Veiros: Bairro da Eira da Pedra Alçada
Veiros:
quem protege os
moradores da Eira da Pedra Alçada?
Maria Helena Figueiredo
Distrital de Évora do Bloco de Esquerda
Texto transcrito com a devida vénia,
do jornal Brados do Alentejo, de Estremoz,
do dia 13 de Fevereiro de 2020
Fotografias enviadas
por um morador do local
A construção da barragem de
Veiros, em meados de 2015 e a que correspondeu um investimento público de cerca
de 25 de milhões de Euros, veio responder a uma aspiração antiga e com ela a água
tornou-se acessível à agricultura.
Ao contrário do que seria
uma vantagem para Veiros com a água vêm os projectos de agricultura intensiva e
super intensiva, os impactos negativos para o ambiente e um pesadelo para
muitos dos que lá vivem.
Junto ao Bairro da Eira da
Pedra Alçada, está a ser preparado o terreno para instalação de um olival
intensivo ou super intensivo, numa propriedade que chega mesmo junto às casas
ali existentes, o que está a preocupar, com razão, quem lá vive.
Escassos 10 ou 15 metros separam os
muros das habitações que ali existem dos terrenos que estão já a ser preparados
para o futuro olival intensivo.
A plantação de olival
intensivo vai chegar perto das casas e há um conjunto de
questões de saúde pública que se levantam e que, com razão, preocupam a
população ali residente e relativamente às quais as entidades responsáveis
parecem não dar qualquer importância.
Como todos sabemos estas
culturas desenvolvem-se de forma rentável pelo recurso a um elevadíssimo
consumo de água, da ordem dos 4.000
a 7.000
m3 por ha, e à aplicação de adubos e de fitofármacos que
produzem fortíssimos impactos no ar que se respira, no solo e nas águas de
superfície e subterrâneas.
Mesmo nos casos em que a
produção é desenvolvida em modo integrado, ou seja, seguindo regras menos
danosas para o ambiente, a instalação de um olival intensivo (e mais ainda super
intensivo) implica sempre a aplicação adubos, de fungicidas e pesticidas e
pulverizações regulares, que sujeitarão a população a respirar o ar contaminado
com estes produtos.
Muitos destes produtos são
glifosatos, muito perigosos para a saúde humana e vão ser aplicados junto às
habitações.
Também a utilização de
fertilizantes e pesticidas vai poluir as águas superficiais e subterrâneas,
águas de poços que muita desta população utiliza.
De acordo com a legislação
em vigor, a aplicação destes produtos em zonas urbanas é sujeita a um conjunto
de regras, mas neste caso, como será numa exploração agrícola, nenhuma dessas
precauções será aplicável, apesar de as casas estarem a escassos 10 ou 15 metros .
Legitimamente os moradores
estão muito preocupados e receosos. Quais as consequências para a sua saúde e a
dos seus filhos e netos por estarem a respirar regularmente ar contaminado
pelas pulverizações de químicos? Como vão garantir que a qualidade da água dos
poços e furos não é afectada pela drenagem dos fitofármacos e adubos e como vão
continuar a comer a produção dos seus quintais? Quem quererá viver com um
olival intensivo à porta de casa e quem quererá comprar as suas casas se
quiserem ou tiverem que as vender?
O que está em causa já não
é apenas o impacto ambiental destas culturas super intensivas, o consumo
excessivo de água ou a salinização e sodificação dos solos. O que está em causa
em Veiros é, no imediato, a saúde pública destes moradores e nenhum argumento
tornará admissível que se instalem culturas intensivas a 10 ou 20 metros das habitações,
seja em Veiros seja noutro qualquer local.
As entidades públicas
questionadas pelos moradores não tem dado respostas ou quando as dão pouco adiantam, como foi o caso da Junta de Freguesia, que
questionou os promotores do projecto, os quais, naturalmente, terão defendido
que o mesmo não constituía qualquer perigo para a população, tendo a Junta
concluído que se tudo for como os promotores dizem não haverá prejuízo,
incómodo ou perigo para os moradores.
E se não for assim?
Hoje sabemos, pela
experiência de muitas populações, em particular no Baixo Alentejo, que a sua
qualidade de vida e a sua saúde estão fortemente ameaçadas com a instalação de
olivais e amendoais intensivos e super intensivos perto das habitações.
E porque sabemos, não é
admissível que os poderes públicos fechem os olhos a situações destas, omitindo
a sua obrigação primeira que é a protecção das populações.
Exige-se, por isso que,
quer a Câmara Municipal de Estremoz, quer a Junta de Freguesia de Veiros, quer
os Ministérios da Agricultura e da Saúde, desenvolvam todas as acções ao seu
alcance para proteger os moradores de Veiros, em especial da Eira da Pedra
Alçada.
E que o façam agora,
enquanto é tempo.
Veiros: Bairro da Eira da Pedra Alçada
Veiros: Bairro da Eira da Pedra Alçada
Veiros: Bairro da Eira da Pedra Alçada
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