sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Efemérides de Outubro (Nova versão)


31 de Outubro
A 31 de Outubro de 1886 ocorre a inauguração do tabuleiro superior da Ponte Luís I,
estrutura metálica com dois tabuleiros, ligando a margem norte do Porto à margem
sul de Vila Nova de Gaia, cidades separadas pelo rio Douro. A inauguração do tabuleiro
inferior só se verificaria a 31 de Outubro de 1888. O projecto foi do engenheiro belga
Théophile Seyrig (1843-1923), colaborador de Gustave Eiffel (1832-1923) na construção
da Ponte de D. Maria Pia, inaugurada a 4 de Novembro de 1877. Aspecto da construção
da Ponte Luís I, no momento em que colocavam o arco (1883). Fotografia de Emílio
Biel (1838-1915).
30 de Outubro
A 30 de Outubro de 1340, trava-se a Batalha do Salado entre Cristãos e Mouros,
junto da ribeira do Salado, na província de Cádis, no Sul de Espanha.
O desfecho foi favorável aos Cristãos, comandados por D. Afonso XI
de Castela (1311-1350) e D. Afonso IV (1291-1357) de Portugal, que derrotaram
os exércitos dos reis de Marrocos e de Granada. A contenda constituiu um dos
episódios mais importantes da Reconquista Cristã da Península Ibérica, relatado
por Luís de Camões (c.1524-1580) no canto III de “Os Lusíadas” (1572). BATALHA
DO SALADO (1917) - Aguarela de Alfredo Roque Gameiro (1864-1935).
29 de Outubro
A 29 de Outubro  assinala-se o Dia Mundial do AVC. O lema geral da campanha
é "1 em 6", expressão que alerta para o facto de que uma em cada seis
pessoas irá sofrer um Acidente Vascular Cerebral ao longo da sua vida.
28 de Outubro
A 28 de Outubro celebra-se o Dia Mundial da Terceira Idade. A efeméride,
Proclamada  pelas Nações Unidas, visa chamar a atenção do Mundo para a
Situação  financeira, social e afectiva em que se vive nessa faixa etária.
MULHER COM VÉU - Jaime Martins Barata (1899-1970).Óleo sobre tela.
27 de Outubro
A 27 de Outubro de 1949, o médico, neurologista, investigador, professor, 
político e escritor português, António Caetano de Abreu Freire Egas Moniz
(1874-1955) foi galardoado com o Prémio Nobel da Medicina de 1949,
partilhado com o suíço Walter Rudolf Hess (1881-1973), pela descoberta
da relevância da leucotomia (lobotomia) pré-frontal no tratamento de
certas doenças mentais. RETRATO DE EGAS MONIZ (1932) - José Malhoa 
(1855-1933). Pastel sobre papel (60 x 51 cm). Faculdade de Medicina da
Universidade de Lisboa.
26 de Outubro
A 26 de Outubro de 1933 morre em Figueiró dos Vinhos, José Malhoa (1855-1933),
pintor, desenhador, azulejista e professor. Foi pioneiro do Naturalismo em
Portugal, tendo integrado o Grupo do Leão, destacando-se também por ser
um dos pintores portugueses que mais se aproximou do impressionismo. Autor
entre muitas outras de: O Atelier do Artista (1893/4), Os Bêbados (1907), O
Fado (1910), Praia das Maçãs (1918), Clara (1918), Outono (1918) e Conversa
com o Vizinho (1932). O FADO (1910). José Malhoa (1855-1933), Óleo sobre
tela (150 x 183 cm). Museu da Cidade, Lisboa.
25 de Outubro
 
A 25 de Outubro de 1495, morre em Alvor, D. João II (1455-1495),  13º Rei
de Portugal, cognominado “O Príncipe Perfeito” pela forma como exerceu o
poder.  Filho de D. Afonso V (1432-14891) e de D. Isabel de Urgel, casa com
D. Leonor de Lencastre (1458-1525) a 16 de Setembro de 1473. Com a morte
de D. Afonso V (1432-1481) sobe ao trono, iniciando um grandioso reinado nos
domínios da política interna, externa e ultramarina. Internamente, orienta a
política real no sentido de centralizar o poder régio, retirando o poderio às casas
nobres. Convoca cortes em Évora (1481 e 1490) e em Santarém (1482 e 1483).
Em termos de política ultramarina, dá um notável impulso à expansão, com o
patrocínio das viagens de Diogo Cão, Bartolomeu Dias, Pêro da Covilhã e Afonso
de Paiva. Na sequência da viagem de Cristóvão Colombo, assina com Castela,
a 7 de Junho de 1494, o Tratado de Tordesilhas, pelo qual se concordava com a
divisão da terra em duas zonas de influência, o que permitiu a Portugal ao longo
do século XVI, manter a rota do Cabo e o Império do Oriente. Quanto à política
externa, D. João II, orienta-a no sentido de criar laços de amizade, realizando o
casamento de seu filho, D. Afonso, com a princesa D. Isabel, primogénita dos
Reis Católicos, mantendo a concórdia com D. Carlos VIII, rei de França, com o
duque da Bretanha e com outros príncipes da Europa. Jaz no Mosteiro de Santa
Maria da Vitória, na Batalha. ILUMINURA DA CRÓNICA D’EL-REI DOM JOÃO II.
24 de Outubro
A 24 de Outubro de 1147 dá-se a tomada definitiva de Lisboa aos mouros por
D. Afonso Henriques (1109-1185), auxiliado por Templários e Cruzados normandos,
ingleses, escoceses, flamengos e alemães. O cerco começara em Julho de 1147,
depois da tomada de Santarém e com um estratégia específica que incluía o uso
de catapultas municiadas com pedras e azeite a ferver e uma torre para facilitar
a entrada e a conquista da cidade. Após sucessivas investidas, com um inimigo
enfraquecido pela falta de víveres e recursos, dá-se a derrocada da muralha
oriental, junto das Portas do Sol, cedendo também a porta que mais tarde se
chamaria de Martim Moniz. No dia 25, D. Afonso Henriques faz a sua entrada
triunfal na cidade de Lisboa, percorrendo a zona de Alfama, Arco Escuro,
a Mesquita (hoje Sé) onde foi rezada a primeira missa e  por fim o Castelo,
anunciando a supremacia e a vitória cristã. O CERCO DE LISBOA (1917).
Aguarela de Alfredo Roque Gameiro (1864–1935).
23 de Outubro 

A 23 de Outubro de 1458, D. Afonso V (1432-1481), “O Africano”, no comando de
um exército de 25 mil homens, transportados por uma frota de 220 embarcações,
assalta a praça-forte de Alcácer-Ceguer, na costa marroquina. A praça é conquistada
após dois dias de combate. A empresa integrou-se na política de expansão ultramarina
portuguesa e nela participaram ainda o infante D. Henrique (1394-1460), o infante D.
Fernando (1433-1470), o marquês de Valença (1400-1460) e o marquês de Vila Viçosa
(1403-1478). A conquista foi possível graças à superioridade da artilharia portuguesa.
PROJECTO DE COURAÇA (Muralha que protegia o acesso à água) para a praça-forte de
Alcácer-Ceguer (Diogo Boitaca (?), 1502). Desenho a pena sobre papel (Torre do Tombo,
Lisboa.  gaveta XV, 48-26).
22 de Outubro 
A 22 de Outubro de 1689, nasce D. João V (1689-1750), que viria a ser o 24º Rei
De Portugal e que com o cognome de “O Magnânimo” reinaria entre 1 de Janeiro
de 1707 e  31 de Julho de 1750. O reinado D. João V foi rico sob um ponto de vista
cultural. No domínio das artes manifesta-se o barroco na arquitectura, mobiliário,
talha, azulejo e ourivesaria. No campo filosófico surge Luís António Verney
(1713-1792), filósofo, teólogo, padre, professor e escritor português, autor de
“O Verdadeiro Método de Estudar” (1746), um dos maiores representantes do
Iluminismo em Portugal e um dos mais famosos estrangeirados portugueses.
No campo literário sobressai o escritor e dramaturgo António José da Silva – O
Judeu (1705-1739), autor de “Guerras do Alecrim e da Manjerona” (1737). 
Durante o reinado de D. João V foi fundada a Real Academia Portuguesa de
História (1720) e introduzida a ópera italiana em Portugal (1731), deu-se início
em 1731 à construção do Aqueduto das Águas Livres, para o regular
abastecimento de água de Lisboa, a partir de Belas. Igualmente neste reinado
foi construído entre 1717 e 1730, o Palácio - Convento de Mafra, o mais
importante monumento do barroco português. D. João V (1707) – Retrato de 
Pompeo Batoni (1708-1787). Palácio Nacional da Ajuda, Lisboa. 
21 de Outubro
A 21 de Outubro de 1147, durante o cerco ao castelo de Lisboa, sob o comando de
D. Afonso Henriques (1112-1185), morre Martim Moniz, nobre cavaleiro, herói e mártir
 cristão, que ao perceber o entreabrir de uma porta no castelo dos mouros, atacou-a
individualmente, sacrificando a vida ao atravessar o seu próprio corpo no vão da mesma,
 como forma de impedir o seu fechamento pelos defensores, o que permitiu o acesso dos
companheiros, que assim conseguiram conquistar o  castelo.
20 de Outubro  
 A 20 de Abril de 1609, durante o reinado de Filipe II (1578-1621) de Portugal, a
povoação pesqueira de Peniche é elevada à categoria de vila, tendo sido efectuados
alguns reparos nas muralhas da sua Praça-forte. Em 1934 seria transformada em
prisão política de segurança máxima. Dela teve lugar a 3 de Janeiro de 1960, a
célebre "fuga de Peniche", protagonizada por Álvaro Cunhal, Joaquim Gomes,
Carlos Costa, Jaime Serra, Francisco Miguel, José Carlos, Guilherme Carvalho,
Pedro Soares, Rogério de Carvalho e Francisco Martins Rodrigues. A partir de
1984 um dos pavilhões do forte passou a alojar o Museu Municipal, no qual está
exposto património arqueológico, histórico e etnográfico. PRAÇA-FORTE DE
PENICHE – concluída por volta de 1570, ao tempo do reinado de D. Sebastião
(1557-1578).
19 de Outubro
A 19 de Outubro de 1889, morre em Cascais, D. Luís I (1838-1889), cognominado
“O Popular”, segundo filho da rainha D. Maria II (1819-1853) e do rei D. Fernando II
(1816-1885). RETRATO DE D. LUIS I (1864) -  José Rodrigues de Carvalho (1828 - 1887).

Óleo sobre tela. Museu de Aveiro. 
18 de Outubro
A 18 de Outubro celebra-se o Dia Europeu contra o Tráfico de Seres
Humanos, lançado pela Comissão Europeia em Outubro de 2007. A iniciativa visa
sensibilizar para a violação dos direitos humanos que constitui o crime de tráfico
de seres humanos. Em 1808, um jornal brasileiro publicava o seguinte anúncio:
 “Fugiu ha dois meses da fazenda de Francisco de Moraes Campos, da freguesia
de Belém, municipio de Jundiaí, provincia de São Paulo, um escravo de nome
Lourenço ,...com os sinais seguintes: idade mais ou menos 30 anos estatura regular, 
rosto comprido, bonito de feição, cabelos desgrenhados, nariz atilado, boca e beiços
mais que regulares ,sendo o beiço inferior mais grosso e vermelho, boa dentadura,
cor retinta, pouca barba, fino de corpo, tem a coroa da cabeça pelada de carregar
objectos, pernas finas, pés palhetas e pisa para fora, é muito ladino, é roceiro e muito
bom vaqueiro. Gratifica-se bem a quem pegar o dito escravo e paga-se todas as despesas
que tiver feito até à ocasião da entrega.”. (Do livro “1808” sobre História do Brasil
e de Portugal, da autoria do jornalista e escritor Laurentino Gomes (1956- ), publicado 
em 2006 pela editora Planeta e que aborda a sobre a transferência da corte portuguesa
para o Brasil, ocorrida em 1808 – Citado pelo blogue  http://blog.seniorennet.be).
17 de Outubro
A 17 de Outubro comemora-se o Dia Internacional para a Erradicação da Pobreza.
Em 2013, na sua mensagem, a Directora Geral da UNESCO, Irina Bokova, afirmou:
“A erradicação da pobreza deve ser a prioridade absoluta de qualquer política de
desenvolvimento. A extrema pobreza é um impedimento ao pleno exercício dos
direitos humanos, um obstáculo ao desenvolvimento e uma ameaça à paz. Milhões
de pessoas ainda são vítimas da fome – 842 milhões de pessoas continuaram a sofrer
de fome crónica entre 2011 e 2013. Como podemos pensar em construir paz duradoura
e desenvolvimento sustentável nessas condições? Isso é um insulto à sociedade e à
noção de dignidade humana e requer nossa atenção integral. Um salto à frente é
possível, soluções existem – começando com a educação, que abre as portas para a
inclusão social, a capacitação e o emprego.”. 
16 de Outubro
A 16 Outubro celebra-se o Dia Mundial da Alimentação, que marca a
fundação da FAO - Organização das Nações Unidas para a Alimentação
e  Agricultura, em 1945. A efeméride foi estabelecida em Novembro
de 1979 pelos países membros na 20ª Conferência daquela organização.
Constituem objectivos do Dia Mundial da Alimentação: - Alertar para
a necessidade da produção alimentar e reforçar a necessidade de parcerias
a vários níveis; - Alertar para a problemática da fome, pobreza e desnutrição
no mundo; - Reforçar a cooperação económica e técnica entre países em
desenvolvimento; - Promover a transferência de tecnologias para os países
em desenvolvimento; - Encorajar a participação da população rural, na
tomada de decisões que influenciem as suas condições de vida. O Dia Mundial
da Alimentação é comemorado em mais de 180 países e visa combater a fome
e a desnutrição que afecta cerca de 800 milhões de pessoas. De acordo com os
nutricionistas, uma alimentação equilibrada é aquela que contém alimentos
em quantidades suficientes e variadas para o crescimento e a manutenção
de um corpo saudável, já que a alimentação influencia directamente na
qualidade de vida das pessoas. Por isso em cada refeição há que comer um
alimento de cada grupo da Pirâmide Alimentar. 
15 de Outubro

A 15 de Outubro comemora-se o Dia Mundial da Mulher Rural. A data foi
Institucionalizada  pela Organização das Nações Unidas na sua 4ª Conferência
Sobre a Mulher, realizada em Pequim, em 1995, com o objectivo de elevar a
consciência mundial sobre o papel da mulher rural no fortalecimento da
sociedade, da economia em geral e das famílias em particular. A efeméride
é actualmente assinalada em cerca de 100 países. CLARA (1918). José Malhoa

(1855-1933). Óleo sobre tela (244 × 134 cm). Museu do Chiado de Lisboa.
14 de Outubro
A 14 de Outubro de 1847, nasce na freguesia de Mafamude (Vila Nova de Gaia),
António Manuel Soares dos Reis (1847-1889), que viria a ser um consagrado
escultor português, autor de obras como: - “O desterrado” (1872) – Museu
do Chiado, Lisboa; - “Estátua de Avelar Brotero” (1887) – Jardim Botânico
de Coimbra; - “Estátua de Afonso Henriques” (1888) – Guimarães.
O DESTERRADO – Bronze. Museu do Chiado, Lisboa. 
13 de Outubro
A 13 de Outubro de 1917 dá-se na Cova da Iria a 6ª Aparição da
Virgem Maria aos pastorinhos: Lúcia de Jesus dos Santos (10 anos),
Francisco Marto (9 anos) e Jacinta Marto (7 anos). Devido ao facto
de os pastorinhos terem revelado que a Virgem Maria iria fazer um
milagre neste dia para que todos acreditassem, estavam presentes
na Cova da Iria cerca de 50 mil pessoas, que de acordo com os relatos
da época, assistiram ao chamado “Milagre do Sol”. Chovia com
abundância e a multidão aguardava as três crianças nos terrenos
enlameados da serra. Lúcia descreve assim estes acontecimentos:
“Dia 13 de Outubro de 1917 – Saímos de casa bastante cedo,
contando com as demoras do caminho. O povo era em massa.
 chuva, torrencial. Minha Mãe, temendo que fosse aquele o
último dia da minha vida, com o coração retalhado pela incerteza
do que iria acontecer, quis acompanhar-me. Pelo caminho, as
cenas do mês passado, mais numerosas e comovederas. Nem a
lamaceira dos caminhos impedia essa gente de se ajoelhar na
atitude mais humilde e suplicante. Chegados à Cova de Iria, junto
da carrasqueira, levada por um movimento interior, pedi ao povo
que fechasse os guarda-chuvas para rezarmos o terço. Pouco depois,
vimos o reflexo da luz e, em seguida, Nossa Senhora sobre a carrasqueira.”
MILAGRE DO SOL – Testemunhado por milhares de pessoas na Cova da Iria,
próximo de Fátima, no dia 13 de Outubro de 1917. Fotografia da “Ilustração
Portuguesa de 29 de Outubro de 1917. 
12 de Outubro

A 12 de Outubro de 1798, nasce em Queluz, D. Pedro de Alcântara Francisco
António João Carlos Xavier de Paula Miguel Rafael Joaquim José Gonzaga Pascoal
Cipriano Serafim de Bragança e Bourbon, (1798-1834), 2º filho varão de D. João VI
(1767-1826) e de D. Carlota Joaquina (1775-1830), que viria a ser o primeiro
Imperador do Brasil, como D. Pedro I e, também, o 28º Rei de Portugal, como
D. Pedro IV, cognominado como “O Libertador” e “Rei Soldado”.
D. PEDRO IV (1834). John Simpson (1782-1847).
Óleo sobre tela. Pinacoteca do Estado de S, Paulo, Brasil.
11 de Outubro
A 11 de Outubro de 1895, pelas 5 da tarde, chega a Santiago do Cacém
o primeiro automóvel a circular em Portugal, uma viatura Panhard-Levassor,
importada de Paris por D. Jorge de Avillez, 4º Conde de Avilez, um jovem
aristocrata rural daquela vila alentejana. Tratava-se de um carro com uma
arquitectura que se viria a tornar clássica, com tracção traseira e com o
motor dianteiro longitudinal de dois cilindros em V, um V2 com 1290 cc.
O veículo havia chegado ao porto de Lisboa uns dias antes. Na alfândega
de Lisboa, ao decidirem a taxa a aplicar, hesitam entre considerar aquele
estranho objecto, máquina agrícola ou máquina movida a vapor. Acabam
por se decidir por esta última. Atravessado o rio Tejo, foi accionado o seu motor,
dando início à primeira viagem de automóvel em solo português. Foi uma viagem
dura, pois as estradas da época nada tinham a ver com as dos dias de hoje,
o carro possuía rodados de madeira e aros de ferro, atingindo apenas uma
velocidade máxima da ordem dos 15 km/h. Durante o trajecto foram muitas
as peripécias, entre elas o primeiro acidente de viação em Portugal, tendo
por vítima um burro. Posteriormente e porque na época não havia estações de
serviço para abastecimento, o proprietário do viatura resolveu atestar o depósito
com petróleo de iluminação, em vez da benzina que devia utilizar. O pobre do
carro engasgou-se e recusou-se a andar mais. Foi necessária uma limpeza do
depósito e do motor, para que a máquina voltasse a funcionar. O veículo pioneiro,
é propriedade do automóvel Clube de Portugal e encontra-se exposto no
Museu dos Transportes e Comunicações, situado no Porto. PANHARD-
-LEVASSOR DE 1895.
10 de Outubro
 A 10 de Outubro comemora-se o Dia Mundial Contra a Pena de Morte. A
efeméride é assinalada desde 2003, por iniciativa da Coligação Mundial
Contra a Pena de Morte, que congrega organizações não-governamentais
internacionais (ONG's), Organizações Jurídicas, uniões e governos locais
de todas as partes do mundo. A Coligação procura encorajar o
estabelecimento de coligações nacionais, a organização de iniciativas
conjuntas e a coordenação de esforços de pressão internacional para
sensibilizar os estados que ainda mantêm a pena de morte. OS
FUZILAMENTOS DE 3 DE MAIO DE 1808 (1814). Franciso de Goya
(1746-1828). Óleo sobre tela (104 x 136 cm). Museo del Prado, Madrid.
9 de Outubro
A 9 de Outubro 1261 nasce o futuro rei D. Dinis (1261-1325), sexto rei
de Portugal, cognominado “O Lavrador”, em virtude do impulso que deu
à agricultura e ampliação do pinhal de Leiria ou “O Rei Poeta” devido à
sua  obra literária. Filho de D. Afonso III de Portugal (1210- 1279) e da
infanta Beatriz de Castela (c. 1242-1303), foi aclamado em Lisboa em
1279, tendo subido ao trono com 17 anos. Em 1282 desposou Isabel de
Aragão (1271-1336), que ficaria conhecida como Rainha Santa. Gravura
de Dom Dinis e Dona Isabel (1791) da série “Lusitanorum Regum Ícones
Ordinis Temporum Expositae”. Lisboa, Biblioteca Nacional.
8 de Outubro
A 8 de Outubro de 1998, José Saramago (1922-2010) torna-se o primeiro
autor de língua portuguesa a ser galardoado com o Prémio Nobel de
Literatura, o qual lhe viria a ser entregue a 10 de Dezembro desse ano,
em Estocolmo, pelo rei Carlos Gustavo da Suécia. Foto "FLT-PICA".
7 de Outubro
A 7 de Outubro comemora-se o DIA NACIONAL DOS CASTELOS, efeméride
Instituída em 1984, com o objectivo de promover em todo o País, acções
que visem a reflexão sobre o Património fortificado, uma vez que os castelos,
testemunhos da memória colectiva dos povos, constituem uma valorosa
referência arquitectónica, histórica, cultural e simbólica de uma comunidade.
Neste dia são desenvolvidas actividades pedagógicas e lúdicas inteiramente
dedicadas ao mundo dos castelos, para miúdos e graúdos, explorando as suas
características próprias e evocando histórias, personagens e acontecimentos.
Outrora os castelos tinham funções defensivas e residenciais. Hoje perpetuam
as memórias de um povo "conquistador" e fazem parte do imaginário infantil,
tantos nos contos de princesas como nas construções de areia que o mar teima
em derrubar. CASTELO DE ESTREMOZ.
6 de Outubro
A 6 de Outubro de 1999 morre em Lisboa, Amália Rodrigues (1920-1999), fadista, cantora
e actriz portuguesa, considerada a Rainha do Fado. Cantou os grandes poetas da língua
portuguesa (Camões, Bocage), além dos poetas que escreveram para ela (Pedro Homem
de Mello, David Mourão Ferreira, Ary dos Santos, Manuel Alegre, Alexandre O’Neill.
Conhece também Alain Oulman, que lhe compõe diversas canções. Amália dá brilhantismo
ao fado, ao cantar o repertório tradicional de uma forma diferente, sintetizando o que é
rural e urbano. Considerada a nossa melhor embaixatriz, difundiu a cultura portuguesa,
a língua portuguesa e o fado. Ao longo da sua carreira recebeu inúmeras distinções: Dama
da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada (1958), Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da
Espada (1971), Grande-Oficial da Ordem do Infante D. Henrique (1981), Grã-Cruz da Ordem
Militar de Sant'Iago da Espada (1990), Ordem das Artes e das Letras (França-1990),
Légion d'Honneur (França-1990), Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique (1998). A 6 de
Outubro de 1999, Amália Rodrigues morre em Lisboa, tendo o 1º ministro decretado Luto
Nacional por três dias. No seu funeral incorporaram-se centenas de milhares de lisboetas
que assim lhe prestam uma última homenagem. Foi sepultada no Cemitério dos Prazeres,
em Lisboa. Em 2001, o seu corpo foi trasladado para o Panteão Nacional, onde está sepultado
ao lado de outros portugueses ilustres.
6 de Outubro
Só a 6 de Outubro de 1910 é que a República é proclamada no Porto. Proclamação
da  implantação da República na Praça de D. Pedro, actualmente Praça da Liberdade.
5 de Outubro
O derrube da Monarquia a 5 de Outubro de 1910 foi fruto da acção doutrinária
e política do Partido Republicano Português, criado em 1876 e cujo objectivo
essencial foi desde o princípio, a substituição do regime. As questões ideológicas
não eram primordiais na estratégia dos republicanos, uma vez que para a maioria
dos seus simpatizantes, bastava ser contra a Monarquia, a Igreja e a corrupção
política dos partidos tradicionais. Com a queda da Monarquia a 5 de Outubro de
1910, há uma mudança de paradigma. Uma Monarquia com oito séculos é
substituída por uma República que tomou o poder nas ruas de Lisboa e depois
de o proclamar às varandas da Câmara Municipal, o transmitiu para a província
à velocidade do telégrafo. As instituições e símbolos monárquicos (Rei, Cortes,
Bandeira Monárquica e Hino da Carta) são proscritos e substituídos pelas
instituições e símbolos republicanos (Presidente da República, Congresso da
República, Bandeira Republicana e A Portuguesa), o mesmo se passando com a
moeda e as fórmulas de franquia postais. 5 DE OUTUBRO DE 1910 -  Proclamação
da República Portuguesa das varandas da Câmara Municipal de Lisboa.
4 de Outubro
A 4 de Outubro comemora-se o Dia Mundial dos Animais. A data foi escolhida
em 1931 no decurso de uma convenção de ecologistas que teve lugar em
Florença. A escolha resultou de o dia 4 de Outubro ser o dia de São Francisco
de Assis, o santo padroeiro dos animais. A efeméride visa: - Sensibilizar a
população para a necessidade de proteger os animais e a preservação de
todas as espécies; - Mostrar a importância dos animais na vida das pessoas;
- Celebrar a vida animal em todas as suas vertentes. Tomás José da Anunciação
(1818-1879). Óleo sobre madeira (33 x 47 cm). O SENDEIRO (1856).Museu do
Chiado – Museu Nacional de Arte Contemporânea, Lisboa.
3 de Outubro
A 3 de Outubro de 1911 morre com a idade de 33 anos, Carolina Beatriz Ângelo
(1878 -1911), médica e feminista portuguesa, que foi a primeira mulher portuguesa
a exercer o direito de voto, nas Eleições Constituintes da I República, a 28 de Maio
de 1911.
2 de Outubro
A 2 de Outubro comemora-se o Dia Mundial da Não-Violência, dia decretado
Pela Assembleia-geral da Organização das Nações Unidas, tendo como
Objectivos gerais, a promoção da paz e da tolerância e luta contra o uso da
força na resolução de conflitos. Neste dia, o apelo à não-violência é reforçado
pela ONU, assim como o respeito entre países e povos, que consta da Carta das
Nações Unidas. A data foi criada pela ONU em homenagem a Mahatma Gandhi
(1869-1948), nascido nesse dia no ano de 1869, na Índia. Mahatma Gandhi foi
um dos maiores líderes pacifistas da história, conduzindo multidões a conhecer
e a praticar o significado da não-violência, na sua luta pela independência da
Índia.
1 de Outubro
A 1 de Outubro de 1833 morre em Lisboa, a cantora lírica Luísa Todi (1753-1833),
a meio-soprano portuguesa mais célebre de todos os tempos, elogiada pela
imprensa  nacional e estrangeira, pelas suas as capacidades vocais, o relevo que
dava à expressividade e à emoção na caracterização das personagens que
interpretava, cantando com a maior perfeição em francês, inglês, italiano e
alemão. Cantou em Lisboa pela primeira vez em 1770, estreou-se em 1771 na
corte portuguesa da futura D. Maria I e cantou no Porto entre 1772 e 1777.
No estrangeiro, Londres, Paris, Berlim, Turim, Varsóvia, Veneza, Viena,
São Petersburgo foram algumas das cidades em que Luísa Todi passou longas
temporadas, alcançando assinaláveis êxitos e convivendo de perto com a
aristocracia europeia, como Frederico II da Prússia e Catarina II da Rússia.
Até 1793 andou em tournée pela Europa e foi já com 40 anos de idade que
voltou a Portugal para cantar nas festas da filha primogénita do príncipe
regente, futuro D. João VI. Em 1799 terminou a sua carreira internacional
em Nápoles. LUÍSA TODI (1785). Vigée-Le Brun (1755-1842). Óleo sobre
tela. Museu da Música, Lisboa.


















































































































































Hernâni Matos 

quarta-feira, 27 de agosto de 2014

Estremoz - Defesa do Património - 1

Antiga Casa da Câmara / Casa do Alcaide-Mor em Estremoz, situada na Rua do Arco de
Santarém, junto da porta medieval denominada Arco ou Porta de Santarém - Fotografia
de Rogério de Carvalho (1915-1988) de finais dos anos 30 do séc. XX. Arquitectura
político-administrativa e residencial, manuelina, mudéjar setecentista. Edifício
modesto,  apenas marcado pela composição da frontaria, nomeadamente as janelas
manuelino - mudéjares. Elementos setecentistas como a janela ao lado do pórtico e
a varanda com balaustrada joanina. O interior da casa encontra-se em ruínas, não
restando qualquer cobertura ou estrutura e na actualidade a fachada ameaça abater.
MN - Monumento Nacional, Decreto n.º 9.842, DG, 1.ª série, n.º 137 de 20 de Junho
1924 / ZEP, Portaria, DG, 2.ª série, n.º 52, de 2 de Março de 1972.  

Os atentados que ao longo dos anos têm sido perpetrados impunemente contra o património cultural em Estremoz, impelem-me a passar em revista a acção das estruturas associativas de defesa do património cultural.
1 - Grupo dos Amigos de Estremoz — Associação de Defesa do Património Natural e Cultural
Hoje inactivo e com picos de actividade centrados nos anos 60 do século passado. Ligado à política reformadora do Presidente da CME, Dr. Luís Pascoal Rosado (1922-1971). Os seus objectivos incluíam: - Promover a defesa e conservação do meio ambiente nos aspectos paisagísticos, monumentais, artísticos e outros que mais o caracterizam e individualizam; - Promover e restaurar costumes, tradições, festas, feiras e romarias com características locais e regionais; - Promover a valorização urbanística da cidade e seu termo no respeito pelos valores herdados ao longo de séculos;
2 – Núcleo de Dinamização Cultural de Estremoz 
Liderado por Joaquim Vermelho (1927-2002), trabalhou com a Missão UNESCO e o seu conselheiro Per-Uno Ägren, de 1977 a 1980. Ao Núcleo pertenceram também, entre outros, Francisco Rodrigues, Maria Luzia Margalho, Vitor Trindade e Manuel Ferreira Patrício. O Núcleo desenvolveu acções em Santa Vitória do Ameixial, de onde Francisco Rodrigues era natural. Esse trabalho abordou temas como: - O Trajo de Trabalho e de Festas; - Cantadores de Almas; - Carnaval à moda Antiga; - Festas do Padrão; - Encontros de Cantadores Populares; para além disso, o Núcleo de Dinamização Cultural editou obras como: - As Décimas do Padrão; - Cantadores das Almas; - Cancioneiro I; - Lendas e outras Histórias; - A Memória das ruínas da vila romana de Santa Vitória do Ameixial; - O Falar das Mãos – Joaquim Carriço Rolo um artesão da madeira e do chifre; - O Falar das Mãos – Camões e os poetas populares; - Os campos do Ameixial; - Pequeno Guia da Barrística Estremocense nas colecções do Museu Municipal de Estremoz. Foi um trabalho notável para a época e em múltiplos aspectos um trabalho pioneiro.

(Continua)


domingo, 24 de agosto de 2014

António Telmo e o bilhar


ANTÓNIO TELMO E O BILHAR.
Peça da barrística popular estremocense criada pelas Irmãs Flores e por Ricardo Fonseca.
Exemplar pertencente ao acervo da Sociedade Recreativa Popular Estremocense.


Palavras de Hernâni Matos proferidas na Homenagem a António Telmo
promovida pela Sociedade Recreativa Popular Estremocense no dia 23
de Agosto de 2014.

À laia de justificação
Creio seguramente que, neste preciso instante e nesta sala, alguns dos presentes estarão a perguntar a si próprios:
- O que é que este sujeito está aqui a fazer? Ele não era amigo, nem tão pouco discípulo de António Telmo, não frequentava a Tertúlia do Café Águias de Ouro, não é jogador de bilhar, nem pertence ao Círculo António Telmo. Porque é que o fulano está aqui?
Passo a responder:
- Estou aqui pela razão exacta de não ser nenhuma dessas coisas. É que António Telmo não se esgotava no conjunto daquelas vertentes.
Ao longo da sua permanência em Estremoz, António Telmo teve escassa interacção comigo, mas foi quanto bastasse para eu perceber a consideração que nutria por mim, à qual naturalmente sempre correspondi, não por mera questão de cortesia, mas por reconhecer a sua grande envergadura intelectual e admirar o seu gosto pela autonomia e pela liberdade de pensamento. Foi essa força indomável e insubstituível do seu pensamento que me levou a vir hoje aqui, testemunhar o apreço que tenho pela sua vida e pela sua obra e dedicar-lhe com humildade as palavras que se seguem.
Falemos de bilhar
Na minha família existe há muito um intenso fascínio pelo jogo de bilhar.
Meu pai, alfaiate particular de António Telmo, tinha, tal como ele, o jogo na massa do sangue. Era exímio praticante de bilhar, exercício que praticava na Sociedade de Artistas Estremocense e no Café Alentejano.
Nos anos sessenta do século passado, aquele Café encerrava as portas às duas da madrugada, hora até à qual se podia jogar bilhar, xadrez e mahjong. Entre os seus parceiros destes jogos, estava o tenente Graça Gonçalves, combatente da 1ª Grande Guerra Mundial e dentista de profissão, em cuja morada actualmente resido. O seu consultório de tortura é hoje a minha pacífica sala de estar.
A minha memória do jogo de bilhar remonta aos quatro anos de idade. Nessa época, o meu tio paterno, recruta em Elvas, sempre que podia vinha passar o fim-de-semana connosco e levava-me a passear com ele. Escusado será dizer que o fascínio pelo bilhar, que ele também partilhava com o meu pai, o conduzia inevitavelmente ao Café Alentejano, onde existia então uma sala de jogo com duas mesas de bilhar. E foi nessas circunstâncias que, certo dia de Carnaval, trajado de lavrador, com farpela confeccionada pelo meu pai, me vejo ali a assistir a um jogo de bilhar. Os jogadores pertenciam à fina-flor das tacadas, pelo que o meu tio seguia entusiasmado a partida. Dali não resultaria mal nenhum, não se tivesse dado o caso de eu ter sido acometido por forte dor de barriga, que me levou a implorar-lhe:
- Tio leve-me à retrete, que eu quero fazer cocó!
A resposta foi peremptória:
- Está sossegado rapaz, deixa-me lá acabar de ver esta jogada!
É claro que eu, gaiato de palmo e meio, obedeci ao meu tio. Os meus intestinos é que não, pelo que acabei por me borrar pelas pernas abaixo. Contrariado, o meu tio acabou por não ver o fim da jogada e lá teve de me levar para casa, a fim de a minha mãe me lavar. Nessa altura, eu já não tinha necessidade de evacuar, tinha era de ser evacuado urgentemente da sala de jogos, onde o chão e a atmosfera ficaram assinalados pelos meus intensos e infantis fedores fecais.
Eu morava então numa casa na rua da Misericórdia, que depois foi derrubada para ampliar o edifício dos Correios. O caminho ainda foi longo, pois tivemos que contornar a vetusta Igreja de Santo André, que ainda não tinha sido derrubada às ordens do Ditador, para ali erguer o mostrengo que é o actual Palácio da Justiça. Ao longo desse trajecto que parecia não ter fim, eu ia deixando marcas da minha passagem. Chegado a casa, o meu tio ouviu das boas e a minha mãe lá teve que me dar banho numa banheira da época, que era um avantajado alguidar de zinco, estrategicamente disposto na sala de arrumações. É pois compreensível que aquele jogo de bilhar tenha perdurado como forte registo da minha memória.
Mais tarde e já na juventude, o meu pai procurou iniciar-me nos jogos, entre eles o jogo de bilhar. Todavia, contrariando o adágio, filho de peixe não soube nadar, pelo que nunca passei dum péssimo jogador.
Na Universidade formei-me em Física, que grosso modo é uma espécie de râguebi da Ciência, onde só cabem os duros. Foi então que interiorizei a Física e a Matemática do bilhar, das quais passei testemunho ao Manuel, filho do António Telmo, de quem fui professor na Escola Secundária de Estremoz. Comigo, ele trabalhou as noções de momento linear e de momento angular de um corpo, a teoria das colisões, as leis da conservação e de variação do momento angular de um corpo, bem como o teorema da energia cinética. A aprendizagem do Manuel foi fácil, já que o terreno era fértil. Como opção de vida, o Manuel tornou-se seareiro numa área que também foi minha e, curiosamente, no bilhar seguiu também as minhas pisadas, que não as do pai.     
Quanto a mim e como já disse, apesar de dominar a Física e a Matemática do bilhar, sempre fui péssimo praticante do “jogo de perícia e de saber que António Telmo tanto amava e de que foi praticante emérito”, como nos diz Armando Alves, seu amigo e companheiro de jogo.  
Pessoalmente, julgo que me faltam a perícia e o saber-fazer no jogo abordado por Camilo Castelo Branco em “Aventuras de Basílio Fernandes Enxertado”, por Eça de Queirós em “Os Maias” e por Alberto Pimentel em “O Lobo da Madragoa”.
A propósito do jogo do bilhar, existe um texto colhido em “Viagem a Granada”, onde António Telmo se entrevista a si próprio, dizendo a certa passo: “…o bom jogador tem de concertar entre si, antes de dar a pancada, mentalmente já se vê, cinco factores: a força com que a bola é impelida, o efeito que se dá na bola, a quantidade de volume a apanhar da bola que primeiro visamos tendo em conta as posições angulares, o ponto da tabela onde a nossa bola vai bater, e tudo isto numa apreensão sintética que implica uma concentração perfeita para que a jogada resulte”.
Mas o que é isto? Vindo lá de cima, onde António Telmo parece estar a jogar bilhar com o meu pai, estou a ouvir uma conversa onde o primeiro diz: 
- Amigo Matos, o seu rapaz é um artista das palavras, tal como você o foi dos fatos. Porém, a conversa já vai longa...
E agora António Telmo está a dirigir-se directamente a mim, proclamando:
- Oh Matos filho, são quase horas de almoço e todos estão fartos de o ouvir falar. Despache lá a conversa e depois vá “dar uma volta ao bilhar grande!”
É claro que não posso ficar indiferente a esta Mensagem, pelo que peço à Maria Antónia, amor da sua vida, que descerre o retrato de João Albardeiro que a Direcção da Sociedade Recreativa Popular Estremocense, em boa hora deliberou colocar aqui para assinalar e perpetuar a passagem de António Telmo por esta casa, da qual foi um animador incansável do jogo de bilhar e um notável jogador, cujas tacadas deleitaram quem o viu jogar. Casa onde ele soube também interpretar o simbolismo oculto do rico património azulejar das salas, que o levou a concluir estar em presença duma loja de São João.
Para o António Telmo, que nos está a ver e a ouvir lá em cima, peço uma calorosa salva de palmas.

Publicado inicialmente em 24 de Agosto de 2014

sábado, 23 de agosto de 2014

António Telmo homenageado em Estremoz

 O  retrato de António Telmo no Café Águias de Ouro em Estremoz, local onde foi animador incansável
de uma Tertúlia.


Fotografias de Francisca de Matos

Por iniciativa do Círculo António Telmo e da Sociedade Recreativa Popular Estremocense tiveram início hoje em Estremoz, as Comemorações do IV Aniversário do Falecimento de António Telmo (1927-2010), filósofo, escritor e professor, figura cimeira da Cultura e da Filosofia Portuguesa. Assim, pelas 9 horas, na Sociedade Recreativa Popular Estremocense, teve inicio o II Torneio de Bilhar “António Telmo“, que se prolongou até às 17 horas.
Pelas 11 horas, foi descerrado o retrato de António Telmo no Café Águias de Ouro, local onde foi animador incansável de uma Tertúlia. Presentes para além de tertulianos e de membros do Círculo António Telmo, amigos e simples populares. De registar a presença de António Serrano, Chefe de Gabinete do Presidente da Câmara, em representação deste e da Vereadora do Pelouro da Cultura. Presentes também Nuno Rato, Presidente da Assembleia Municipal e José Maria Ginja, Presidente da Junta de Freguesia de Estremoz. Usaram da palavra, Inácio Balesteros, Presidente do Circulo António Telmo e o Professor Doutor Manuel Ferreira Patrício, amigo íntimo do homenageado. De permeio, o poeta Mateus Maçaneiro declamou um soneto de sua autoria, dedicado a António Telmo.  
Pelas 12 horas, teve lugar o descerrar do retrato de António Telmo na Sociedade Recreativa Popular Estremocense, onde como associado foi praticante emérito de bilhar, esse jogo de perícia e saber que ele tanto amava. Usaram da palavra Ilídio Saramago, Presidente da Sociedade Recreativa Popular Estremocense e o Professor Hernâni Matos em nome pessoal. Seguiu-se o almoço em que participaram cerca de quatro dezenas de pessoas.
Amanhã pelas 9 horas no mesmo local, continuará o Torneio de Bilhar, que se prolongará até às 17 horas e no qual estará em disputa “O jogador de bilhar”, um novo boneco de Estremoz criado pelas Imãs Flores e por Ricardo Fonseca.


 Mateus Maçaneiro declamando o soneto que dedicou a António Telmo.
 Um aspecto dos presentes no Café Águias de Ouro.
Outro aspecto dos presentes no Café Águias de Ouro. 
 Novo aspecto dos presentes no Café Águias de Ouro. 
 Mais um aspecto dos presentes no Café Águias de Ouro. 
Um novo aspecto dos presentes no Café Águias de Ouro.  
 O Professor Hernâni Matos no uso da palavra. na Sociedade Recreativa Popular Estremocense.
Em primeiro plano, a Mesa de Honra.
Os livros publicados por António Telmo estiveram em exposição no local onde foi descerrado
o seu retrato.
 Ilídio Saramago, Presidente da Sociedade Recreativa Popular Estremocense e Maria Antónia Vitorino,
viúva do homenageado no acto de descerramento do seu retrato.
 Um aspecto dos participantes no almoço.
 Outro aspecto dos participantes no almoço.
O troféu em disputa no II Torneio de Bilhar "António Telmo".

sábado, 16 de agosto de 2014

A corrida

 A corrida (2002).
Jennifer Walton.
 Óleo sobre tela (76 x 153 cm).
Colecção particular.
  
Já fui corredor de fundo. Hoje corro com a mente, porque as pernas não me deixam correr. Perdi a capacidade de chorar e de sorrir. Todavia, procuro seguir em frente. Até quando? Não sei...