Maria Luísa da Conceição comigo, no decurso duma entrevista
que me concedeu em sua casa em 2013. Fotografia de Luís Guimarães.
Novo livro de Georgina Ferro apresentado
na Sociedade de Artistas Estremocense
Reportagem de Hernâni Matos. Fotografias de Manuel Xarepe
A Sessão de apresentação
Com o Salão de Festas da Sociedade de Artistas Estremocense literalmente cheio, teve lugar a partir das 16 horas e 30 minutos do passado dia 28 de Setembro, a sessão de lançamento e apresentação do livro “NA JANELA DO TEMPO / TRADIÇÃO, CONTRABANDO E EMIGRAÇÂO”, da autoria de Georgina Ferro, editado em Julho passado pelas edições Colibri, com uma tiragem de 500 exemplares.
A sessão foi coordenada por Fátima Crujo e a intervenção de abertura coube a João Ferro, Presidente da Direcção. Na Mesa encontravam-se o editor do livro, Fernando Mão de Ferro, Hernâni Matos e a autora, que falaram por esta ordem.
Coube a Hernâni Matos fazer a apresentação formal da obra, finda a qual solicitou uma calorosa salva de palmas para a autora, que agradeceu emocionada. Seguiu-se a leitura de excertos de estórias do livro pela filha Sónia Ferro e pelos netos Clara Ferro e Tiago Ferro. No final, a autora autografou o livro para o muito público presente.
A autora
A autora, professora aposentada do 1º ciclo, é natural de Manteigas, onde nasceu a 8 de Dezembro de 1948, dia consagrado a Nossa Senhora da Conceição. Daí que, segundo diz, se tenha sentido “sempre abençoada e protegida por todas as mães: a Mãe Natureza, a Mãe Celestial e a Mãe da Terra”. A autora revela-nos que repartiu o tempo de infância ente Manteigas, Aldeia do Bispo (Sabugal) e Covilhã. Frequentou a Instrução Primária até à 3ª classe em Aldeia do Bispo (Sabugal) e a 4ª classe em Manteigas. Ingressou depois no Ensino Liceal no Colégio de Nossa Senhora Auxiliadora, no Monte Estoril. Em 1967 ingressou na Escola do Magistério Primário de Évora e terminado o Curso, começou a leccionar o Ensino Primário no ano de 1969 em Rosário (Alandroal), a que se seguiram Veiros, Selmes (Vidigueira), Aldeia da Serra e Glória, onde leccionou 32 anos, até se aposentar em 2003.
Fixou-se em Estremoz em 1972 e aqui casou e teve 3 filhos: Sónia, Pedro e Inês. Sem nunca ter perdido os laços afectivos à terra natal e aos territórios da sua infância, Georgina é cumulativamente uma estremocense adoptiva, que tem participado activamente na vida social da Comunidade em múltiplos aspectos: educativos, cívicos e culturais.
Conheço seguramente a Georgina desde o início do exercício do Magistério Primário na Freguesia da Glória, da sua ligação à Comunidade, do seu reconhecimento por parte da mesma e do seu amor às coisas campaniças.
Lembro-me de partilhar há muito com a Georgina uma grande admiração pelo “Ti Rolo” da Aldeia de Cima (Glória), que exercia sobre nós um fascínio incomensurável, pela sua oralidade transbordante e pelos artefactos de arte pastoril nascidos das suas mãos mágicas, nos quais projectava toda a imaginária popular, lavrada em chifres e paus sabiamente escolhidos.
Lembro-me do nascimento da sua filha Sónia e tive o privilégio de ser professor de Física de 12º ano do seu filho Pedro. Foi uma experiência encantadora, pois além do Pedro ser um aluno fortemente motivado, eu tive oportunidade de pôr em prática o método de ensino-aprendizagem personalizado, preconizado por muitos pedagogos. É que o Pedro era o único aluno da turma. Nenhum de nós deixou os seus créditos por mãos alheias e a experiência pedagógica foi um êxito.
Lembro-me do envolvimento da Georgina no Projecto Serra de Ossa, desde o início, no tempo da liderança de Gil Malta e de ela ter participado em 1998, conjuntamente com outros professores, entre os quais eu me incluo, nas “Segundas Jornadas da Serra d’Ossa”, levadas a efeito na Escola Secundária da Rainha Santa Isabel. A sua bem-sucedida intervenção oral nessas jornadas, foi o embrião dos seus primeiros livros, publicados ambos em 2005: “Plantas Medicinais da Serra d'Ossa” e “Por um Amanhã Mais Verde, Mezinhas Caseiras com Plantas da Serra d'Ossa”.
Em Setembro de 2012, a Georgina concedeu-me o privilégio de participar na apresentação pública do meu livro “Memórias do Tempo da Outra Senhora”, o que muito me congratulou.
Em Dezembro de 2013 a Georgina brindou-nos com o lançamento do seu livro de poesia “O MEU ARRAIAR POR TERRAS DO SABUGAL”, editado pela Colibri, o qual foi apresentado na Casa de Estremoz pela Maria do Céu Pires e pela Francisca de Matos.
Desta feita, coube-me a mim fazer a apresentação formal do seu mais recente livro “NA JANELA DO TEMPO / TRADIÇÃO, CONTRABANDO E EMIGRAÇÂO”, na sequência do convite que me foi endereçado pela autora e que eu gostosamente aceitei.
A ADOE-Associação Dinamizadora da Olaria de Estremoz participou entre 20 e 27 de Julho na 46ª Feira Nacional de Artesanato de Vila do Conde. Fê-lo em stand próprio, na condição de associação independente, com personalidade jurídica, que se inscreveu por sua própria iniciativa e se deslocou pelos seus próprios meios.
A ADOE constitui-se em 2023, na
sequência do Curso de Olaria que por módulos teve lugar a partir de 2021, no
Centro Interpretativo do Boneco de Estremoz. O Curso foi fruto de uma parceria entre
o Centro de Formação Profissional para o Artesanato e Património (CEARTE) e o Município
de Estremoz. Teve como formador Mestre Xico Tarefa, Mestre oleiro prestigiado,
com longa experiência e sempre pronto a ajudar os formandos.
A ADOE é constituída entre outros
por: Inês Crujo, Ana Calado, Luís Rosa, Vera Magalhães, Xico Tarefa, Jorge
Carrapiço, André Carvalho, Pedro Capão, Graça Paulo e Sara Sapateiro.
A ADOE propõe-se recuperar a
olaria tradicional de Estremoz, o que constitui uma iniciativa muito louvável e
de alcance incomensurável. Desejo-lhe os maiores êxitos na prossecução dos seus
objectivos estatutários. Bem hajam!
À Feira levou trabalhos como “Sagrada Família”, “Nossa Senhora da Conceição”, “Amor é cego”, “Primavera” e “Presépio de altar”, dentro do âmbito do Figurado de Estremoz. Fora deste apresentou ainda um “Busto de pastor alentejano”.
O “Presépio de altar” participou na 2ª edição do “Concurso
Jovem Artesão”, que teve lugar durante a Feira, sem todavia ser distinguido
pelo Júri.
Sara Sapateiro (1995- ), sobre a qual já elaborei o texto Sara Sapateiro e o aristocrata rural (ler aqui), é discípula da barrista Maria Isabel Isabel Catarrilhas Pires, com a qual começou a trabalhar em 2018. No ano seguinte frequentou o Curso de Formação sobre Técnicas de Produção de Bonecos de Estremoz, que teve lugar no Centro Interpretativo do Boneco de Estremoz, no Palácio dos Marqueses de Praia e Monforte. O Curso foi promovido pelo CEARTE - Centro de Formação Profissional para o Artesanato e Património, em parceria com o Município de Estremoz. No Curso aprofundou os conhecimentos de Barrística de Estremoz, com Mestre Jorge da Conceição.
De então para cá tem modelado e criado de uma forma fluida,
imagens que umas vezes se integram no Figurado de Estremoz e outras vezes não,
mas que têm o seu público, já que são apelativas, não só pela modelação como
pelo cromatismo.
Desde 28 de Maio do ano em curso que é portadora de Carta de
Artesão e de Unidade Produtiva Artesanal na área da Cerâmica Figurativa,
emitida pelo CEARTE.
Creio que em devido tempo, que só a ela cabe decidir,
submeterá a sua produção a processo de certificação como artesã produtora de
Bonecos de Estremoz, junto da Adere-Certifica, organismo nacional de
acreditação a quem compete a certificação de produções artesanais tradicionais,
com garantia da qualidade e autenticidade da produção.