quinta-feira, 25 de junho de 2015

Maria Luísa da Conceição, presente!


A barrista Maria Luísa da Conceição (1934-2015). 

A comunidade bonequeira de Estremoz está de luto. Vítima de paragem cárdio-respiratória, faleceu na madrugada do passado dia 7 de Junho, num Hospital de Coimbra, Maria Luísa da Conceição (1934-2015), que se deslocara àquela cidade, a fim de participar na XIII Feira de Artesanato. Com a sua partida, a barrística popular de Estremoz fica mais pobre.
Maria Luísa era uma pessoa muito estimada em Estremoz. Daí que o seu funeral para o cemitério local, tenha constituído uma sentida manifestação de pesar, na qual se integraram familiares, amigos, admiradores e oficiais do mesmo ofício, que lhe foram prestar uma última homenagem.
Membro do clã dos Alfacinhas, Maria Luísa da Conceição era sobrinha de  Sabina Santos (1921-2005) e filha de Mariano da Conceição (1903-1959) e de Liberdade da Conceição (1913-1990), todos barristas. Filha de peixe sabe nadar, pelo que Maria Luísa viria a ser barrista. A sua família é parte integrante da História dos bonecos de Estremoz e Maria Luísa era a Memória viva dessa História. Daí ser incomensurável a perda representada pela sua partida do nosso convívio.
O seu pai foi desde 1930, Mestre de Olaria na Escola Industrial António Augusto Gonçalves, onde sob o impulso do Director, o escultor José Maria de Sá Lemos (1892-1971), começou a confeccionar bonecos de Estremoz, após o trabalho de revitalização da sua manufactura, efectuada por Sá Lemos no período 1933-35, para o que contou com a Memória de Ti’Ana das Peles [Ana Rita da Silva (1870-1945)], que na mocidade assistira à sua feitura, tendo ainda feito os de assobio.
O pai de Maria Luísa foi convidado a participar na Exposição do Mundo Português (1940), mas não o pôde fazer presencialmente, dada a sua condição de funcionário público. Todavia, participou indirectamente, já que os bonecos confeccionados e cozidos por ele em Estremoz, eram transportados para Lisboa, onde na Exposição eram pintados por sua mulher, Liberdade da Conceição, que ali esteve presente durante todo o período do certame. O primeiro contacto de Maria Luísa com os bonecos remonta a esta época, pois com 6 anos já ajudava a mãe a pintar. Com a morte prematura do pai em 1959, é a sua tia Sabina que continua a tradição familiar, o que faz até 1988, ano em que se aposenta. Por sua vez, Liberdade, a mãe de Maria Luísa, começa a confeccionar bonecos em 1960 o que faz até ao seu falecimento, em 1990. Quanto a Maria Luísa, trabalhava na arte bonequeira, desde 1981.
Como traço importante do carácter de Maria Luísa, ressalta o orgulho que sentia em ser quem era, filha de bonequeiros, que tinha prazer em trabalhar e ir junto das pessoas, nas feiras de artesanato.
Era com emoção que falava dos bonecos de Estremoz, sempre que dava entrevistas, o que era frequente. É que Maria Luísa tinha os bonecos na massa do sangue. Aqueles que lhe saíram das mãos, tanto os do núcleo base do figurado de Estremoz, como aqueles que criou e nisso foi pródiga, são muito apreciados e apresentam marcas de identidade muito próprias e inconfundíveis, que os distinguem dos confeccionados pelos diferentes barristas, incluindo o seu pai e a sua mãe. Deixa como continuador da sua arte, o seu filho, Jorge da Conceição, cujos bonecos ostentam igualmente marcas de identidade muito próprias.
A qualidade do seu trabalho, levou a que lhe fossem atribuídos inúmeros prémios e distinções, sendo de salientar o 1º Prémio para a melhor peça de artesanato (Vila do Conde - 1991) e o 1º Prémio da Exposição de Presépios (Viana do Castelo - 2007), merecendo especial destaque a Medalha de Prata de Mérito Municipal, que lhe foi outorgada pela Câmara Municipal de Estremoz, em 2008.
Maria Luísa da Conceição concedera-me há muito, o privilégio da sua amizade e dela reúno bonecos que comecei a coleccionar desde a I Feira de Artesanato de Estremoz, em 1983. Em sua casa me recebeu inúmeras vezes, onde como estudioso me deslocava sempre que precisava de uma informação ou de um esclarecimento sobre bonecos de Estremoz. Em 2013, o seu depoimento, conjuntamente com descobertas que fiz no Arquivo da Escola Secundária e em correspondência particular, permitiram-me esclarecer aspectos menos claros da História dos bonecos de Estremoz, os quais trouxe à luz do dia, quando naquela Escola, proferi uma conferência subordinada ao tema “Mestre Mariano da Conceição (O Alfacinha), à qual ela assistiu, bem como o seu filho.
Maria Luísa da Conceição partiu, mas deixou connosco os bonecos que criou, disseminados por museus e colecções particulares. Deixou também connosco, a Memória da sua jovialidade e da sua vitalidade. De forte compleição física como seu pai, dele herdou também o gosto, a vontade e a determinação que punha em tudo o que fazia. Aos oitenta e um anos, deslocava-se sozinha no seu automóvel, a fim de participar nas feiras de artesanato, de norte a sul do país. Por isso, deu um elevado contributo para a divulgação do figurado de Estremoz.
Num momento em que decorre a candidatura dos Bonecos de Estremoz a Património Cultural Imaterial de Humanidade, para a qual muito contribuiu e da qual era entusiasta, sou levado a proclamar:
- MARIA LUÍSA DA CONCEIÇÃO, PRESENTE!

Hernâni Matos


NOTA DE RODAPÉ
Decorrido um dia sobre a edição deste post, o Grupo do PS na Assembleia Municipal de Estremoz, apresentou e viu aprovar por unanimidade a seguinte moção:
A Assembleia Municipal de Estremoz, reunida em sessão ordinária no dia 26 de Junho de 2015, manifesta o seu profundo pesar pelo falecimento da barrista Maria Luísa da Conceição, memória viva da História dos bonecos de Estremoz, de que era artesã destacada e embaixatriz itinerante.
A sua partida é uma perda irreparável e deixa a cidade mais pobre.
Como preito de homenagem a esta figura cimeira da cultura popular estremocense, a Assembleia Municipal de Estremoz, recolhe-se num minuto de silêncio em sua Memória.


Maria Luísa da Conceição comigo, no decurso duma entrevista
que me concedeu em sua casa em 2013. Fotografia de Luís Guimarães.

 Santa Catarina de Alexandria, Padroeira de oleiros e de bonequeiros.
Maria Luísa da Conceição (1934-2015).
Colecção do autor.
 Peralta.
Maria Luísa da Conceição (1934-2015).
Colecção do autor.
 Primavera de arco.
Maria Luísa da Conceição (1934-2015).
Colecção do autor

terça-feira, 23 de junho de 2015

Nova exposição permanente do Museu Municipal e fundação de Centro Unesco


Transcrevo com regozijo e com a devida vénia, 
a Notícia do Município de Estremoz, nº 2048,
de 19 de Junho de 2015.

No próximo dia 26 de Junho , pelas 10 h 30 min, será inaugurada a nova exposição permanente do Museu Municipal Prof. Joaquim Vermelho.
Esta acção é financiada pelo INALENTEJO e pretende renovar e inovar as colecções musealizadas.
Foi feita uma renovação nas salas dos Bonecos de Estremoz e Arte Popular e criado um novo espaço dedicado à Faiança de Estremoz.
Numa mesa interactiva, o visitante poderá ainda explorar o património de Estremoz.
Durante a inauguração será também apresentado o “Centro UNESCO para a Valorização e Salvaguarda do Boneco de Estremoz”, que tem como objectivos fundamentais a Valorização e Salvaguarda do património material e imaterial que constitui o Figurado de Estremoz em Barro.
Durante a cerimónia será realizada a assinatura de um Protocolo de Cooperação entre a Comissão Nacional da UNESCO e o Município de Estremoz para a criação do referido Centro UNESCO. A representar a Comissão Nacional da UNESCO estará presente o senhor Embaixador e Ministro Plenipotenciário  Jorge Lobo Mesquita, Presidente Substituto daquela Comissão.
Os Bonecos de Estremoz são um património identitário de Estremoz que necessitam de um enorme trabalho de divulgação, investigação e apresentação, de modo a que os seus intérpretes, e consequentemente o trabalho que desenvolvem, sejam reconhecidos e estimados pelos cidadãos comuns e especialistas e, principalmente, que se consigam formar novos artesãos na área da barrística, para que esta arte se perpetue.
Para alcançar os seus objectivos, o Centro UNESCO vai conduzir actividades educativas, informativas e formativas na área do património material e imaterial do Figurado local, inspiradas nos valores e princípios das Nações Unidas e UNESCO, que promovam o diálogo, favoreçam a diversidade cultural e tenham a capacidade de contribuir para a paz e para o desenvolvimento humano.
A fundação deste Centro UNESCO constitui mais um importante passo na Candidatura do Figurado de Barro de Estremoz a Património Cultural Imaterial da Humanidade.

quinta-feira, 18 de junho de 2015

Efemérides de Julho (Nova versão)


31 de Julho
A 31 de Julho de 1750 morre D. João V (1689-1750), em cujo reinado uma
corrente de renovação assolou todo o país e manifestou-se nas mais diversas
produções artísticas: arquitectura, escultura, pintura, mobiliário, ourivesaria,
talha e azulejo. Estas foram incrementadas e personalizadas por uma extensa
plêiade de artistas portugueses e estrangeiros.
30 de Julho
A 30 de Julho de 1848 foi inaugurada a iluminação a gás, na Baixa de Lisboa,
a primeira em Portugal. Cópia da Planta da Praça do Comércio, demonstrando
a forma dos passeios e distribuição dos candelabros e liras para a iluminação
a gás na mesma praça, apresentado por sua majestade a Rainha. Documento
pertencente ao fundo “Júlio de Castilho”(1840-1919) do Arquivo Nacional
da Torre do Tombo.
29 de Julho
A 29 de Julho de 1803, no reinado de D. Maria I (1734-1816) foi criada a
Academia Real de Marinha e Comércio, na dependência da Companhia Geral da
Agricultura das Vinhas do Alto Douro com a finalidade principal de formar os seus
futuros quadros técnicos. Sediada no Porto, funcionou entre 1803 e 1837, sendo
então transformada na Academia Politécnica do Porto, que esteve na origem das
actuais Faculdades de Ciências e de Engenharia da Universidade do Porto. Sede da
Academia Real da Marinha no antigo Noviciado da Cotovia, onde também funcionava
o Real Colégio dos Nobres.

28 de Julho
 A 28 de Julho de 1446 são publicadas as Ordenações Afonsinas, colectâneas de
leis promulgadas durante o reinado de Dom Afonso V (1432-1481), distribuídas
por cinco livros e que visavam esclarecer a aplicação do direito canónico e
romano no Reino de Portugal. Nunca chegaram a ser impressas durante o período
em que vigoraram, apesar da imprensa de Johannes Gutenberg (1398-1468) já
star em uso na Alemanha desde 1439. A demora na produção de cópias
manuscritas parece ter sido um dos problemas para a sua aplicação em todo o
Reino, já que a imprensa em Portugal só apareceu por volta de 1487, no Reinado
de D. Manuel I (1469-1521). A sua aplicação não foi uniforme no Reino e vigoraram
apenas até à promulgação das suas sucessoras, as Ordenações Manuelinas.
27 de Julho
A 27 de Julho de 1866 nasce, em Vale da Vinha, concelho de Penacova,
António José de Almeida (1866-1929), médico, político republicano, sexto
Presidente da República (1919-23), fundador e director do jornal República.
ANTÓNIO JOSÉ DE ALMEIDA – Retrato de Henrique Medina (1901-1989).
Museu da Presidência da República.
26 de Julho
A 26 de Julho de 1994 é inaugurado o Museu da Música na Estação do Alto dos
Moinhos, do Metro de Lisboa. O Museu da Música detém um acervo com cerca
de 1400 instrumentos, entre os quais o cravo de Joaquim José Antunes
(1731-1811), o cravo de Pascal Taskin (1723-1793), o piano Boisselot, que o
compositor e pianista Franz Liszt (1811-1886) trouxe a Lisboa, em 1845,
e o violoncelo de Antonio Stradivari (1644-1737), que pertenceu ao rei
D. Luís I (1838-1889).
25 de Julho
A 25 de Julho de 1139 travou-se a Batalha de Ourique. Nela se defrontaram as
tropas cristãs, comandadas por D. Afonso Henriques (c.1109-1185) e as
muçulmanas, saldando-se o embate por uma vitória para as hostes portuguesas.
MILAGRE DE OURIQUE (1793). Domingos Sequeira (1768–1837).
Óleo sobre tela (270 × 450 cm). Musée Louis-Philippe du Château d'Eu, France.
24 de Julho
A 24 de Julho de 1780 realiza-se a primeira sessão da Real da Academia das Ciências,
no Palácio das Necessidades, em Lisboa. A Academia foi fundada no reinado de Dona
Maria I (1734-1816) em 24 de Dezembro de 1779, em pleno Iluminismo, sendo o seu
primeiro Presidente, o Duque de Lafões (1719-1806). A Academia encontra-se, desde
1833, instalada no antigo Convento de Nossa Senhora de Jesus da Ordem Terceira de
São Francisco, edifício setecentista localizado na parte baixa do Bairro Alto, em
Lisboa. Depois da implantação da República, a instituição passou designar-se Academia
das Ciências de Lisboa.
23 de Julho
A 23 de Julho de 1951 é fundada, em Lisboa, a Liga dos Cegos de João de Deus.
JOÃO DE DEUS (1830-1896), eminente poeta lírico e pedagogo.
22 de Julho
A 22 de Julho de 1946, a revista americana “Time” publica uma reportagem
sobre Salazar e a ditadura do Estado Novo com o título "Até que ponto o melhor
de Portugal é mau". A distribuição nacional da revista é proibida.
21 de Julho
A 21 de Julho de 1542, o Papa Paulo II (1417-1471) institucionaliza a Inquisição.
Auto-de-fé promovido pela Inquisição Portuguesa na Praça do Comércio em
Lisboa, antes do terramoto de 1755. Gravura anónima do séc. XVIII.
20 de Julho
A 20 de Julho de 1955, morre em Lisboa, Calouste Sarkis Gulbenkian (1869-1965),
magnata do petróleo, coleccionador de arte, mecenas e filantropo.
19 de Julho
A 19 de Julho de 1886, morre o poeta Cesário Verde (1855-1886), com 31 anos
de idade. No ano seguinte Silva Pinto organiza “O Livro de Cesário Verde”,
compilação da sua poesia publicada em 1901. Ao retratar a Cidade e o Campo,
que são os seus cenários predilectos, no seu estilo delicado, Cesário empregou
técnicas impressionistas, com extrema sensibilidade.
18 de Julho
A 18 de Julho de 1697 morreu o Padre António Vieira (1608-1697), sacerdote
jesuíta, missionário, filósofo, escritor, orador, político e diplomata. Defensor
dos direitos dos povos indígenas do Brasil, foi também defensor dos judeus,
defendeu a abolição da escravatura e foi crítico da Inquisição. A sua obra
literária inclui mais de 200 sermões, 700 cartas, além de tratados proféticos,
relações, etc. Um dos seus mais famosos sermões é o Sermão de Santo António
aos Peixes. PADRE ANTÓNIO VIEIRA – Óleo  sobre tela (680 x 1280 mm)  de autor
desconhecido do início do séc. XVIII. Casa Cadaval, Muge.
17 de Julho
A 17 de Julho de 1877 é inaugurado o Hospital de D. Estefânia, em Lisboa. A
sua construção iniciada em 1860, foi iniciativa da Rainha Dona Estefânia de
Hohenzollern-Sigmaringen (1837-1859), mulher de D. Pedro V (1837-1861),
que numa visita ao Hospital de São José, impressionada com a promiscuidade
com que na mesma enfermaria eram tratadas crianças e adultos, ofereceu o
seu dote de casamento para que fosse construído um hospital para crianças
pobres e enfermas. A sua construção foi primorosamente planeada, tendo
D. Pedro V solicitado pareceres sobre projectos e plantas hospitalares,
elaboradas por técnicos de reconhecida competência, de locais como Londres,
Berlim e Paris. Dona Estefânia – retrato a óleo por Karl Ferdinand Sohn
(1805-1867). Palácio Nacional da Ajuda, Lisboa.
16 de Julho
A 16 de Julho de 1212 trava-se a batalha de Navas de Tolosa, perto de Navas
de Tolosa, na actual Espanha. O rei Afonso VIII de Castela (1155-1214),
liderando uma coligação com Sancho VII de Navarra (1154-1234), Pedro II de
Aragão (1178-1213), um exército de Afonso II de Portugal (1185-1223),
juntamente com cavaleiros do reino de Leão e das ordens militares de Santiago,
Calatrava, Templários e Hospitalários, derrota o Califado Almóada. BATALHA DE
NAVAS DE TOLOSA -  Pintura a óleo do século XIX, de F. P. Van Halen, exposta
no Palácio do Senado, em Madrid.
15 de Julho
A 15 de Julho de 1759, Sebastião José de Carvalho e Melo (1699-1782), Marquês
de Pombal, recebe o título de Conde de Oeiras. SEBASTIÃO JOSÉ DE CARVALHO E
MELO -  Escola Portuguesa do séc. XVIII. Óleo sobre tela (119 x 97,5 cm). Colecção
particular. 
14 de Julho
A 14 de Julho de 1901, o cirurgião Egas Moniz (1847-1955), Nobel da Medicina
em 1949, conclui o doutoramento, em Lisboa. RETRATO DE EGAS MONIZ (1932).
José Malhoa (1855-1933). Pastel sobre papel (60 x 51 cm). Faculdade de Medicina
da Universidade de Lisboa.
13 de Julho
A 13 de Julho de 1647 é criada a Aula de Fortificação e Arquitectura Militar,
na Ribeira das Naus, em Lisboa. Ribeira das Naus foi a designação dada a partir
da construção do Paço da Ribeira às novas tercenas que o rei Dom Manuel I
mandou edificar a ocidente do novo palácio real, construído sobre o local das
tercenas medievais. A Ribeira das Naus foi o maior estaleiro do Império Português.
VISTA, A PARTIR DO TEJO, DO PALÁCIO DA RIBEIRA EM LISBOA (1598). Georg Braun
and Franz Hogenberg.
12 de Julho 
A 12 de Julho de 1976, morre Simão César Dórdio Gomes (1890-1976), pintor
modernista português. ALENTEJO (1930). Simão César Dórdio Gomes (1890-1976).
Óleo sobre cartão (26,9 x  35,5 cm). Museu de José Malhoa, Caldas da Rainha.
11 de Julho 
A 11 de Julho comemora-se o Dia Mundial da População. A CEIFA NO ALENTEJO-
- Alberto de Souza (1880-1961). Aguarela sobre papel (14 x 20 cm).
10 de Julho 
No dia 10 de Julho comemora-se o Dia Mundial da Lei com a finalidade de lembrar
a importância do cumprimento do Direito, o quale remonta às primeiras civilizações
que conheceram a escrita. São marcos importantes da História do Direito, o código
do rei da Babilónia, Ur-Nammu, o código de Hamurabi, as leis das Doze Tábuas, as
leis da Roma Antiga, as leis Draconianas da Grécia Antiga, as Ordenações Afonsinas,
Manuelinas e Filipinas, a Constituição Francesa de 1791, as leis do Império (a Lei
Áurea), da República, a Declaração Universal dos Direitos do Homem, etc.
A  JUSTIÇA ENTRE OS ARCANJOS MIGUEL E GABRIEL (pormenor) – 1421. Jacobello del
Fiore (1370-1439). Têmpera sobre panel (210 x 190 cm). Gallerie dell'Accademia, Venice.
9 de Julho 
Desde 9 de Julho de 1926 que António Óscar de Fragoso Carmona (1869-1951),
como Presidente do Ministério passa a desempenhar as funções de Presidente
da República, após a demissão do General Manuel de Oliveira Gomes da Costa
(1863-1929). Viria a ser nomeado interinamente para o cargo, por decreto de
16 de Novembro de 1926. Foi o décimo primeiro presidente da República
Portuguesa (primeiro da Ditadura e primeiro do Estado Novo). CARMONA - 
etrato de Henrique Medina (1901-1989). Museu da Presidência da República.
8 de Julho 
A 8 de Julho de 1497, a Armada de Vasco da Gama parte de Belém, em Lisboa,
rumo à Índia. É composta pelas naus São Gabriel, São Rafael e Bério. Vasco da
Gamara atingirá Calecut e regressará a Lisboa em 1499. PARTIDA DE VASCO DA
GAMA PARA A ÍNDIA - Ilustração de Alfredo Roque Gameiro (1864-1935), para o
livro “Quadros da História de Portugal” editado em 1917, da autoria de Chagas
Franco e João Soares, incluindo ainda ilustrações de Alberto de Souza.
7 de Julho 

A 7 de Julho de 2007, a Torre de Belém, os mosteiros dos Jerónimos, de Alcobaça
e da Batalha, o Palácio da Pena e os castelos de Guimarães e Óbidos foram
proclamados como as Sete Maravilhas de Portugal. Tratou-se de uma iniciativa
apoiada pelo Ministério da Cultura de Portugal, organizada pelo consórcio Y&R
Brands S.A. - Realizar S.A., que visou eleger os sete monumentos mais relevante
do património arquitectónico português. A escolha recaiu em 794 monumentos
nacionais classificados pelo IPPAR, da qual foi feita uma primeira selecção
efectuada por peritos, a qual originou uma lista de setenta e sete monumentos.
Depois foi feita uma nova escolha, efectuada por um Conselho de Notáveis
constituído por personalidades de diversos quadrantes de onde saíram os vinte
e um monumentos finalistas. A partir de 7 de Dezembro de 2006, decorreu a
votação que viria a eleger os sete monumentos eleitos dos portugueses.
TORRE DE BELÉM - Construída entre 1515 e 1519, tem 30 metros de altura,
é de estilo manuelino e teve como arquitectos: Francisco de Arruda,
Francisco de Holanda, António Viana Barreto e António de Azevedo e Cunha.
6 de Julho 
A 6 de Julho de 2010, morre Matilde Rosa Araújo (1921-2010), pedagoga e
escritora especializada em literatura infantil e que enquanto cidadã se
dedicou no decorrer da sua vida aos problemas da criança e à defesa dos
seus direitos. Foi distinguida com diversos prémios literários e em 2004 foi
agraciada com o grau de Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique.
5 de Julho 
A 5 de Julho de 1852 é abolida a pena de morte para crimes políticos (artigo 16º
do Acto Adicional à Carta Constitucional de 5 de Julho, sancionado por D. Maria II
(1819-1853). D. MARIA II (1829) - Óleo sobre tela (92,4 × 71,8 cm) de Thomas
Lawrence (1769-1830). Colecção Real. Reino Unido. 
4 de Julho 
A Rainha Santa Isabel de Aragão (1270-1336), esposa de el-Rei D. Diniz (1261-1325),
faleceu no Castelo de Estremoz, com 66 anos de idade, no dia 4 de Julho de 1336,
de uma doença súbita surgida quando se dirigia para a raia em missão de
apaziguamento entre o filho, D. Afonso IV (1291-1357), e o neto, Afonso XI de
Castela (1311-1350). As virtudes da Rainha, mais tarde considerada Santa
estiveram na origem da sua beatificação por Leão X (1475-1521), em 1516,
com autorização de culto circunscrito à Diocese de Coimbra. Em 1556, o
papa Paulo IV (1476-1559) torna extensiva a devoção isabelina a todo o Reino
de Portugal. Seria o papa Urbano VIII (1568-1664), dada a incorrupção do corpo
e o relato dos milagres, quem proclamaria em 1625, a canonização de Isabel de
Aragão como Rainha Santa. SANTA ISABEL DE PORTUGAL - Aguarela de Alberto
de Souza (1880-1961).
3 de Julho 
A 3 de Julho de 1780 é fundada a Casa Pia de Lisboa pelo intendente da polícia de
D. Maria I (1734-1816), Diogo de Pina Manique (1733-1805), ficando instalada no
Castelo de S. Jorge. ALEGORIA À CASA PIA DO CASTELO - Gil Teixeira Lopes (1936- ).
2 de Julho 
A 2 de Julho de 1932, morre no exílio em TwickenhamInglaterra, o último rei
de Portugal, D. Manuel II (1889-1932), o “Bibliógrafo”, sufocado por um edema
da glote. Depois de decorridos os funerais celebrados na Catedral de Westminster,
em Londres, onde se celebram as exéquias dos monarcas e dos grandes vultos
britânicos, por determinação expressa do Governo de Salazar, D. Manuel é
transladado para Lisboa, onde tem funerais nacionais, jazendo desde 2 de Agosto
de 1932, no Panteão dos Braganças, no Mosteiro de São Vicente de Fora, em Lisboa.
1 de Julho 
A 1 de Julho de 1920 nasce em Lisboa, Amália Rodrigues (1920-1999), fadista,
cantora e actriz portuguesa, considerada a Rainha do Fado. Cantou os grandes
poetas da língua portuguesa (Camões, Bocage), além dos poetas que escreveram
para ela (Pedro Homem de Mello, David Mourão Ferreira, Ary dos Santos, Manuel
Alegre, Alexandre O’Neill. Conhece também Alain Oulman, que lhe compõe diversas
canções. Amália dá brilhantismo ao fado, ao cantar o repertório tradicional de uma
forma diferente, sintetizando o que é rural e urbano. Considerada a nossa melhor
embaixatriz, difundiu a cultura portuguesa, a língua portuguesa e o fado. Ao longo
da sua carreira recebeu inúmeras distinções: Dama da Ordem Militar de Sant'Iago da
Espada (1958),  Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada (1971), Grande-Oficial
da Ordem do Infante D. Henrique (1981),  Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant'Iago da
Espada (1990),  Ordem das Artes e das Letras (França-1990),  Légion d'Honneur
(França-1990), Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique (1998). A 6 de Outubro
de 1999, Amália Rodrigues morre em Lisboa, tendo o 1º ministro decretado Luto
Nacional por três dias. No seu funeral incorporaram-se centenas de milhares de
lisboetas que assim lhe prestam uma última homenagem. Foi sepultada no
Cemitério dos Prazeres, em Lisboa. Em 2001, o seu corpo foi trasladado para o
Panteão Nacional, onde está sepultada ao lado de outros portugueses ilustres.


Publicado inicialmente a 18 de Junho de 2015

terça-feira, 16 de junho de 2015

Exposição “EXPOSTOS DE ESTREMOZ: DA RODA AO HOSPÍCIO”


No passado dia 6 de Junho, pelas 10:00 h, teve lugar a inauguração da exposição “EXPOSTOS DE ESTREMOZ: DA RODA AO HOSPÍCIO”, na Sala de Exposições do Arquivo Municipal, no Centro Cultural Dr. Marques Crespo, na Rua João de Sousa Carvalho, em Estremoz. A mostra estará ali patente ao público até 31 de Dezembro do ano em curso, podendo ser visitada nos dias úteis das 9:00 h às 13:00 h e das 14:00 h às 18:00 h. A entrada é livre.
Arquivo Municipal de Estremoz
O Arquivo Municipal de Estremoz é uma divisão do Município onde se guarda, classifica, inventaria, estuda e preserva o património documental do Edilidade bem como documentação que tenha sido doada por particulares ou instituições do concelho. Reúne documentação de grande interesse para a História do Concelho de Estremoz desde o século XIV até à actualidade, pelo que é uma fonte de informação valiosíssima e indispensável aos serviços da autarquia, munícipes, investigadores e estudantes, já que ali se preserva a Memória do Concelho.
O Arquivo Municipal funciona no Centro Cultural Dr. Marques Crespo, na Rua Bento Jesus Caraça e está aberto ao público nos dias úteis das 9:00 h às 13:00 h e das 14:00 às 18:00h. A sua documentação pode ser consultada mediante normas estabelecidas em Regulamento próprio.
Como serviço público, o Arquivo Municipal publica Instrumentos de descrição e de estudos na área da História Local, organiza visitas guiadas, exposições e participa em projectos com Escolas, Juntas de Freguesia e Associações.
Os expostos
De acordo com o catálogo da exposição, “Em Portugal, o abandono de crianças foi objectivo de preocupações legislativas desde o século XVI. A 10 de Maio de 1783 o Intendente da Policia, Pina Manique, mandou criar as Rodas para com elas poder impedir a morte de muitos enjeitados. Assim, na Roda eram depositadas tanto crianças cujos pais eram pobres, como crianças indesejadas.
A extinção gradual das Rodas, em Portugal, deu-se com o Decreto de 21 de Novembro de 1867, substituindo-as por hospícios.
O Arquivo Municipal tem à sua guarda um grande volume de documentação sobre a temática dos expostos. Determinou dar a conhecer os estabelecimentos que em tempos existiram para acolher as crianças abandonadas do Concelho.
Faz parte desta exposição um conjunto significativo de documentos que se revestem de um valor especial por serem dotados de uma forte carga emotiva e simbólica.
Esta iniciativa do arquivo Municipal não pode deixar de ser dada a conhecer uma vez que diz respeito a uma parte importante da história local, a assistência prestada às crianças abandonadas”.
A exposição
A exposição de carácter iconográfico e documental, tem um visual agradável e está estruturada por grandes áreas: - ENQUADRAMENTO; - DA RODA AO HOSPÍCIO – ESTREMOZ; - HOSPÍCIO (localização, funcionários, inventário da mobília, roupas e objectos); - EXPOSTOS: EXPOSIÇÃO E CRIAÇÃO (a exposição, períodos do dia e locais de exposições, vestuário, sinais, idade e nome, padrinhos, admissão dos expostos no Hospício, criação pela ama-de-leite /ama de seco, despesa com o Hospício e subsídios); - COMBATE AO ABANDONO/INFANTICÍDIO E ATRIBUIÇÃO DE SUBSÍDIOS (intimidação a mulheres grávidas solteiras, subsídios e mortalidade).
Trata-se, sem dúvida, de uma excelente exposição, que revela aspectos menos conhecidos da História Local, o que é feito de forma pedagógica. Está de parabéns o Arquivo Municipal de Estremoz e estamos todos nós também, que a podemos visitar.
Um exposição a não perder.

Reconstituição da roda dos Expostos. Fotografia de Hernâni Matos.