Aspecto da assistência. Fotografia de Luís Guimarães.
O EVENTO EM SI
Pelas dezasseis horas do passado dia 2 de Setembro, teve
lugar na Igreja dos Congregados, em Estremoz, o lançamento e apresentação do livro
“FRANCO-ATIRADOR. TEXTOS DE CIDADANIA DE UM ALENTEJANO DE ESTREMOZ”, evento que
contou com a participação de mais de uma centena de pessoas.
O painel de apresentação do autor e do livro foi constituído
por Fernando Mão de Ferro (da editora Colibri), Hernâni Matos (autor), Francisca
Matos (prefaciadora), António Júlio Rebelo (posfaciador) e Armando Alves (autor
da capa), tendo-se registado intervenções dos quatro primeiros.
No local esteve ainda patente ao público uma exposição de exemplares
de figurado e de arte conventual de Estremoz, referidos no livro.
PALAVRAS DO AUTOR
MINHAS SENHORAS E MEUS SENHORES:
Procurarei ser breve, tanto quanto possível. Começarei pelos agradecimentos.
Em primeiro lugar,
quero agradecer ao Pároco de Santo André Dr. Fernando Afonso, ter-me
possibilitado a apresentação do livro na Igreja dos Congregados, que além de estar
situada no centro da cidade é um espaço excelente, já que é amplo, com muita dignidade
e onde se respira espiritualidade. Tudo isso são factores favoráveis à
apresentação do livro neste local. Mas há duas outras razões e qualquer delas
tem a ver com o exercício da cidadania, que é o tema central do meu livro.
Em 1º lugar, a atitude de
resistência dos frades oratorianos que em 1808, no decurso da 1ª invasão
francesa, esconderam no Convento dos Congregados, a imagem da Rainha Santa
Isabel trazida da sua Capela no Castelo e que assim escapou ao saque dos
franceses.
Em 2º lugar, a Igreja
dos Congregados incompletamente construída nos anos 60 do séc. XX, simboliza a
determinação da comunidade local em ressarcir a Paróquia de Santo André do
derrube da Igreja homónima, a mando do Estado Novo, que acabaria por morrer de
velho.
São factos importantes
no meu registo de memória e que por isso constam no livro. Este, insere entre
outros os seguintes textos profusamente ilustrados:
- Senhor Jesus dos
Passos de Estremoz
- As Festas da Exaltação
da Santa Cruz de 1963
- Rainha Santa Isabel,
Padroeira de Estremoz
- Santo António na
Tradição Popular Estremocense
Daí que à semelhança do
que aconteceu em 2012 com o lançamento do livro anterior, me tenha lembrado de
expor na Igreja dos Congregados, exemplares de figurado e de arte conventual de
Estremoz, referidos naqueles textos.
Como artesão das
palavras foi a maneira encontrada de fazer ponte com artesãos do barro e da
arte conventual que são os melhores embaixadores desta terra transtagana, aquém
e além fronteiras. Também eles, vivos ou finados, são heróis que exalto ao
longo do livro, pelo fascínio que exercem em mim, as técnicas ancestrais que
dominam e lhe brotam miraculosamente à flor das mãos.
Em segundo lugar,
quero agradecer ao editor Fernando Mão de Ferro da Colibri, editora prestigiada
que tem um projecto editorial com o qual me identifico. Foi a ele que submeti
para apreciação o projecto de edição do presente livro, o qual foi aceite. Daí
estarmos hoje aqui.
Em terceiro lugar,
quero agradecer ao pintor Armando Alves, amigo de longa data e figura cimeira
da cultura nacional e com obra espalhada pelas sete partidas do Mundo. “Armando
Alves, Inventor de Céus e Planícies” no dizer de José Saramago, está
indissociavelmente ligado à História das Artes Plásticas em Portugal e
revolucionou as Artes Gráficas. Uma capa do Armando é uma obra de arte. Daí que
lhe tenha pedido para criar a capa, ao que ele acedeu sem hesitação alguma. O
resultado é bem conhecido e nele está magistralmente expresso o Alentejo
vermelho das terras de barro de Estremoz, gravado não só na sua como na nossa
alma e, que sob a direcção atenta e calorosa do seu olhar de visionário, as
suas mãos sabem com mestria transmitir a tudo aquilo que faz. A capa do Armando
elevou o livro a uma dimensão superior àquela que já tinha. Estou-lhe infinitamente
grato por isso.
Em quarto lugar,
quero agradecer aos professores Francisca de Matos e António Júlio Rebelo, duas
figuras prestigiadas da comunidade local, bem conhecidas nos meios culturais.
São também amigos de longa data, companheiros de trilhos culturais, com os
quais é gratificante caminhar. Tanto um como o outro me conhecem bem e à minha
escrita. Daí que tenha sido inescapável convidá-los a prefaciar e a posfaciar o
meu livro. À semelhança da capa do Armando, também o prefácio da Francisca de
Matos e o posfácio do António Júlio Rebelo elevaram o livro a uma dimensão
superior àquela que já tinha. Também a eles estou infinitamente grato por isso
e à Francisca de Matos também a revisão apurada e meticulosa do texto.
Em quinto lugar,
quero agradecer a presença de todos vós, a qual é para mim gratificante e me dá
estímulo para continuar.
Permitam-me agora falar um pouco de mim e do livro.
Como cidadão tenho uma
visão multifacetada do mundo e da vida, que me leva a interpretar a realidade
sob múltiplos ângulos interdisciplinares, na procura assimptótica da verdade. A
minha amiga Francisca Matos disse-me um dia: - “Nunca se sabe para onde é que o
Hernâni vai disparar!”. De facto, tenho um espectro largo de interesses
pessoais, os quais estão na origem das temáticas abordadas serem diversificadas
e muitas vezes, uma síntese dialéctica das mesmas.
Na
escrita assumi-me como franco-atirador, que como sabem é um atirador de
precisão. As minhas armas são os abastados arsenais da minha memória e da minha
biblioteca e arquivo pessoais, a que acresce a pesquisa incessante, a exigência
de rigor e a minha maneira própria de dizer as coisas.
Como franco-atirador do pensamento e da acção,
os meus disparos não são
previsíveis, nem sequer condicionáveis e muito menos controláveis. No texto “Que farei com esta coluna?” inserido no livro, proclamo que:
“Um franco-atirador é como um cavalo
à rédea solta que cavalga
em sintonia com a campina,
por necessidade telúrica
e onírica de exercitar a liberdade. Legitima-me a força da razão que emana da Terra-Mãe, do espírito dos antepassados e da missão inescapável de passar
o testemunho.”
Como escritor,
jornalista e blogger, utilizo a escrita como instrumento ao serviço do
exercício do direito de cidadania. Os meus textos constituem reflexões sobre
problemas individuais e sociais, visando potenciar uma tomada de consciência
por parte daqueles com quem interactuo, numa perspectiva de gerar dinâmicas de
intervenção e transformação social que tenham como referência os direitos
humanos.
O livro agora dado à
estampa, constitui uma compilação seleccionada de textos do período 1998-2017.
São escritos que foram publicados na imprensa local e no blogue “Do Tempo da
Outra Senhora”, bem como em catálogos de exposições, assim como textos utilizados
na apresentação de livros e como comunicações em sessões de índole diversa,
para as quais fui convidado. Cada texto está perfeitamente identificado não só
em termos de temporalidade, como no que respeita a local de publicação ou
divulgação.
Os jornais desaparecem
com o tempo e ficam confinados aos arquivos de bibliotecas e de editores. Daí
ser importante compilar textos jornalísticos em livro, o qual assegura a perpetuidade
dos textos, que assim servem para memória futura do que foi uma época.
O tema central do livro
é o exercício da cidadania nos seus múltiplos aspectos por parte de um
português, que tem a particularidade de ser um alentejano de Estremoz.
Por uma questão de
metodologia os textos foram sistematizados e ordenados em seis grandes capítulos
que designei sucessivamente por: Da Identidade, Das Palavras, Da Sociedade, Do
Património, Da Cultura, Da Memória.
“Da Identidade” reúne
textos que têm a ver com a minha matriz identitária como português, alentejano
e estremocense. “Das Palavras” congrega textos que são reflexões sobre o acto
de criação do texto literário e do texto jornalístico, bem como sobre a
deturpação da escrita, não só devido a “gralhas” como a modificação indevida de
textos na redacção, sem autorização prévia do autor. “Da Sociedade” junta
textos de crítica social e política, tanto a nível local como a nível nacional.
“Do Património” agrega textos referentes à defesa do património cultural,
material e imaterial a nível local.”Da Cultura” é uma compilação de textos da
área cultural relativos à minha actividade neste domínio. “Da Memória” é
integrado por textos “in memorian” de figuras destacadas da comunidade que já
partiram e cuja evocação me é grata.
A escrita vale por ela
própria e por isso o livro foi inicialmente concebido sem ilustrações. Porém, a
dada altura, pensei que seria positivo ilustrá-lo com imagens de Estremoz do
passado, maioritariamente pertencentes ao meu arquivo pessoal. Em boa hora o
fiz, porque o público é diversificado e a visualização de imagens reforça o conteúdo
do livro, que todavia não fica refém delas.
O livro foi dedicado à Memória de Francisco Joaquim
Batista (Chico das Metralhadoras), velho republicano que me iniciou no
exercício dos direitos de cidadania. Foi também dedicado a Manuel Madeira
(Cachila) cineasta e amigo de juventude que incentivou em mim o gosto pela
escrita.
A partir de agora este livro é também vosso.
Desejo-vos que tenham tanto prazer na sua leitura, como eu tive em redigir cada
texto.
Obrigado a todos pela vossa amizade e também pela
vossa presença.
Bem hajam!
Painel de apresentação do autor e do livro. Fotografia de Maria Helena Figueiredo.
Aspecto da assistência. Fotografia de Luís Guimarães.
Aspecto da assistência. Fotografia de Luís Guimarães.
Aspecto da assistência. Fotografia de Luís Guimarães.
Aspecto da assistência. Fotografia de Luís Guimarães.
Aspecto da assistência. Fotografia de Pedro Fortunas.
Aspecto da assistência. Fotografia de Pedro Fortunas.
O autor autografando exemplares da obra. Fotografia de Pedro Fortunas.
Aspecto da assistência. Fotografia de Pedro Fortunas.
Aspecto da cúpula da Igreja dos Congregados. Fotografia de Pedro Fortunas.
Exemplares de figurado e de arte conventual de Estremoz, referidos no livro.
Fotografia de Pedro Fortunas.
Fotografia de Pedro Fortunas.
Exemplares de figurado e de arte conventual de Estremoz, referidos no livro.
Fotografia de Pedro Fortunas.
Video de apresentação do livro. Realização de Pedro Fortunas.
Fotografia de Pedro Fortunas.
Video de apresentação do livro. Realização de Pedro Fortunas.
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