segunda-feira, 14 de março de 2011

Do coice ao Cavalo-vapor

Churrião. Bilhete-postal ilustrado do início do século XX (Edição de Faustino António Martins, Lisboa).

Órfãos de pai e mãe, discípulos acidentais de Proust, procuramos angustiadamente o tempo perdido.
Foi na velha Albion, nos primórdios da Revolução Industrial, que os iniciáticos da energia elástica do vapor, deram o golpe de misericórdia na empregabilidade e ultrajaram a convicção libertária de que o Homem é o capital mais importante. Económica e sociologicamente estiveram na génese do capitalismo, das sequelas que se lhe seguiram, bem como de outros “ismos” que prosseguiram na sua peugada. Todavia e numa perspectiva cientifica de Arqueologia Industrial - é legítimo pensá-lo - foram arcaicos. Os seus arquétipos estavam limitados espaço-temporalmente à energia do cavalo, ao coice da mula e à teimosia do burro, o qual duma forma singular, sabe como ninguém dizer:
- “ Não. Não vou por aí”.
Para eles, a sua referência-mestra eram a energia e a potência dos motores de combustão a palha. Do coice e da tracção animal, assim se chegou ao Cavalo-vapor como unidade de potência.

4 comentários:

  1. Ora ficou a raça do coice, numa primeira fase, diminuída de futuros préstimos. Com a chegada do primeiro automóvel a Portugal, um Panhard & Levassor. Até ficou tudo muito confuso na Alfândega sobre a taxa a plicar a tão estranho artefacto. Seria uma máquina agrícola ou uma locomóvel ,uma máquina a vapor? Adoptou-se esta última categoria. Curiosamente na primeira viagem que se fez de Lisboa a S. Tiago de Cacém, ocorreu o primeiro acidente de viação em Portugal, foi atropelado um burro.Como tença de castigo: haveriam de ficar no futuro muitos daqueles cavalos a vapor na berma da estrada...

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  2. As coisas que eu vou sabendo através deste blogue, estas maravilhosas curiosidades que também são história, nossa história!!!

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  3. Meu Caro Hernâni

    Gostei, mas .........!! Pois é mas eu ainda sou do tempo em que íamos à feira de Santarém comprar a junta de vacas para fazer a vindima, a lavra da terra para semear a aveia e a cevada para os animais e depois para que as vacas não ficassem a comer palha sem nada fazerem, eram vendidas ao matadouro e transformadas em excelentes bifes. Logo nada de coices-a-vapor. Era tudo aproveitadinho no Portugal dos pobres, porque hoje somos todos ricos e já só há coices-a-vapor!!!
    Abração
    Pedro
    Pedro

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    1. Pedro:
      Como é sabido, eu tenho formação em Física dura, fui treinado para pensar e para me levantar do tapete com redobrado vigor, após cada queda. Eu falo do que sei, da minha matriz alentejana, da minha visão da Ciência, dos meus amigos, da minha visão da História e da Sociedade e, das minhas colecções. É disso que eu falo. Cada vez com mais determinação. Doutras coisas não falo.
      Um grande abraço para si, também.

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