e degradar muito do património que é de todos nós.

    ResponderEliminar
  17. Marilia Bragança Mendesterça-feira, 07 setembro, 2010

    Não conheço Estremoz mas gostei muito de ler sobre o Largo do Espirito Santo e o que esse local significa para si, e também por nos dizer que ali viveu Sebastião da Gama. Li todos os livros dele ha ja muitos anos e passei a admirar não so o Escritor mas também o Homem que ele foi. Obrigada, Sr. Hernani Matos.

    ResponderEliminar
  18. Conheço bem Estremoz, sou do concelho V.Viçosa, cumpri 4 meses de serviço Militar nessa linda Cidade, enfim adoro em especial tudo o que tem Alentejo. Sou um leitor atento a todas a públicações do professor "Hernâni Matos".

    ResponderEliminar
  19. Dizem que as pedras não falam
    Perguntem bem ao coração
    Vejam como elas embalam
    Amor, saudade,diversão

    Ainda bem que o Largo lá continua para fazer sonhar e reviver a época mais maravilhosa da vida - a nossa infância. Se não forem aqueles que o têm no coração a fazer tudo para o conseguirem reabilitar não tardará a ser mais uma perda para as futuras gerações...Adoro os temas que aborda e a forma como os revive e faz reviver ou, pelo menos, conseguir imaginá-los. Também eu recordo o meu largo, menos pomposo mas não menos valioso, o Largo do Enchido, em Aldeia do Bispo Sabugal, só tenho pena de não ter tantos dotes para o descrever...Georgina Ferro.

    ResponderEliminar
  20. Obrigado pela partilha das suas recordações, a nitidez das suas descrições permitem-nos vizualizar, direi até mesmo, "viver locais" que não conhecemos.

    ResponderEliminar
  21. Olá Hernâni . Como deves calcular não foi a primeira vêz que li este artigo sobre o nosso largo onde passamos muitos bons anos da nossa infância.
    Ler e reviver e hoje com os nossos 76 anos ainda sabe melhor. Por isso te agradeço e envio um abraço sentido do teu amigo Rodrigo.

    ResponderEliminar
  22. Rodrigo:
    Este texto, o qual regista algumas das minhas memórias de infância, das quais tu foste muitas vezes actor, foi publicado pela primeira vez nos primórdios deste blogue, em 2010. Depois integrou o meu livro "Memórias do Tempo da Outra Senhora", em 2012. Quando me dá na real gana, reedito o texto, pois é preciso lembrar o que era a vida nesse tempo. Foi o que aconteceu agora.
    Um grande abraço para ti, também. Cumprimentos à tua mulher.

    ResponderEliminar
  23. Hernâni Matos, os seus textos são óptimos para se conhecer/aprender como é a Vida.
    Tudo é amostra de que a Vida sempre foi difícil para os que querem passar melhor.
    Agora, os adolescentes e os adultos novos pensam que nas traseiras do super se fazem ovos, míscaros e tudo o mais. E sofrem da mania de se viver saudável; tão grande engano!
    Com respeito e estima,
    ao

    ResponderEliminar