domingo, 27 de abril de 2014

Estremoz - Comemorações Populares do 25 de Abril de 2014


Hernâni Matos, em nome da Comissão Promotora das Comemorações, na intervenção de Homenagem
ao Esquadrão do RC3 que participou nas operações militares do 25 de Abril de 1974.

Tiveram lugar no passado dia 25 de Abril, as Comemorações Populares do 25 de Abril, em Estremoz. Estas foram da iniciativa duma Comissão Promotora integrada por um grupo de cidadãos e cidadãs do concelho, procurando corresponder às aspirações da população, que entendeu que não se poderia ficar indiferente àquela data, Para tal lançou um Manifesto que foi subscrito por centena e meia de pessoas, de diversos escalões etários e pertencentes a um espectro largo sob um ponto de vista social e ideológico.
As Comemorações tiveram início pelas 11 horas, junto ao RC3, onde se concentraram populares. Presentes, o Comandante do RC3, Coronel Fé Nabais, o Sargento-Mor Francisco Brás, que comandava em 1974, o 1º Pelotão de Reconhecimento do Esquadrão do RC3 que participou nas operações militares do 25 de Abril de 1974. Presentes ainda outros militares e membros da Comissão Promotora das Comemorações.
A Cerimónia começou por uma intervenção de Homenagem ao Esquadrão do RC3 que participou nas operações militares do 25 de Abril de 1974. A alocução foi proferida por Hernâni Matos, em nome da Comissão Promotora das Comemorações e teve por base a cronologia dos acontecimentos, sustentada por documentos do MFA, muito em especial o Relatório da Operação “25 de Abril de 74”, subscrito pelo Capitão Andrade Moura Comandante do Esquadrão do RC3 que interveio nas operações militares do 25 de Abril, bem como pelo Coronel Caldas Duarte, Comandante do RC3. A terminar o seu discurso, declarou que a população de Estremoz, hoje como ontem, está grata aos militares que nos restituíram a liberdade. Daí a razão da Homenagem ao Esquadrão do RC3 que participou nas operações militares do 25 de Abril de 1974. Para ele, ali representado pelo Sargento-Mor Francisco Brás e para o RC3 ali representado pelo Comandante Coronel João Nabais, pediu uma calorosa salva de palmas, o que foi correspondido vibrantemente pelos presentes. 
Findo o seu discurso, aquele membro da Comissão Promotora das Comemorações fez entrega ao Comandante do RC3, Coronel Fé Nabais, de um diploma que funciona como testemunho de gratidão da população de Estremoz pela participação de um Esquadrão do RC3 nas operações militares do 25 de Abril de 1974. Seguidamente, José Domingos Ramalho, António Ramalho e Martinho Torrinha, também da Comissão Promotora das Comemorações fizeram entrega ao Coronel Fé Nabais, de três bonecos de Estremoz - O Lanceiro, Sargento no Jardim e Sargento -  pertencentes à galeria de bonecos do séc. XIX, destinados a perpetuar na galeria de troféus do RC3, a gratidão da população de Estremoz, pela participação do RC3 nas operações militares do 25 de Abril de 1974. 
O Comandante do RC3, Coronel Fé Nabais, proferiu então palavras de reconhecimento pela Homenagem da População de Estremoz, face à participação de um Esquadrão do RC3 nas operações militares do 25 de Abril de 1974.
A finalizar, foi entoada “Grândola Vila Morena”, canção de Zeca Afonso, que à meia-noite e vinte de 25 de Abril de 1974, funcionou como “senha” definitiva na Rádio Renascença, servindo para informar todos os quartéis e militares que aderiam ao MFA, de que tudo estava preparado e a correr conforme o previsto. 
A cerimónia terminou com todos os presentes cantando o Hino Nacional.
Em continuação, os presentes deslocaram-se para a zona do Mercado do Lago, onde ocorreu uma intervenção a cargo do jovem Tiago Câmara Pereira, a que se seguiu declamação de poesia de Abril pelos seus autores e por declamadores.
Cerca das 12 horas e 30 minutos, foi a partida para o Restaurante Regional no Rossio Marquês de Pombal, onde decorreu um almoço de convívio que contou com a participação de 122 pessoas. No início, houve intervenções de alguns dos presentes sobre o 25 de Abril e no final declamou-se novamente poesia de Abril. Para encerrar as Comemorações, cantou-se novamente “Grândola, Vila Morena”, com a firme convicção que o saldo das Comemorações foi bastante positivo, bem como “25 DE ABRIL SEMPRE, FASCISMO NUNCA MAIS!”


Reportagem fotográfica de Luís Mariano, Maria do Céu Pires e Odete Ramalho

 Hernâni Matos, da Comissão Promotora das Comemorações, no acto de entrega ao Comandante do
RC3, Coronel Fé Nabais, de um diploma que funciona como testemunho de gratidão da população
de Estremoz pela participação de um esquadrão do RC3 nas operações militares do 25 de Abril de
1974.
  José Domingos Ramalho, da Comissão Promotora das Comemorações, no acto de entrega ao
Comandante do RC3, Coronel Fé Nabais, de um boneco de Estremoz, “O Lanceiro”, pertencente
à galeria de bonecos do séc. XIX e destinado a perpetuar na galeria de troféus do RC3, a gratidão
da população de Estremoz, pela participação do RC3 nas operações militares do 25 de Abril de 1974.
 António Ramalho, da Comissão Promotora das Comemorações, no acto de entrega ao Comandante do
RC3, Coronel Fé Nabais, de um boneco de Estremoz, “Sargento no Jardim”, pertencente à galeria de
bonecos do séc. XIX e destinado a perpetuar na galeria de troféus do RC3, a gratidão da população de Estremoz, pela participação do RC3 nas operações militares do 25 de Abril de 1974. Ao lado do Coronel
Fé Nabais, o Sargento­-Mor Francisco Brás, que comandava em 1974, o 1º Pelotão de Reconhecimento
do Esquadrão do RC3, ostenta com orgulho, o diploma entregue ao RC3.
 Martinho Torrinha, da Comissão Promotora das Comemorações, no acto de entrega ao Comandante
do RC3, Coronel Fé Nabais, de um boneco de Estremoz, “O Sargento”, pertencente à galeria de
bonecos do séc. XIX e destinado a perpetuar na galeria de troféus do RC3, a gratidão da população
de Estremoz, pela participação do RC3 nas operações militares do 25 de Abril de 1974.
 
O Comandante do RC3, Coronel Fé Nabais, proferindo palavras de reconhecimento pela Homenagem
da População de Estremoz, face à participação de um Esquadrão do RC3 nas operações militares do
25 de Abril de 1974.
 Aspecto da concentração popular junto à Porta de Armas do RC3.
Aspecto da concentração popular junto à Porta de Armas do RC3. Em primeiro plano e do lado direito,
o estandarte da Liga dos Combatentes.
  Aspecto da concentração popular junto à Porta de Armas do RC3.
ESTREMOZ PRESENTE NA HORA DA LIBERTAÇÃO – Exposição de reportagem fotográfica de Rogério de Carvalho (1915-1988), sobre o regresso a Estremoz dos heróis do RC3, no dia 27 de Abril de 1974,
após cumprirem com êxito a missão atribuída. Patente ao público na Porta de Armas do RC3. 
 PORTUGAL ANTES DE ABRIL DE 1974 – Exposição no Mercado do Lago.
 PORTUGAL ANTES DE ABRIL DE 1974 – Exposição no Mercado do Lago.
 PORTUGAL ANTES DE ABRIL DE 1974 – Exposição no Mercado do Lago.
 PORTUGAL ANTES DE ABRIL DE 1974 – Exposição no Mercado do Lago.
PORTUGAL ANTES DE ABRIL DE 1974 – Exposição no Mercado do Lago. 
PORTUGAL ANTES DE ABRIL DE 1974 – Exposição no Mercado do Lago. 
 PORTUGAL ANTES DE ABRIL DE 1974 – Exposição no Mercado do Lago.
 PORTUGAL ANTES DE ABRIL DE 1974 – Exposição no Mercado do Lago.
 PORTUGAL ANTES DE ABRIL DE 1974 – Exposição no Mercado do Lago.
 Cravos vermelhos presentes na concentração do Mercado do Lago.
No Mercado do Lago, uma faixa proclamava que: 25 DE ABRIL SEMPRE, FASCISMO NUNCA MAIS! 
 Intervenção do jovem Tiago Câmara Pereira na concentração junto ao Mercado do Lago.  
 
 Aspecto da concentração popular no Mercado do Lago.
Aspecto da concentração popular no Mercado do Lago. 
 Aspecto da concentração popular no Mercado do Lago.
 Aspecto da concentração popular no Mercado do Lago.
 Aspecto da concentração popular no Mercado do Lago.
 Aspecto da concentração popular no Mercado do Lago.
 Maria Helena Alves declamando no Mercado do Lago.
  Maria Manuela Fidalgo Marques declamando no Mercado do Lago.
 António Simões declamando no Mercado do Lago.
 José Banha declamando no Mercado do Lago.
Mateus Maçaneiro declamando no Mercado do Lago. 
 Renato Valadeiro declamando no Mercado do Lago.
 Aurélio Buinho declamando no Mercado do Lago.
 Constantina Babau declamando no Mercado do Lago.
A caminho do almoço de convívio, pelo passeio frente aos cafés Águias de Ouro e Alentejano.
Martinho Torrinha proferindo a sua alocução sobre o 25 de Abril. 
 João Ferro proferindo a sua alocução sobre o 25 de Abril.
 António Ramalho proferindo a sua alocução sobre o 25 de Abril.
 Albino Lopes proferindo a sua alocução sobre o 25 de Abril.
 José Domingos Ramalho proferindo a sua alocução sobre o 25 de Abril.
 José Gato Ramalho e Sérgio Godinho, dois membros da equipa que serviu o almoço de convívio.
 25 DE ABRIL SEMPRE!, até mesmo no arroz doce magistralmente decorado com canela, por Odete
Ramalho.
 Um aspecto parcial do almoço de convívio.
Um aspecto parcial do almoço de convívio. 
 Um aspecto parcial do almoço de convívio.
Um aspecto parcial do almoço de convívio. 
 Um aspecto parcial do almoço de convívio.
 Um aspecto parcial do almoço de convívio.
Um aspecto parcial do almoço de convívio. 
Um aspecto parcial do almoço de convívio. 
 Um aspecto parcial do almoço de convívio.
 Um aspecto parcial do almoço de convívio.
 Um aspecto parcial do almoço de convívio.
 O poeta António Simões declamando no almoço de convívio.
 O poeta popular Manuel Geadas declamando no almoço de convívio.
 O poeta popular Aurélio Buinho declamando no almoço de convívio.
 O poeta popular José Banha declamando no almoço de convívio.
 O poeta popular Renato Valadeiro declamando no almoço de convívio.
 O poeta popular Manuel Gomes declamando no almoço de convívio.
A poetisa popular Constantina Babau declamando no almoço de convívio.
A saída do almoço de convívio.
  
O cartaz que divulgou as Comemorações Populares do 25 de Abril de 2014, em Estremoz.

quarta-feira, 16 de abril de 2014

O povo unido (2)


Transcreve-se com muito orgulho e com a devida vénia, a coluna CIDADANIA da autoria da Drª Maria do Céu Pires, publicada no nº 832, de 17 de Abril de 2014, do quinzenário estremocense  "Brados do Alentejo". (1)

Dizia no número anterior que, para além das alterações políticas, sociais e económicas e da incidência na vida quotidiana das pessoas, um dos aspectos fundamentais da revolução de abril de 74 foi o surgir do espaço público enquanto espaço de liberdade, de discussão e de participação. É curioso que, passados 40 anos uma presidente da Assembleia da República proíba os militares de abril de discursar nessa mesma assembleia…é sobretudo vergonhoso e inadmissível! 
Gostaria, hoje, de sublinhar outro aspeto que me parece fundamental e de toda a relevância no momento que vivemos. Refiro-me àquela que é a grande lição de qualquer revolução e que, claro, foi também da revolução dos cravos em Portugal: a demarcação relativamente ao discurso da inevitabilidade e do fatalismo. Quando a população saiu para a rua e se juntou aos militares mostrou a sua vontade de liberdade e o seu inconformismo com uma ditadura opressora. Ditadura contra a qual já muitos homens e muitas mulheres tinham, na sua luta, enfrentado a prisão e a tortura e mesmo a morte.
O que o 25 de abril de 74 mostrou é que, por muito degradante que seja a situação de um país, é possível mudar! Nenhuma comunidade humana está destinada à opressão e à humilhação. Estas podem e devem ser banidas. Hoje, quando um povo inteiro baixa os braços e aceita governantes incapazes, é tempo de lembrar esta verdade. A transformação é possível! Não estamos condenados a esta ausência de vida que nos querem impor!
Mas, o que também ficou mostrado em 74 é que a mudança acontece fruto da ação conjunta das pessoas, ela não é decretada nem cai como a chuva…. Precisa de ser construída, precisa de mãos e de cérebros, de vontades e de sonhos! 
Por tudo isto, celebrar abril não pode ser um ato mecânico e repetitivo de palavras ocas e sem sentido, não pode ser discurso de circunstância. Celebrar abril é voltar a ser “povo unido”, é sermos capazes de voltar a ter voz, a voz que nos andam a tirar, é voltar a ter força e dizer o que está mal, é regressar á esperança, não aceitando a “situação”. Construir novas manhãs e encher os corações de cravos vermelhos – isso é preciso! Como disse Amartya Sem, a democracia é ter voto mas é também ter voz! É essa voz que dia 25, em todo o país, tem que ser levantada! Dizendo não aos “vendilhões”! 
Temos que ser, de novo, voz unida!

(1) - A coluna está redigida de acordo com as regras do novo acordo ortográfico, que o blogue DO TEMPO DA OUTRA SENHORA não segue, mas que respeita nas transcrições que faz.

quinta-feira, 3 de abril de 2014

O povo unido

Drª Maria do Céu Pires

Transcreve-se com muito orgulho e com a devida vénia, a coluna CIDADANIA da autoria da Drª Maria do Céu Pires, publicada no nº 831, de 3 de Abril de 2014, do quinzenário estremocense  "Brados do Alentejo". (1)

O que na história ficou conhecido como “25 de abril” foi uma ação que, iniciada por militares, de imediato teve a adesão popular, e que tinha como objetivo derrubar uma situação política para dar a possibilidade ao povo de construir uma outra organização política no país, baseada nos conhecidos três dês: Democracia, Desenvolvimento, Descolonização. Mudar de um sistema profundamente injusto para um que fosse justo, foi isso que motivou os capitães e o povo que logo no dia 25 saiu à rua.
Dito muito resumidamente, pretendia-se pôr fim a uma situação de guerra colonial completamente obsoleta e destituída de sentido. Para além disso, tratava-se de abolir uma ditadura que era responsável não só pela ausência de liberdade, pela censura, pelas prisões políticas e pela tortura, como também pela situação de miséria, analfabetismo e total ausência de direitos que condenava parte significativa da população a uma vida abaixo dos limiares mínimos de dignidade.
Em 40 anos muita coisa aconteceu, por exemplo, a liberdade de expressão, de associação, de reunião e o universal direito ao voto. É também inegável que a revolução de abril contribuiu para uma melhoria das condições básicas de vida da maior parte da população. Desde a diminuição das taxas de mortalidade infantil, passando pelos direitos de quem trabalha, pelo acesso generalizado à educação e à saúde, muito mudou na nossa vida. Contudo, estamos hoje em processo de regressão, retrocesso civilizacional pois o que o que foi conquistado está a ser retirado. Cabe-nos, então, com urgência, defender aquilo que, por direito, todos os seres humanos devem ter: a possibilidade de se realizarem como pessoas!
Sobretudo, o que o 25 de abril trouxe consigo foi a existência de espaço público, quer dizer, a possibilidade dos cidadãos se encontrarem, reunirem discutirem, deliberarem e decidirem, em conjunto, o que é mais justo, o que consideram melhor para a comunidade. O espaço público é o espaço da diversidade, da coabitação das diferentes organizações da sociedade civil: associações profissionais, partidos políticos, sindicatos, cooperativas, clubes, etc. É o espaço da liberdade!
Por tudo isto (e muito mais!) me parece fundamental que esta memória recente da nossa história esteja sempre presente e julgo de grande valor pedagógico a sua transmissão aos mais novos. Congratulo-me, pois, que em Estremoz, se vá celebrar abril quer ao nível institucional com a sessão solene na Assembleia Municipal e outras atividades do Município, quer ao nível da sociedade civil, através dos cidadãos que, para tal efeito, se juntaram. Que, em Estremoz “chovam” cravos e o povo unido traga, de novo, a poesia para a rua, são os meus votos!

(1) - A coluna está redigida de acordo com as regras do novo acordo ortográfico, que o blogue DO TEMPO DA OUTRA SENHORA não segue, mas que respeita nas transcrições que faz.