quinta-feira, 14 de novembro de 2013

As Pupilas do Senhor Reitor

Uma das 30 ilustrações de Mestre Alfredo Roque Gameiro (1864 - 1935)
para “As Pupilas do Senhor Reitor”,  de Júlio Diniz (1839-1871).

                                                                                  Na passagem do aniversário                                                                  do nascimento de Júlio Dinis

Esboço biográfico de Júlio Dinis
A 14 de Novembro de 1839 nasce no Porto, na antiga Rua do Reguinho, aquele que viria a ser o médico e escritor Júlio Diniz (1839-1871), pseudónimo literário de Joaquim Guilherme Gomes Coelho, criador do romance campesino e autor de obras como: As Pupilas do Senhor Reitor (1869), A Morgadinha dos Canaviais (1868), Uma Família Inglesa (1868), Serões da Província (1870), Os Fidalgos da Casa Mourisca (1871), Poesias (1873), Inéditos e Dispersos (1910), Teatro Inédito (1946-1947). Além daquele pseudónimo usou também o de Diana de Aveleda, com o qual se iniciou na vida literária e subscreveu crónicas no Diário do Porto e pequenas narrativas ingénuas como “Os Novelos da Tia Filomena” (1862) e o “Espólio do Senhor Cipriano” (1863). Viria a morrer a 12 de Setembro de 1871, com 31 anos, vítima de tuberculose, numa casa da Rua Costa Cabral, no Porto. 

Breve resenha de “As Pupilas do Senhor Reitor
Trata-se de um romance de Júlio Dinis publicado em 1866, sob o formato de folhetins no “Jornal do Porto” e editado como livro em 1867. Como refere o autor nas "Notas", a obra começou a ser escrita em 1863, durante a estadia de Júlio Dinis em Ovar. O título alude às personagens femininas do romance, duas meias-irmãs órfãs, Margarida e Clara, de personalidades contrárias, adoptadas pelo Reitor. Margarida é expansiva e alegre, enquanto Clara é introvertida e reservada. O enredo gira em torno de Daniel, segundo filho do lavrador José das Dornas, que em rapaz renunciou à carreira eclesiástica por amor a Margarida. Depois de se ter licenciado em Medicina, regressa à aldeia, olvidado do seu idílio de infância. A obra apresenta uma interessante galeria de tipos rústicos, donde sobressaem o Reitor, José das Dornas e João Semana, médico rural. O livro foi escrito com simplicidade de estilo e o realismo de representação, traduzindo a vida portuguesa rural da época. De acordo com António José Saraiva e Óscar Lopes (História da Literatura Portuguesa, 12ª edição. Porto Editora. Porto, 1982), “(…) em As Pupilas do Senhor Reitor, que é o seu primeiro romance publicado (e o segundo escrito), parece haver o propósito de pregar uma moralização de costumes pela vida rural e pela influencia de um clero convertido ao liberalismo, ideia sugerida pelo Vigário de Walkefield de Goldsmith e pelo Pároco na Aldeia de Herculano.”.

Ilustrações de Roque Gameiro
As “Pupilas do Senhor Reitor” foram ilustradas a aguarela por Mestre Alfredo Roque Gameiro (1864-1935). Essas ilustrações pertencem ao acervo da Colecção do Museu de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian e encontram-se em depósito no Museu de Aguarela Roque Gameiro, em Minde. No “Roteiro do Museu de Aguarela Roque Gameiro” pode-se ler:
Roque Gameiro revela na ilustração da edição da obra de Júlio Dinis cujo subtítulo é "Crónica de Aldeia", a grande capacidade que tinha de adequar as imagens ao texto e de compreender inteiramente a mensagem do escritor. Recriou a aldeia idealizada pelo escritor a partir dos ambientes rurais do Minho e do Douro. Aí fez pesquisas para localizar a área onde decorrera a acção do romance de maneira a ilustrar condizente com as descrições que o autor fazia das paisagens. Comprou utensílios e trajes usados na época para melhor os poder descrever. Todo o seu trabalho de ilustrador revela o investigador atento. Roque Gameiro tomou como modelos, para representar as personagens Clara e Margarida a filha Raquel e a sobrinha Hebe Gomes.
Numa entrevista dada ao Diário de Lisboa, Roque Gameiro contesta algumas perguntas sobre o local onde decorreu a acção das Pupilas do Sr. Reitor:
"... Convencido de que o fundo do cenário não podia ser Ovar (...), palmilhei, de recanto a recanto, o norte todo. Encontrei em Santo Tirso - onde Júlio Dinis também esteve várias vezes e onde residiu demoradamente -, a paisagem que se ajustava, com uma realidade de entusiasmar, às descrições do romance."































terça-feira, 12 de novembro de 2013

A balança na Bíblia Sagrada

O prestamista (1664).
Gerrit Dou (1613-1675)
Óleo sobre madeira (29 x 23 cm).
Musée du Louvre, Paris.

O nosso deambular constante sobre por terrenos aparentes estéreis, está na origem de pesquisas e reflexões sobre a balança, o que vai dar origem à publicação sucessiva de posts, cujos títulos são:
- A simbologia da balança
- A balança na Mitologia
- A balança na Bíblia Sagrada
- A balança na Literatura Oral
Começámos por “A balança como instrumento de medida”, a que se segue agora:

A balança na Bíblia Sagrada
São múltiplas as referências bíblicas à balança:
- Se tão-somente pudessem pesar a minha aflição e pôr na balança a minha desgraça! (Jó 6:2)
- Deus me pese em balança justa, e saberá que não tenho culpa. (Jó 31:6)
- Os homens de origem humilde não passam de um sopro, os de origem importante não passam de mentira; pesados na balança, juntos não chegam ao peso de um sopro. (Salmos 62:9)
- Quem mediu as águas na concha da mão, ou com o palmo definiu os limites dos céus? Quem jamais calculou o peso da terra, ou pesou os montes na balança e as colinas nos seus pratos? (Isaías 40:12)
- Na verdade as nações são como a gota que sobra do balde; para ele são como o pó que resta na balança; para ele as ilhas não passam de um grão de areia. (Isaías 40:15)
- Alguns derramam ouro de suas bolsas e pesam prata na balança; contratam um ourives para transformar isso num deus, inclinam-se e o adoram. (Isaías 46:6)
- Assinei e selei a escritura, e pesei a prata na balança, diante de testemunhas por mim chamadas. (Jeremias 32:10)
- Agora, filho do homem, apanhe uma espada afiada e use-a como navalha de barbeiro para rapar a cabeça e a barba. Depois tome uma balança de pesos e reparta o cabelo. (Ezequiel 5:1)
- Como os descendentes de Canaã, comerciantes que usam balança desonesta e gostam muito de extorquir, (Oséias 12:7)
- Quando o Cordeiro abriu o terceiro selo, ouvi o terceiro ser vivente dizer: "Venha!" Olhei, e diante de mim estava um cavalo preto. Seu cavaleiro tinha na mão uma balança. (Apocalipse 6:5)

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Programa da Cozinha dos Ganhões - 2013


Efemérides de Dezembro

31 de Dezembro

A 31 de Dezembro de 1917, nasce em Leiria, o professor universitário, ensaísta e
historiador de literatura portuguesa, António José Saraiva (1917-1993). Entre as
suas obras mais conhecidas, poder-se-ão citar as seguintes: “O Crepúsculo da Idade
Média em Portugal”, “História da Cultura em Portugal”, “A Inquisição Portuguesa”,
e “História da Literatura Portuguesa”, esta última em parceria com Óscar Lopes.
Painel de azulejos da Casa da Inquisição, no Centro Histórico da vila de Monsaraz.
30 de Dezembro
A 30 de Dezembro de 1951 é inaugurada pelos então Presidente da República Craveiro
Lopes (1894-1964) e Primeiro-Ministro Oliveira Salazar (1889-1970), a Ponte de Vila
Franca de Xira ou Ponte Marechal Carmona sobre o rio Tejo e que une Vila Franca de
Xira a Porto Alto. Tem 1224 m de comprimento com um tabuleiro central de 524 m,
dividido em cinco vãos de 104 m. PAISAGEM DO RIBATEJO – Painel de azulejos da
estação da CP de Vila Franca de Xira. 
29 de Dezembro
A 29 de Dezembro 1911, nasce em Vila Franca de Xira, o escritor Alves Redol
(1911-1969), considerado um dos expoentes máximos do neo-realismo português.
A sua obra distribui-se por romances, teatro, contos, literatura infantil e estudos.
Dela destacamos: Glória: Uma Aldeia do Ribatejo (1938), Gaibéus (1939),
vieiros (1942), Fanga (1943), Anúncio (1945), Porto Manso (1946), Forja (1948),
Cancioneiro do Ribatejo (1950), Olhos de Água (1954), Vida Mágica da Sementinha
(1956), A Barca dos Sete Lemes (1958), Barranco de Cegos (1961), Constantino,
Guardador de Vacas e de Sonhos (1962), Romanceiro Geral do Povo Português
(1964), O Muro Branco (1966). BARCOS NO CAIS – Painel de azulejos na estação
da CP de Vila Franca de Xira.
28 de Dezembro
A 28 de Dezembro de 1775, nasce em Lisboa, João Domingos Bomtempo (1775-1881),
compositor, pianista e professor de música, de projecção internacional. LIÇÃO DE
MÚSICA (1720-1730) – Painel de azulejos (83,4 cm x 125,5 cm), fabrico de Lisboa.
Museu Nacional do Azulejo, Lisboa.
27 de Dezembro
A 27 de Dezembro de 1703 é assinado entre Inglaterra e Portugal, o Tratado de
Methuen, também referido como Tratado dos Panos e Vinhos. Foram seus
negociadores, o embaixador extraordinário britânico John Methuen (1650-1706),
por parte da Rainha Ana da Inglaterra (1665-1714), e D. Manuel Teles da Silva
(1641-1709), Marquês de Alegrete, em representação do Rei D. Pedro II
(1648-1706) de Portugal. Nos termos do acordo, Portugal comprometia-se a
consumir os têxteis britânicos, dos quais teria facilidades na compra. Em
contrapartida a Inglaterra comprometia-se a consumir os vinhos portugueses,
dos quais teria igualmente facilidades na compra. Com três artigos apenas,
o Tratado de Methuen é o texto mais reduzido da história diplomática europeia.
CONDUÇÃO DAS UVAS PARA O LAGAR - Painel de azulejos da estação da CP de
Pocinho, na linha do Douro.
26 de Dezembro
A 26 de Dezembro, a Igreja Católica celebra o dia de Santo Estêvão (? – 34 a 40 d.C.),
 primeiro mártir do cristianismo, vítima das perseguições que tiveram início logo após a
Ressurreição de Jesus e cuja vida vem relatada nos capítulos 6 e 7 do livro "Actos dos
apóstolos", no Novo Testamento. SANTA EUCARISTIA (SÉC. XVIII) – Painel de
azulejos no Largo de Santo Estevão, Lisboa.
25 de Dezembro
A 25 de Dezembro de 320 é instituída pela Igreja Católica, a data de nascimento de
Jesus Cristo (7-2 a.C – 30-33 d.C.), acontecimento relatado nos Evangelhos de S.
Mateus, S. Marcos, S. Lucas e S. João. NATIVIDADE OU ADORAÇÃO DOS PASTORES
(séc. XVI- c. 1580). Painel de azulejos (500 x 465 cm) atribuído a Marçal de Matos.
Museu Nacional do Azulejo, Lisboa.
24 de Dezembro
A 24 de Dezembro de 1524, morre em Cochim, na Índia, o navegador português Vasco
da Gama (c. 1460/60 – 1524), pioneiro do caminho marítimo para a Índia.  VASCO DA
GAMA (1892-1896) - Azulejo (14,5 cm x 14, cm). Fabrico do Atelier Visconde de
Sacavém, Caldas da Rainha.
23 de Dezembro
A 23 de Dezembro de 2003, o Teatro Nacional de D. Maria II, em Lisboa, é convertido
em sociedade anónima de capitais públicos. LIÇÃO DE DANÇA - PORMENOR DA CENA
CENTRAL (1707). Painel de azulejos de composição figurativa (170 x 400 cm),
produzido por Willem van der Kloet, Holanda. Museu Nacional do Azulejo, Lisboa.
22 de Dezembro
A 22 de Dezembro de 1859 são aprovados os estatutos da Companhia Real
dos Caminhos-de-Ferro portugueses, antecessora da CP. LOCOMOTIVA –
Painel de azulejos da estação da CP de Ovar.
21 de Dezembro
A 21 de Dezembro de 1805 morre em Lisboa, o poeta Manuel Maria Barbosa l'Hedois
du Bocage (1765-1805), considerado por muitos o maior representante do arcadismo
lusitano. Legou-nos obras como: Elegia que o Mais Ingénuo e Verdadeiro Sentimento 
Consagra à Deplorável Morte do Illmo. e Exmo. Sr. D. José Tomás de Menezes (1790);
Rimas – 1º tomo (1791); Queixumes do Pastor Elmano contra a Falsidade da Pastora
Urselina (1791); Idílios Marítimos (1791): Eufémia ou o Triunfo da Religião (1793);
Elogio poético ao capitão Vicente Lunardi, o primeiro nauta que fez uma ascensão
aerostática em Portugal (1794); Rimas – 2º tomo (1799); Elogio aos Faustíssimos
Annos do Serenissimo Principe Regente Nosso Senhor; Rimas – 3º tomo (1804);
Epicédio na Sentida Morte do Ilustríssimo, e Excelentíssimo Senhor. D. Pedro José
de Noronha, Marquez de Angeja (1804); Improvisos de Bocage na sua mui perigosa
enfermidade (1805); A Gratidão (1805); Novos Improvisos de Bocage na sua moléstia
(1805); A Saudade Materna (1805); Mágoas Amorosas de Elmano (1805); A Virtude
Laureada (1805). É de realçar ainda a sua intensa actividade como tradutor.
BOCAGE - Painel de Azulejos de Louro de Almeida e Rogério Chora (1979), na
entrada do Centro Comercial Bonfim, Setúbal.
20 de Dezembro
A 20 de Dezembro celebra-se anualmente O Dia Internacional da Solidariedade
Humana. A efeméride foi instituída pela Organização das Nações Unidas em 2005,
quando da celebração da primeira década das Nações Unidas para a Erradicação
da Pobreza (1997-2006). A celebração da data visa destacar a importância da acção
colectiva para superar os problemas mundiais e alcançar os objectivos mundiais de
desenvolvimento, de modo a construir um mundo melhor e mais seguro para todos.
CASAL DE SALOIOS (1999). Azulejo (15 cm x 15 cm) de Gracinda Candeias (1947- ).
Fábrica Rugo, Sintra. Museu Nacional do Azulejo, Lisboa. 
19 de Dezembro
A 19 de Dezembro de 1924, nasce, em Lisboa, Alexandre Manuel Vahía de Castro
O'Neill de Bulhões (1924-1986),  poeta surrealista português de ascendência irlandesa.
Como publicitário inventou o conhecido lema “Há mar e mar, há ir e voltar” (Extraído
com a devida vénia de O LEME –  http://www.leme.pt) . JARDIM DA MANGA  - Painel
de azulejos de Eduardo Nery (1938-2013). Instituto do Emprego e Formação Profissional,
Avenida Fernão de Magalhães, 660 - Coimbra.
18 de Dezembro
A 18 de Dezembro celebra-se o Dia Internacional dos Migrantes, data proclamada
em 4 de Dezembro de 2000 pela Assembleia-Geral das Nações Unidas, ante o
aumento dos fluxos migratórios no mundo, proclamou o Dia Internacional dos
Migrantes (resolução 55/93). Dez anos antes, no mesmo dia, em 1990, a
Assembleia adoptara a Convenção Internacional sobre a Protecção dos Direitos
de Todos os Trabalhadores Migrantes e dos Membros das suas Famílias
(resolução 45/158). Os Estados Membros da ONU e as organizações
intergovernamentais e não-governamentais, celebram este Dia Internacional,
difundindo informação relativa a direitos humanos e liberdades fundamentais
dos migrantes, o resultado de suas experiências e novas medidas que podem
ser implementadas para os proteger. FUGA PARA O EGIPTO (1698) – Painel de
azulejos da autoria de Gabriel del Barco. Igreja de Nossa Senhora dos Prazeres
- Museu Episcopal, Beja.
17 de Dezembro
A 17 de Dezembro de 1734, nasce em Lisboa, D. Maria I (1734-1816), filha de D. José I
(1714-1717) e de D. Mariana Vitória de Bourbon (1718-1781), que ficaria conhecida
pelo cognome de “A Pia”, em virtude da sua  extrema devoção religiosa à Igreja
Católica. O seu primeiro acto como rainha foi a demissão e exílio da corte do Marquês
de Pombal (1699-1782). Amante da paz e dedicada a obras sociais, concedeu asilo a
numerosos aristocratas franceses fugidos à Revolução Francesa (1789-1799). O seu
reinado foi de grande actividade legislativa, comercial e diplomática, na qual se
pode destacar o tratado de comércio que assinou com a Rússia em 1789. Desenvolveu
a cultura e as ciências, com o envio de missões científicas a Angola, Brasil, Cabo Verde
e Moçambique, e a fundação de várias instituições, entre elas a Academia Real das
Ciências de Lisboa (1779) e a Real Biblioteca Pública da Corte (1796). No âmbito da
assistência, fundou a Real Casa Pia de Lisboa (1780). Fundou ainda a Academia Real
de Marinha (1799) para formação de oficiais da Armada. D. MARIA I – Painel de azulejos
no  Jardim do Palácio Galveias, Lisboa.
16 de Dezembro
A 16 de Dezembro de 1515, morre em Goa, Afonso de Albuquerque (1453-1515),
fidalgo, militar e Vice-Rei da Índia, cujas acções militares e políticas foram
determinantes para o estabelecimento do império português no oceano Índico.
AFONSO DE ALBUQUERQUE NA BATALHA DE ORMUZ - Painel de azulejos do pintor,
ceramista, ilustrador e caricaturista Jorge Colaço (1868-1942), no Centro Cultural
Rodrigues de Faria, Forjães (Esposende) e executados na Fábrica de Cerâmica
Lusitânia, em Lisboa, entre 15 de Junho e 30 de Setembro de 1933.
15 de Dezembro
A 15 de Dezembro de 1640 foi aclamado solenemente em Lisboa, D. João IV
(1604-1656) - “O Restaurador”, que iniciou a quarta e última dinastia real,
a Dinastia de Bragança. A cerimónia decorreu num grande palco de madeira,
revestido de ricos panejamentos, contíguo à varanda do Paço da Ribeira,
donde saiu o novo rei, que perante a Nobreza, o Clero e o Povo de Portugal,
jurou manter, respeitar e fazer cumprir os tradicionais foros, liberdades e
garantias dos Portugueses, profanados pelo seu antecessor estrangeiro.
D. JOÃO IV – Painel de azulejos no Jardim do Palácio Galveias, Lisboa.
14 de Dezembro 
A 14 de Dezembro de 1745, um incêndio destrói o Paço da Ribeira, em Lisboa,
localizado à margem do rio Tejo, na Ribeira de Lisboa. Consistia num luxuoso
palácio real erguido a partir de 1498, por determinação de D. Manuel I, no
contexto da descoberta do caminho marítimo para a Índia e do monopólio
português do comércio das especiarias do Oriente com a Europa. Foi
totalmente destruído no grande terramoto de 1 de Novembro de 1755, o
qual foi seguido de um ainda mais arrasador maremoto sobre a zona baixa
da cidade. No local situa-se actualmente o complexo ministerial do Terreiro
do Paço. TERREIRO DO PAÇO - Excerto do painel de azulejos “Grande
Panorama de Lisboa” (1700), de Gabriel del Barco, proveniente doo Palácio
dos Condes de Tentúgal, na Rua de Santiago, em Lisboa. Museu Nacional do
Azulejo, Lisboa.
13 de Dezembro
A 13 de Dezembro de 1521 morre em Lisboa, El-Rei Manuel I de Portugal (1469-1521),
“O Venturoso”. Aclamado em 1495, logo demonstrou a intenção de prosseguir os
vastos empreendimentos em curso, tanto em África como no Oriente. Em 1497, partia
de Lisboa uma armada comandada por Vasco da Gama (1460-1524), que após longa
viagem, atingia Calcutá e assim abria ao Ocidente o caminho marítimo para a Índia.
No seguimento destas expedições Pedro Álvares Cabral (1467-1520) vem a descobrir
Vera Cruz, em 1500. D. MANUEL I – Painel de azulejos no Jardim do Palácio Galveias,
Lisboa.
12 de Dezembro
A 12 de Dezembro a Igreja Católica celebra a festa litúrgica de Nossa Senhora de
Guadalupe, representada como uma imagem da Virgem Maria que teria aparecido
ao índio da tribo Nahua, Juan Diego Cuauhtlatoatzin, em Tepeyac, no noroeste da
Cidade do México, em 9 de Dezembro de 1531. A imagem, na qual a Virgem é
representada como mestiça, é venerada no Santuário de Guadalupe, no México.
A sua festa litúrgica é celebrada em 12 de Dezembro desde 1754, data em que o
Papa Bento XIV (1675-1758) oficializou o título mariano. Além de Padroeira do
México, Nossa Senhora de Guadalupe é também reverenciada como Padroeira
da Cidade do México (desde 1737), Padroeira da América Latina (desde 1945)
e Imperatriz da América”(desde 2000). NOSSA SENHORA DE GUADALUPE –
Painel de azulejos da autoria da ceramista brasileira Alice Candeias Ambrosini.
11 de Dezembro
A 11 de Dezembro de 1946 é criada a UNICEF, agência das Nações Unidas que tem
como objectivo promover a defesa dos direitos das crianças, ajudar a dar resposta
às suas necessidades básicas e contribuir para o seu pleno desenvolvimento.
A UNICEF rege-se pela Convenção sobre os Direitos da Criança, e trabalha para que
esses direitos se convertam em princípios éticos permanentes e em códigos de
conduta internacionais para as crianças. A UNICEF é a única organização mundial
que se dedica especificamente às crianças. Em termos genéricos, trabalha com os
governos nacionais e organizações locais em programas de desenvolvimento a longo
prazo nos sectores da saúde, educação, nutrição, água e saneamento e também em
situações de emergência para defender as crianças vítimas de guerras e outras
catástrofes. Actualmente, trabalha em 158 países de todo o mundo (Texto transcrito
com a devida vénia de UNICEF / PORTUGAL -   http://www.unicef.pt). Painel de
azulejos modernistas da autoria de Alice Jorge e Júlio Pomar (1958). Avenida Infante
Santo, Lisboa.
10 de Dezembro
A 10 de Dezembro de 1998, José Saramago (1922-2010) recebe em Estocolmo, das
mãos do rei Carlos Gustavo da Suécia, o Prémio Nobel da Literatura desse ano,
que lhe fora outorgado pela Academia Sueca a 8 de Outubro. Segundo a Academia
Sueca, responsável pela atribuição do Prémio, Saramago recebe-o por uma obra
 "…cujas parábolas, respaldadas por imaginação, piedade e ironia, nos permitem
apreender de forma contínua uma realidade ilusória.". Sobre a atribuição do Nobel
a Saramago muito foi dito. Destacamos apenas: ”Por tudo quanto escreveu e como
escreveu, a justiça do Prémio Nobel a José Saramago é devida e justificada. Afora
a regularidade da sua produção, a maneira singular de transformar o comum em
essencial, no que tange ao mais profundo, dramático e impronunciável do ser
humano; a provocadora e instigante forma de repensar a história e de projectar
o futuro, fazem-no merecedor do Prémio - o primeiro concedido a um escritor de
Língua Portuguesa.” (Maria de Lourdes Simões, ensaio publicado em “A Tarde
Cultural”. Salvador, 5 de Dezembro de 1998). Painel azulejar colectivo, executado
por alunos. Escola Secundária de Monserrate, Viana do Castelo.
9 de Dezembro
O dia 9 de Dezembro foi designado pelas Nações Unidas como o Dia Internacional
contra a Corrupção, por referência à assinatura da Convenção da ONU contra a
Corrupção, que ocorreu na cidade de Mérida, no México. Nessa ocasião, no dia 9
de Novembro de 2003, mais de uma centena de países assinaram este instrumento
jurídico, que entrou internacionalmente em vigor no dia 14 de Dezembro de 2005. 
A Convenção é o mais completo e abrangente instrumento internacional juridicamente
vinculativo nesta matéria prevendo, entre outros aspectos, a criminalização da
corrupção - quer no sector público, quer no privado - e outros comportamentos que
lhe estão associados, como é o caso do branqueamento de capitais e da obstrução à
justiça. Além disso, inclui disposições sobre cooperação interna, entre as diferentes
autoridades nacionais, e cooperação internacional, nomeadamente sobre auxílio
judiciário e extradição, instando também os Estados a prestarem assistência técnica a
outros Estados que a requeiram (Texto transcrito com a devida vénia de DIRECÇÃO-GERAL
DA POLÍTICA DE JUSTIÇA: http://www.dgpj.mj.pt ). O combate à corrupção passa pela
aprovação no Parlamento de projectos-leis que a combatam. O MOSTEIRO DE SÃO BENTO
DA SAÚDE (c. 1700) Aqui funciona actualmente o Parlamento. Painel de azulejos atribuído
a Gabriel del Barco (Imagem recolhida com a devida vénia de ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA:
 www.parlamento.pt ) 
8 de Dezembro
A 8 de Dezembro, a Igreja Católica comemora a Festa da Imaculada Conceição,
definida como uma festa universal em 28 de Fevereiro de 1476 pelo Papa Sisto IV
(1414-1484). De acordo com o dogma católico, a Imaculada Conceição é a concepção
da Virgem Maria sem mancha ("mácula" em latim) do pecado original. O dogma diz
que, desde o primeiro instante de sua existência, a Virgem Maria foi protegida por
Deus, da falta de graça santificante que atormenta a humanidade, porque ela estava
cheia de graça divina. Proclama igualmente que a Virgem Maria viveu uma vida
isenta de pecado. A Imaculada Conceição foi solenemente definida como dogma pelo
Papa Pio IX (1792-1878) na sua bula “Ineffabilis Deus” em 8 de Dezembro de 1854. A
encarnação de Jesus no ventre da Virgem Maria exigia que ela estivesse completamente
livre de pecado para poder gerar seu Filho. A Igreja Católica considera que o dogma é
apoiado pelos textos bíblicos [Gênesis (3:15), Cântico dos Cânticos (4:7), (Êxodo 25:10-11),
(Jó 14:4), (Deuteronómio 10:3) e (Apocalipse 11:19)], bem como escritos de Padres da
Igreja, como Irineu de Lyon (c. 130-202) e Ambrósio de Milão (340-397).
Nossa Senhora da Conceição (1650 - 1675).Painel de azulejos (86,6 x 87,7 cm).
Fabrico de Lisboa. Museu Nacional do Azulejo, Lisboa.
7 de Dezembro
A 7 de Dezembro comemora-se o Dia Internacional da Aviação Civil, o qual foi
celebrado pela primeira vez a 7 de Dezembro de 1994, para assinalar o 50º
aniversário da assinatura da Convenção sobre a Aviação Civil Internacional.
Em 1996, a Assembleia-geral das Nações Unidas reconheceu oficialmente a
data de 7 de Dezembro como o Dia Internacional da Aviação Civil. PRIMEIRA
TRAVESSIA AÉREA DO ATLÂNTICO SUL POR GAGO COUTINHO E SACADURA
CABRAL (1922) – Painel de azulejos na Escola Naval, Alfeite.
6 de Dezembro
A 6 de Dezembro de 1910, o Governo da I República Portuguesa (1910-1926) reconhece
o direito à greve e regulamenta o seu exercício, uma vez que logo nos momentos
posteriores à revolução, eclodiram inúmeras greves, a demonstrar que o operariado e
o movimento sindicalista não se dispunham a esquecer as penosas condições de vida
dos sectores mais desfavorecidos da população. Todavia, não era essa a opção da
grande maioria dos dirigentes republicanos que assumiram o poder após o 5 de Outubro.
Os seus desígnios não eram realizar ou dar cobertura a uma revolução de carácter social,
mas apenas a uma mudança nos órgãos e no regime político. Deste modo, o direito à
greve não ficaria consignado como direito constitucional na Constituição de 1911. A GREVE
DOS  RAPAZES EM 1937 - Painel de azulejos existente na Quinta de São José em Sacavém. 
5 de Dezembro
Em 5 de Dezembro de 1496, Dom Manuel I (1469-1521) assinou um decreto de expulsão
de hereges (mouros e judeus) do território nacional, concedendo-lhes prazo até 31 de
Outubro de  1497 para que deixassem o país. A medida foi consequência do contrato
celebrado com a princesa Isabel de Aragão e Castela( 1470-1498), que continha essa
cláusula, a qual colocou o rei numa situação delicada, uma vez que necessitava do
capital e dos conhecimentos técnicos dos judeus, ao serviço do seu projecto de
 desenvolvimento  do país. Daí que tenha permitido que optassem entre a conversão e
o desterro, crendo assim que muitos se baptizassem, ainda que apenas “pro forma”.
Os judeus, no entanto, não se deixaram convencer e a grande maioria optou por
abandonar o país. O rei, ao ver desmoronar a sua estratégia e visando contrariar a
fuga, ordenou o encerramento de todos os portos de Portugal, à excepção do de
Lisboa. Aqui se concentraram cerca de 20 mil judeus, aguardando transporte para
sair do país. Em Abril de 1497, o rei ordena o sequestro de crianças judias menores
de 14 anos, a fim de serem criadas por famílias cristãs, o que foi concretizado com
grande violência. Em Outubro de 1497, os que ainda resistiam à conversão forçada
foram compelidos à pia baptismal pelo povo acirrado por clérigos fanáticos e com
a condescendência das autoridades. Desses baptismos forçados e em massa, surgiram
os marranos (cripto-judeus), que secretamente praticavam o judaísmo, ainda que
publicamente aparentassem professar a fé católica. Estes "cristãos novos" nunca
foram bem aceites pelos "cristãos velhos", desconfiados da boa-fé dos convertidos.
Essa desconfiança transformou-se em violência explícita em 1506, quando sobreveio
o Massacre de Lisboa. A peste lavrava na cidade  desde Janeiro, causando dezenas de
vítimas  por dia. Em Abril, mais uma vez instigados  por clérigos fanáticos, que
incriminavam os "cristãos novos" pela calamidade, o povoléu investiu contra eles,
matando mais de dois mil, entre homens, mulheres e crianças. D. MANUEL I – Painel
de azulejos no Jardim do Palácio Galveias, Lisboa.
4 de Dezembro
No dia 4 de Dezembro, a Igreja Católica Romana e a Igreja Ortodoxa, comemoram o
dia de Santa Bárbara (c. 280 – c. 317), virgem mártir do século terceiro. Em Portugal
e Brasil, é popular a devoção a Santa Bárbara, invocada como protectora por ocasião
de tempestades, raios e trovões, bem como Padroeira dos artilheiros, mineiros e de
todos aqueles que lidam com fogo. SANTA BÁRBARA – Painel de azulejos da pintora,
desenhadora, ilustradora, cartazista, cenógrafa e gravadora brasileira, Djanira da
Motta e Silva (1914 - 1974), Museu Nacional de Belas Artes, Rio de Janeiro.
3 de Dezembro 
A 3 de Dezembro comemora-se o Dia Internacional das Pessoas com Deficiência. A
efeméride foi implementada em 1998 pela Organização das Nações Unidas (ONU) e
visa promover uma maior compreensão dos assuntos referentes à deficiência e mobilizar
a defesa da dignidade, dos direitos e do bem-estar das pessoas. Procura ainda
aumentar a consciência pública dos benefícios trazidos pela integração dos deficientes
nos múltiplos aspectos da vida política, social, económica e cultural. SANTO ANTÓNIO
E O MILAGRE DA RECONSTITUIÇÃO DE UM PÉ DECEPADO (séc. XVII). Painel de azulejos
 da Igreja de Santo António, Recife – Brasil.
2 de Dezembro 
A 2 de Dezembro comemora-se o Dia Internacional da Abolição da Escravatura,
efeméride criada pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 1949. Todavia, a
escravatura enquanto prática desumanizadora conheceu novas manifestações no
século XXI. Todos os dias, em todas as regiões do mundo, há mulheres que são
traficadas, vendidas e trancadas em bordéis para exploração sexual. Meninas
pequenas são submetidas a casamentos forçados, abusadas sexualmente e utilizadas
como trabalhadoras domésticas. Há crianças que trabalham em minas,
a programar explosivos e a inalar substâncias tóxicas. Outras são raptadas e
transformadas em soldados, obrigadas a matar e a torturar. Há homens que,
separados das suas famílias, são obrigados a trabalhar em plantações ou fechados
em fábricas clandestinas sem qualquer salário que lhes permita pagar as dívidas
infinitas. O movimento contra a escravatura uniu a comunidade internacional,
que proclamou que as práticas de escravatura constituem uma afronta à
Humanidade e que nenhum ser humano deve ser propriedade de outro.
Hoje, os governos, a sociedade civil e o sector privado devem unir-se para
erradicar todas as formas contemporâneas de escravatura (Texto adaptado da
Mensagem do Secretário-Geral da ONU no Dia Internacional para a Abolição da
Escravatura, 2 de Dezembro de 2012).  ESCRAVIDÃO ANTES DA ABOLIÇÃO – Painel
de azulejos cuja imagem foi reproduzida do blogue http://blog.seniorennet.be .
1 de Dezembro
Em 1 de Dezembro de 1640, dá-se a Restauração da Independência de Portugal em
relação ao Reino de Espanha, terminando assim o período de 60 anos em que o Reino
de Portugal, foi governado pela dinastia de origem austríaca dos Habsburgos, com o
fim do reinado de D. Filipe III (conhecido como Felipe IV em Espanha). Como
antecedentes da Revolução do 1º de Dezembro de 1640, há a salientar que
“Os Conjurados”, um grupo de 40 portugueses, membros da aristocracia do País,
se organizou de forma a preparar um plano de libertação de Portugal. Assegurados
do apoio popular e de grande parte da aristocracia de Portugal, os Conjurados
dirigem-se ao Paço da Ribeira, aniquilam o secretário de Estado, o traidor Miguel de
Vasconcelos (1590-1640) e intimam a Duquesa de Mântua (1589-1655), Vice-rainha de
Portugal,  a renunciar ao poder, proclamando a Independência de Portugal e aclamando
João, Duque de Bragança, como rei D. João IV de Portugal (1604-1656), com o cognome
de “O Restaurador”, iniciando assim a quarta e última dinastia real, a Dinastia de
Bragança. RESTAURAÇÃO DA INDEPENDÊNCIA A 1 DE DEZEMBRO DE 1640. Painel de
azulejos de Leopoldo Battistini e da Fábrica Constância, c. 1920. Átrio superior do
Palácio Galveias, Lisboa.

Hernâni Matos