quarta-feira, 11 de abril de 2012

A Crucificação na Pintura Universal


 Nossa Senhora e o Menino com Santos e Crucificação (1260-70).
Bonaventura Berlinghieri (activo em 1230).
Têmpera sobre madeira (103 x 122 cm).
Galleria degli Uffizi, Florence.

Segundo os Evangelhos, Jesus foi condenado a morrer na cruz numa sexta-feira e o responsável pela sentença foi Pôncio Pilatos, prefeito da província romana da Judeia entre os anos 26 e 36 d.C. apesar de não ter encontrado nele nenhuma culpa. Todavia os líderes judeus queriam a sua morte, por considerarem blasfémia Jesus dizer-se filho do Messias. Vejamos o que nos dizem os Evangelhos.
Jesus foi preso no Jardim de Getsémani (Marcos 14:43-52) e foi submetido a seis julgamentos – três por líderes judeus e três pelos romanos [João (18:12-14), Marcos (14:53-65), Marcos (15:1), Lucas (23:6-12), Marcos (15:6-15)]
Pilatos tentou negociar com os líderes judeus ao permitir que flagelassem Jesus, mas eles rejeitaram a proposta por não os satisfazer e pressionaram Pilatos a condená-lo à morte. Pilatos entregou-lhes então Jesus a fim de ser crucificado tal como eles pretendiam (Lucas 23:1-25). Os soldados escarneceram Jesus e vestiram-lhe um manto escarlate e impuseram-lhe na cabeça uma coroa de espinhos. (Mateus 27:28-31)
Jesus veio a ser crucificado num lugar chamado Gólgota, que quer dizer “Lugar da Caveira”. Por cima da sua cabeça puseram uma tabuleta com o motivo da sua condenação: “JESUS NAZARENO, O REI DOS JUDEUS” [João (19,19), Lucas (23,38)]. Na ocasião foram também crucificados dois ladrões, um à direita e outro à esquerda de Jesus. (Mateus 27:33-38). A escuridão cobriu então o céu durante três horas (Lucas 23:44), até que Jesus deu um forte grito: “Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito”. Dizendo isto, expirou. (Lucas 23:46). Os relatos evan¬gé¬licos mos¬tram que Jesus entregou livremente a vida a Deus pela redenção da humanidade.
O sentido espiritual da cruz indicado pelo pró¬prio Jesus (Mateus 10:38), fez com que ela passasse a ser sinal sagrado e objecto de culto.
A crucificação de Jesus serviu de tema a grandes nomes da pintura universal, que o representam ora sofredor ora já no repouso da morte. Desses nomes destacamos, associados por épocas/correntes da pintura:
- Idade Média: Bonaventura Berlinghieri (activo em 1230), italiano; Guido da Siena (activo na 2ª metade do séc. XIII), italiano; Pietro Cavallini (activo em 1273-1308), italiano; Duccio di Buoninsegna (c. 1255-1319), italiano; Gioto di Bondone (1267-1337), italiano; Don Silvestro dei Gherarducci (1339-1399), italiano; Andrea da Firenze (activo em 1343-1377), italiano; Francesco di Vannuccio (activo em 1356-89), italiano; Niccolò di Pietro Gerini (activo em 1366-1415), italiano.
- Renascença: Jan van Eyck (antes de 1395-1441), flamengo; Hieronymus Bosh (c. 1450-1516), holandês; Sandro Boticelli (1445-1510), italiano; Lucas Cranach, O Velho (1472-1553), alemão; Albrecht Altdorfer (c. 1480-1538), alemão; Bernardino Luini (1480-1532), italiano; Maerten van Heemskerck (1498-1574), holandês; Lucas Cranach, O Jovem (1515-1586), alemão; Tiziano Vecellio (1490-1576), italiano.
- Maneirismo: Tintoretto (1518-1594), italiano; Paolo Veronese (1528-1588), italiano; El Greco (1541-1614), espanhol; Pieter Brueghel, O Jovem (1564-1638), flamengo.
- Rococó: Annibale Carracci (1560-1609), italiano; Simon Vouet (1590-1649), francês; Sir Anthony van Dyck (1599-1641), flamengo; Nicolas Tournier (1590-c. 1638), francês; Francesco Conti (1681-1760), italiano; Franz Christophe Janneck (1703-1761), austríaco; Franz Anton Maulbertsh (1724-1796), austríaco.
- Romântico: Pierre-Paul Prud'hon (1758-1823), francês.

Publicado inicialmente em 11 de Abril de 2012

Crucificação (1270).
Guido da Siena (activo na 2ª metade do séc. XIII).
Têmpera sobre madeira.
Pinacoteca Nazionale, Siena. 
Crucificação (c. 1308).
Pietro Cavallini (activo em 1273-1308).
Fresco.
San Domenico Maggiore, Naples. 
Crucificação (1310).
Duccio di Buoninsegna (c. 1255-1319).
Painel (60 x 38 cm).
City Art Gallery, Manchester. 
Crucificação (1330).
Gioto di Bondone (1267-1337).
Têmpera sobre madeira (39 x 26 cm).
Musées Municipaux, Strasbourg. 
Crucificação (c. 1365).
Don Silvestro dei Gherarducci (1339-1399).
Têmpera sobre painel (137 x 82 cm).
Metropolitan Museum of Art, New York. 
 Crucificação (1370-77).
Andrea da Firenze (activo em 1343-1377).
Têmpera sobre madeira (33 x 22 cm).
Pinacoteca, Vatican.
Crucificação com Doador (1380).
Francesco di Vannuccio (activo em 1356-89).
Madeira de álamo (39 x 23 cm, com moldura).
Staatliche Museen, Berlin. 
 Crucificação com a Virgem e São João (1390-95).
Niccolò di Pietro Gerini (activo em 1366-1415).
Têmpera sobre painel (86 x 53 cm).
The Hermitage, St. Petersburg.
Crucificação (1420-25).
Jan van Eyck (Antes de 1395-1441).
Óleo sobre madeira transferido para tela (56,5 x 19,5 cm).
Metropolitan Museum of Art, New York. 
Crucificação com um Doador (1480-85).
Hieronymus Bosh (c. 1450-1516).
Óleo sobre madeira de carvalho (74,7 x 61 cm).
Musées Royaux des Beaux-Arts, Brussels.
Crucificação (c. 1497).
Sandro Boticelli (1445-1510).
Têmpera sobre tela (73,5 x 50,8 cm).
Fogg Art Museum, Harvard University, Cambridge. 
Lucas Cranach, O Velho (1472-1553).
Crucificação (1500-03).
Óleo e têmpera sobre madeira de tília (59 x 45 cm).
Kunsthistorisches Museum, Vienna. 
Crucificação (c. 1526).
Albrecht Altdorfer (c. 1480-1538).
Painel forrado (29 x 21 cm).
Staatliche Museen, Berlin. 
Crucificação (c. 1530).
Bernardino Luini (1480-1532).
Óleo sobre tela (90 x 74 cm).
The Hermitage, St. Petersburg. 
Crucificação (1543).
Maerten van Heemskerck (1498-1574).
Óleo sobre painel (334 x 270 cm).
Museum voor Schone Kunsten, Ghent. 
 Crucificação (1555).
Lucas Cranach, O Jovem (1515-1586).
Madeira.
Stadtkirche Sankt Peter und Paul, Weimar.
Crucificação (1558).
Tiziano Vecellio (1490-1576).
Óleo sobre tela (371 x 197 cm).
Museo Civico, Ancona. 
 Crucificação (c. 1560).
Tintoretto (1518-1594).
Óleo sobre tela.
Santa Maria del Rosario (Gesuati), Venice.
Crucificação (c. 1582).
Paolo Veronese (1528-1588).
Óleo sobre tela (102 x 102 cm).
Musée du Louvre, Paris. 
Crucificação (1596-1600).
El Greco (1541-1614).
Óleo sobre tela (312 x 169 cm).
Museo del Prado, Madrid. 
Crucificação (1617).
Pieter Brueghel, O Jovem (1564-1638).
Óleo sobre madeira (82 x 123 cm).
Szépmûvészeti Múzeum, Budapest. 
Crucificação (1583).
Annibale Carracci (1560-1609).
Óleo sobre tela (305 x 210 cm).
Santa Maria della Carita, Bologna. 
Crucificação (1622).
Simon Vouet (1590-1649).
Óleo sobre tela (375 x 225 cm).
Chiesa del Gesù, Genova. 
Crucificação (c. 1622).
Sir Anthony van Dyck (1599-1641).
Óleo sobre tela.
San Zaccaria, Venice. 
Crucificação (c. 1635).
Nicolas Tournier (1590-c. 1638).
Óleo sobre tela (422 x 292 cm).
Musée du Louvre, Paris. 
Crucificação (1709).
Francesco Conti (1681-1760).
Óleo sobre tela (320 x 216 cm).
San Lorenzo, Florence. 
Crucificação (1730).
Franz Christophe Janneck (1703-1761).
Óleo sobre tela (50 x 41 cm).
Colecção privada. 
Crucificação (1758).
Franz Anton Maulbertsh (1724-1796).
Fresco.
Parish Church, Sümeg.
Crucificação (1822).
Pierre-Paul Prud'hon (1758-1823).
Óleo sobre tela (278 x 166 cm).
Musée du Louvre, Paris.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Abril na Pintura Universal


ABRIL (SÉC. XV). Paul, Jean et Herman de Limbourg (1370-80-1416).
Iluminura do “Livro de Horas do Duque de Berry”. Museu Condé, Chantilly.

Abril, quarto mês do calendário gregoriano, tem 30 dias; segundo dos romanos, antes da reforma do calendário por Numa; segundo da ano astronómico, por coincidir com a entrada do Sol no signo de Touro (animal doméstico que personifica a força e a utilidade), segundo do Zodíaco e primeiro dos francesas, até 1564, ano em que Carlos IX decretou que o ano começasse a ser contado a partir do dia 1 de Janeiro.
O seu nome derivará do latim Aprilis, que significa abrir, o que constitui uma referência à germinação das culturas. Uma hipótese etimológica alternativa aventa que Abril seja derivado de Aprus, nome etrusco de Vénus, deusa do amor e da paixão. Daí a crença de que os amores nascidos em Abril são para sempre. Finalmente, outra conjectura etimológica é aquela que relaciona Abril com Afrodite, nome grego da deusa Vénus, que teria nascido da espuma do mar, que em grego arcaico se dizia "Abril".
“Abril” é o tema central de telas criadas por grandes nomes da pintura universal, dos quais destacamos, associados por épocas/correntes da pintura:
RENASCENÇA: Paul, Jean et Herman de Limbourg (1370-80-1416). holandês; Francesco del Cossa (c. 1435-c. 1477), italiano; Artista desconhecido, Bruges, flamengo; Artista desconhecido, Bruges, flamengo; Simon Bening (1483-1561), flamengo; Miniaturista flamengo (?-?), flamengo; António de Holanda (?-?), holandês; Oficina de Simon Bening (1483-1561), flamengo.
BARROCO: Leandro Bassono (1557–1622), italiano.
Todos eles dão grande realce às actividades agro-pecuárias do mês de Abril.

Publicado inicialmente a 3 de Abril de 2012


ALEGORIA DE ABRIL OU TRIUNFO DE VÉNUS (1476-84). Francesco del
Cossa (c. 1435-c. 1477). Fresco (500 x 320 cm). Palazzo Schifanoia, Ferrara.
 
 1ª PÁGINA DO CALENDÁRIO DE ABRIL (1480). Artista desconhecido, Bruges.
Iluminura do “Livro de Horas de Joana de Castela”. British Library, London.

2ª página do Calendário de Abril (1480). Artista desconhecido, Bruges.
Iluminura do “Livro de Horas de Joana de Castela”. British Library, London. 

ABRIL (C/1515). Simon Bening (1483-1561). Iluminura do “Livro de Horas
da Costa”. Morgan Library, New York. 

ABRIL (1490-1510). Miniaturista flamengo (?-?). Iluminura (28 x 21,5 cm)
do “Breviário Grimani”. Biblioteca Nazionale Marciana, Venice. 

ABRIL (1517-1551). António de Holanda (?-?). Iluminura (10,8x14 cm) do
“Livro de Horas de D. Manuel I”. Museu Nacional de Arte Antiga. Lisboa. 

ABRIL (1530-1534). Oficina de Simon Bening (1483-1561). Iluminura (9,8x13,3 cm)
do “Livro de Horas de D. Fernando”. Museu Nacional de Arte Antiga, Lisboa.
 
ABRIL (1595/1600). Leandro Bassono (1557–1622). Óleo sobre tela
(164,5x145,5 cm). Kunsthistorisches Museum, Viena.

sábado, 31 de março de 2012

Dia das mentiras


PINÓQUIO (Quando mentia, o nariz crescia). Personagem de ficção surgida no
romance “As aventuras de Pinóquio” (1883), escrita por Carlo Collodi (1826-1890).
Ilustração de Enrico Mazzanti (1852-1910).


1º de Abril em Portugal
O dia 1 de Abril é conhecido entre nós por “Dia das mentiras”, dia em que por tradição se pregam partidas aos outros, sejam eles familiares, amigos, vizinhos ou colegas de trabalho. A nível dos mídia, a imprensa escrita, a rádio, a televisão e a internet veiculam notícias, a maioria das vezes surpreendentes ou fantásticas, mas credíveis, as quais só no dia seguinte se vem a saber serem “mentiras do 1º de Abril”.
Decerto que haverá referências mais antigas ao 1º de Abril em Portugal, mas a mais antiga que eu conheço, data de 1885 e deve-se a Teófilo Braga [1] que nos revela que nos Açores a data era conhecida por “dia das petas” e no Porto por “dia dos enganos”, citando a propósito um jornal de província: “Efectivamente um dos enganos mais explorados é obrigar um indivíduo a dar passos baldados, procurar um objecto impossível ou que não está no sítio que lhe designam. E são especialmente as crianças escolhidas para vítimas dos enganos, porque a elas se presta mais a sua inocência. – Vai buscar uma corda para amarrar o vento. - Ah! Exclamam para outro: Quem te pintou a cara? E a criança corre ao espelho e só então se lembra que está no 1º de Abril”.

O 1º de Abril na minha infância
À semelhança de outros cidadãos, fui naturalmente e por ingenuidade, vítima de brincadeiras do 1º de Abril. A primeira deve ter ocorrido quando tinha para aí uns nove anos de idade e frequentava a instrução primária. O meu pai tinha uma oficina de alfaiate no primeiro andar da casa onde morávamos, na rua da Misericórdia, em Estremoz. Quando cheguei a casa vindo da escola, uma costureira que me ouvira a subir a escada, apareceu de rompante e disse-me para eu não subir e ir ao armazém do Senhor Tabaquinho, no Rossio Marquês de Pombal, que era o meu pai que mandava. Era para trazer 1 metro de entretim amarelo, que se tinha acabado e que dissesse que o meu pai ia lá pagar depois. Entreguei-lhe então a sacola da escola e lá fui eu a caminho do armazém do Senhor Tabaquinho. Chegado lá, puto espigadote, declaro ufano:
- Senhor Tabaquinho: quero 1 metro de entretim amarelo, que o meu pai depois vem cá pagar.
Qual não foi o meu espanto, quando o Senhor Tabaquinho e com ele todos os empregados, começaram a rir a bandeiras despregadas.
- O que é que aconteceu para se estarem a rir dessa maneira? - Perguntei eu.
Responde o Senhor Tabaquinho:
- Foi o teu pai que te mandou cá?
- Não Senhor Tabaquinho, foi uma empregada. – Respondi eu.
Diz-me então o Senhor Tabaquinho:
- Sabes uma coisa rapaz? A tua encomenda é muito estranha. É que não existe entretim amarelo, o teu pai compra sempre à peça e paga logo. Sabes que dia é hoje? É o 1º de Abril. É o dia das mentiras. Sabes uma coisa? A empregada que te mandou cá pregou-te uma partida. Não te arrelies que a mim também me fizeram o mesmo há muito tempo e ainda aqui estou.
Ouvido isto, lá fui para a oficina com o rabo entre as pernas e quando entrei algo cabisbaixo, houve risota geral das costureiras. Porém, eu ericei o pelo da venta, arrebitei o nariz e proclamei:
- Não me voltem a enganar! Metam-se com os rapazes da vossa idade!
A risota acabou e o meu pai ficou a saber o que se tinha passado, exclamando então:
- O gaiato tem razão. Vocês não têm juízo nenhum…
Este foi o meu baptismo de 1º de Abril. Depois disto e que me lembre, caí numa esparrela mais uma vez e logo no ano seguinte, quando fui para o 1º ano do liceu. No início dum intervalo, um aluno do 5º ano, disse-me assim:
- Enquanto eu aproveito o intervalo para fumar um cigarro, preciso que vás ali à Difarsul e me compres cinco tostões de electricidade em pó, pois como sabes sou interno no Colégio e tenho uma avaria na electricidade lá do quarto. Toma lá o dinheiro e não te demores pá, para chegares antes do toque da sineta para a entrada, senão ainda tens falta.
Eu, porque me dava bem com ele, dispus-me sem hesitações a ser prestável e a ir fazer o avio, até porque a Difarsul, vendedora de produtos químicos, ficava a 100 metros dali. Chegado lá, disse ao que ia, enquanto punha a moeda para pagamento em cima do balcão.
Resposta do funcionário:
- Oh rapaz, guarda o dinheiro e diz a quem te mandou cá que tenha juízo! Fica a saber que electricidade, só por fios. Sabes uma coisa? Caíste numa brincadeira do 1º de Abril.
Cabisbaixo, voltei a correr para o Colégio para não chegar atrasado às aulas. Chegado ao pátio, disse ao colega mais velho:
- É pá, tu enganaste-me! Pregaste-me uma partida, mas toma lá a moeda que é tua.
Ele deu-me uma palmada no ombro e respondeu-me:
- Pois preguei, que é para ver se espertas!
Ficámos amigos à mesma e eu tomei aquela partida como advertência. A partir daí tornou-se difícil pregar-me partidas no 1º de Abril.

BIBLIOGRAFIA
[1] - BRAGA, Teófilo. O Povo Português nos seus Costumes, Crenças e Tradições. Livraria Ferreira – Editora. Lisboa, 1885.

Publicado inicialmente a 31 de Março de 2012

quinta-feira, 29 de março de 2012

A Primavera na Bíblia Sagrada


“A Primavera” ou “Adão e Eva no Paraíso” (1660-1664). Nicolas Poussin (1594–1665).
Óleo sobre tela (117 × 160 cm). Musée du Louvre, Paris.

São múltiplas as referências bíblicas à Primavera:
- “Eu dar-vos-ei chuva no seu tempo: chuvas de Outono e de Primavera. Deste modo, poderás recolher o teu trigo, o teu vinho novo e o teu azeite.” (Deuteronômio 11,14)
 - “que esperavam por elas como chuvisco, e bebiam-nas como chuva da Primavera.” (Jó 29,23)
 - “Vamos embriagar-nos com os melhores vinhos e perfumes, e não deixar que a flor da Primavera nos escape.”  (Sabedoria 2,7)
 - “Era como a rosa na Primavera, como lírio junto da água corrente, como ramo de árvore de incenso no Verão!” (Eclesiástico 50,8)
 - “Por isso faltaram as chuvas, e não caíram as chuvas da Primavera. No entanto, continuaste a tua vida de prostituta, e nem disso te envergonhaste.” (Jeremias 3,3)
 - “Não pensaram: «Vamos temer a Javé nosso Deus, que nos dá a chuva do Outono e da Primavera no tempo certo; e ainda estabeleceu as semanas certas para a colheita»”. (Jeremias 5,24)
 - “Alegrai-vos, filhos de Sião, e rejubilai em Javé, vosso Deus. Pois Ele mandou no devido tempo as chuvas do Outono e fez cair chuvas abundantes: as chuvas do Outono e da Primavera, como antigamente.” (Joel 2,23)
 - “Irmãos, sede pacientes até à vinda do Senhor. Vede como o agricultor espera pacientemente o fruto precioso da terra, até receber a chuva do Outono e da Primavera.” (São Tiago 5,7)

Publicado inicialmente em 29 de Março de 2012

sexta-feira, 23 de março de 2012

A Primavera na Pintura Universal


Primavera (Finais do séc. XIV). Iluminura de mestre desconhecido, pertencente
ao “Tacuinum Sanitatis”, livro medieval sobre o bem-estar, com base no Taqwin al
sihha تقوين الصحة ("Quadros de Saúde"), tratado do século XI da autoria do médico
árabe Ibn Butlan de Bagdad, o qual pertence à Biblioteca Casanatense, em Roma.


A Primavera é o tema central de obras de grandes mestres da pintura universal, dos quais destacamos, associados por épocas/correntes de pintura:
- IDADE MÉDIA: Giotto di Bondone (1267-1337), italiano; autor desconhecido (Finais do séc. XIV).
- RENASCENÇA: Sandro Botticelli (1445-1510), italiano; Agnolo Bronzino (1503-1572), italiano.
- MANEIRISMO: Jacob Grimmer (1525-1590), flamengo; Giuseppe Arcimboldo (1526-1593), italiano; Tintoretto (1518-1594), italiano; Abel Grimmer (c. 1570-c. 1619), flamengo.
- BARROCO: Lucas van Valkenborch (1566-1623), flamengo; Francesco Albani (1758-1660), italiano; Nicolas Poussin (1594–1665), francês; Rosalba Carriera (1675-1757), italiana; Pierre-Antoine Quillard (1700–1733),francês; Nicolas Lancret (1690-1743), francês; Anton Kern (1709-1747), alemão; Jacob de Wit (1695-1754), holandês.
- ROCOCÓ: Christian Bernhard Rode (1725–1797), alemão.
- ROMANTISMO: János Rombauer (1782-1849), húngaro; Adrian Ludwig Ritcher (1803-1884), alemão; Ferdinand Georg Walmüller (1793-1865), austríaco.
- REALISMO: Jean-François Millet (1814-1875), francês.
- IMPRESSIONISMO: Claude Monet (1840-1926), francês.
- SIMBOLISMO: Arnold Böcklin (1827–1901), suíço.
- ARTE NOVA: Alfons Mucha (1860–1939), checo.
- NATURALISMO: José Maria Veloso Salgado (1864-1945), português; José Malhoa (1855-1933), português.
E que nos mostram estes mestres da pintura universal?
A natureza é representada verdejante e florida.
Por vezes são retratados trabalhos agrícolas ou de jardinagem, característicos do início da estação.
As cenas são em geral iluminadas, reflectindo a claridade própria da época. Por vezes, a estação é tratada alegoricamente com recurso a uma ou mais figuras femininas enquadradas por flores, em ramos, grinaldas ou arcos.

Hernâni Matos
Publicado inicialmente nem 23 de março de 2012

Lenda de São Francisco: 14. Milagre da Primavera (1297-1300).
Giotto di Bondone (1267-1337).
Fresco (270 x 200 cm).
Basílica Superior, San Francesco, Assisi.

Primavera (c. 1482).
Sandro Botticelli (1445-1510).
Tempera sobre painel (203×314 cm).
Galleria degli Uffizi, Florence.

O Milagre da Primavera (c. 1543).
Agnolo Bronzino (1503-1572).
Fresco.
Palazzo Vecchio, Florence.

Primavera (2ª metade do séc. XVI).
Jacob Grimmer (1525-1590).
Óleo sobre madeira (35,5 x 60 cm).
Szépmûvészeti Múzeum, Budapest.

Primavera (1563).
Giuseppe Arcimboldo (1526-1593).
Óleo sobre madeira de carvalho (66 x 50 cm).
Museo de la Real Academia de San Fernando, Madrid.

Primavera (c. 1564).
Tintoretto (1518-1594).
Óleo sobre tela (Diâmetro: 90 cm).
Scuola Grande di San Rocco, Venice.

Paisagem na Primavera (1587).
Lucas van Valkenborch (1566-1623)
Óleo sobre tela (116 x 198 cm).
Kunsthistorisches Museum, Vienna.

Primavera (1607).
Abel Grimmer (c. 1570-c. 1619).
Óleo sobre painel (33 x 47 cm).
Koninklijk Museum voor Schone Kunsten, Antwerp.

Primavera - Vénus fazendo a higiene pessoal (1616-17).
Francesco Albani (1758-1660).
Óleo sobre tela (Diâmetro: 154 cm).
Galleria Borghese, Rome.

“A Primavera” ou “Adão e Eva no Paraíso” (1660-1664).
Nicolas Poussin (1594–1665).
Óleo sobre tela (117 × 160 cm).
Musée du Louvre, Paris.

Primavera (c. 1725).
Rosalba Carriera (1675-1757).
Pastel sobre papel cinzento colado em cartão (24 x 19 cm).
The Hermitage, St. Petersburg.

As Quatro Estações: Primavera (c. 1730).
Pierre-Antoine Quillard (1700–1733).
Óleo sobre tela (43 × 34 cm).
Sammlung Thyssen-Bornemisza.

Primavera (1738).
Nicolas Lancret (1690-1743).
Óleo sobre tela (69 x 68 cm).
Musée du Louvre, Paris.

Verão e Primavera (1747).
Anton Kern (1709-1747).
Óleo sobre tela (165 x 126 cm).
The Hermitage, St. Petersburg.

Alegoria das Quatro Estações – Primavera (1751-52).
Jacob de Wit (1695-1754).
Óleo sobre tela (217 x 145 cm).
Staatliche Museen, Kassel.

Alegoria da Primavera (1785).
Christian Bernhard Rode (1725–1797).
Óleo sobre tela (218 ×109 cm).
Eremitage, St. Petersburg.

Primavera (c. 1830).
János Rombauer (1782-1849).
Óleo sobre tela (46 x 36 cm).
Mestská Galeria, Presov.

Cortejo nupcial numa paisagem primaveril (1847).
Adrian Ludwig Ritcher (1803-1884).
Óleo sobre tela (93 x 150 cm).
Gemäldegalerie, Dresden.

Início da Primavera nos Bosques de Viena (1864).
Fedinand Georg Walmüller (1793-1865).
Óleo sobre tela (43 x 54 cm).
Nationalgalerie, Berlin.

Primavera (1868-73).
Jean-François Millet (1814-1875).
Óleo sobre tela (86 x 111 cm).
Musée d'Orsay, Paris.

A Primavera (1874).
Claude Monet (1840-1926).
Óleo sobre tela (57 x 80 cm).
Alte Nationalgalerie, Berlin.

Primavera (1875).
Arnold Böcklin (1827–1901).
Tempera sobre painel (60×50,5 cm).
Museum der bildenden Künste, Leipzig.

Primavera (1896).
Alfons Mucha (1860–1939).
Óleo sobre painel.
Colecção particular.

Primavera (1917).
José Maria Veloso Salgado (1864-1945).
Óleo sobre tela (108 x 160 cm).
Museu Abade de Baçal, Bragança.

Primavera (1933).
José Malhoa (1855-1933).
Pastel sobre papel (30 x 23 cm).
Museu José Malhoa, Caldas da Rainha.