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quinta-feira, 15 de setembro de 2022

Falem português, por favor

 



“Minha Pátria é a Língua Portuguesa´´
Fernando Pessoa

Colonização linguística
A função de uma língua é servir como um meio de comunicação claro e eficaz, o que exige que se fale e se escreva de forma clara, de modo a conseguir que as outras pessoas compreendam.
Acontece que em Portugal estamos a ser bombardeados com estrangeirismos e muito em especial por anglicismos, veiculados maioritariamente pelos meios de comunicação social e que dificultam ou bloqueiam a compreensão dos conteúdos.
Estamos perante uma agressiva operação de colonização linguística, tanto mais grave quanto mais desnecessária e descabida é, já que na esmagadora maioria das situações, existem termos ou expressões portuguesas, equivalentes aos anglicismos.
Uma tal operação de colonização não é de modo algum aceitável, nem mesmo em nome da globalização, apregoada por alguns como uma fatalidade irreversível. É que essa colonização promove a dicotomia da sociedade em dois estratos com poderes diferenciados, fruto das suas diferentes permeabilidades linguísticas aos anglicismos.
A preservação da nossa identidade cultural enquanto povo soberano, exige a defesa da língua portuguesa, o que entre outras coisas, passa pela denúncia e pelo combate à utilização abusiva e desnecessária desses anglicismos. É essa a missão que assumo no presente texto, com a profunda convicção de que “A língua de um povo é a sua alma”, tal como nos ensina o filósofo alemão Johann Fichte.

Anglicismos desnecessários
Longe de constituir um inventário exaustivo de anglicismos desnecessários, tarefa assaz ciclópica, dada a extensão do mesmo, a presente listagem corresponde apenas a anglicismos nos quais os meus olhos e ouvidos tropeçaram ultimamente: background (pano-de-fundo), backoffice (retaguarda), backup (cópia de segurança), best seller (o mais vendido), black friday (sexta-feira negra), booking (reserva), boss (chef), briefing (resumo), bug (falha informática), bullying (intimidação sistemática), by pass (variante), call girl (acompanhante), casting (pré-selecção), CEO (director executivo), checklist (lista de controlo), check-out (registo de saída), chek up (exame médico completo), chek-in (registo de entrada), coffee break (pausa para café), cool (fresco), data (dados), database (base de dados), delete (excluir), delivery (entrega a domicílio), DJ (animador musical), download (descarga de dados), e-mail (correio electrónico), entertainer (animador), expert (especialista), fake news (notícias falsas), fast-food (comida rápida), franchising (franquia), front (frente de batalha), full screen (tela cheia), happening (evento), hi-fi (alta fidelidade), hi-tech (alta tecnologia), home page (página principal), hosting (hospedagem), input (entrada), jet set (colunáveis), job (trabalho), keyboard (teclado de computador), keyword (palavra chave), know-how (saber-fazer), lay-off (período de inactividade), leading edge technology (tecnologia de ponta), lifestyle (estilo de vida), light (leve), link (ligação), lobby (ante-sala), log in (início da sessão), log out (fecho da sessão), look (aspecto), low cost (baixo preço), make-up (maquiagem), must (necessidade, obrigação), nickname (apelido), online (ligado á internet), open air (ar livre), open market (mercado aberto), output (saída), part-time (tempo parcial), performance (desempenho), performer (artista), pet (animal de estimação), playboy (libertino), player (jogador(a)), playoff (eliminatória), pocket book (livro de bolso), post (publicação), post it (nota adesiva), rating (avaliação), replay (repetir), resort (estância turística), rooming (alojamento conjunto), running (corrida), sale (liquidação), score (pontuação), screening (triagem), set (parte), show (espectáculo), site (sítio), stand by (espera), stock-off (escoamento de stock), streaming (transmissão), talk (conversa), team (equipe), team leader (capitão da equipe), top model (supermodelo), trash (lixo), truck (camião), update (actualização), upgrade (melhoria), upload (envio), vídeo mapping (projecção de vídeo), vintage (clássico), voucher (vale de desconto), website (sítio web), weekend (fim de semana), wireless (sem fio), workshop (oficina), zoom in (ampliar tamanho da tela), zoom out (reduzir tamanho da tela).

O assassínio da língua
No poema “LAMENTO PARA A LÍNGUA PORTUGUESA”, o poeta Vasco Graça Moura confessa: “não és mais do que as outras, mas és nossa, / e crescemos em ti. nem se imagina / que alguma vez uma outra língua possa / pôr-te incolor, ou inodora, insossa, / ser remédio brutal, mera aspirina, / ou tirar-nos de vez de alguma fossa, / ou dar-nos vida nova e repentina. / mas é o teu país que te destroça, / o teu próprio país quer-te esquecer / e a sua condição te contamina / e no seu dia a dia te assassina.”.

E em Estremoz?
Integrada na Feira Internacional de Desporto de Estremoz - FIDMOZ, decorreu no passado dia 12 de Junho, a “ESTREMOZ FUN RUNNING”, organizada pelo Município de Estremoz e pelas associações desportivas “Sobe e Desce Team” e “Rota D’Ossa”. A iniciativa visava conjugar a actividade física com diversão. A partida teve lugar pelas 17 horas, no Parque de Feiras e Exposições de Estremoz, percorreu diversas ruas da cidade e terminou no local onde começara.
Nos passados dias 7 e 8 de Agosto teve lugar no Parque de Feiras e Exposições de Estremoz, uma exposição de cerca de 80 camiões, que no final do último dia, desfilaram pelas ruas da cidade. O evento, designado por “ESTREMOZ TRUCK FESTIVAL”, foi uma organização conjunta da Câmara Municipal de Estremoz e da Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários de Estremoz.
Entre 8 e 20 de Agosto teve lugar o “TORNEIO DE TÉNIS SÃO LOURENÇO OPEN 2022”, que decorreu no campo Polidesportivo de S. Lourenço de Mamporcão e S. Bento de Ana Loura. Tratou-se duma organização conjunta do Município de Estremoz e da Junta de freguesia local.
Apesar do respeito que me merecem tanto os organizadores como os participantes dos três eventos referidos, não posso deixar de considerar que na designação dos mesmos foram utilizados anglicismos desnecessários, já que as respectivas designações podiam ter sido atribuídas na nossa língua-pátria. Com uma tal desejável opção, os eventos teriam sido e muito bem designados por “CORRIDA ALEGRE DE ESTREMOZ”, “FESTIVAL DE CAMIÕES DE ESTREMOZ” e “TORNEIO ABERTO DE TÉNIS DE SÃO LOURENÇO”. Os eventos teriam sido exactamente os mesmos, igualmente dignos de público apreço, apenas com a importante diferença de não ter sido abastardada a língua portuguesa.

Súplica final
Por quê falar mal ou escrever mal, se é possível falar bem e escrever bem. Fazê-lo é “Vender gato por lebre”, como proclama um velho adágio, ao qual acrescento este outro: “Quem mal fala, sua língua suja.”. Daí que vos suplique:
- FALEM PORTUGUÊS, POR FAVOR.

Publicado no jornal E nº 295, de 15 de Setembro de 2022

domingo, 15 de setembro de 2013

Cartazes publicitários portugueses 1931-1960

1931

A função do cartaz publicitário é promover bens ou serviços cujo consumo se pretende fomentar. É normalmente constituído pelos seguintes elementos: ilustração, slogan, logótipo, texto e título de apresentação, ainda que um ou mais destes elementos possam não estar presentes.
O cartaz publicitário surge em 1818 com a invenção da litografia pelo checo Aloysius Senefelder (1771-1834), a qual permitia a duplicação de gravuras. A partir daí os cartazes publicitários foram utilizando as múltiplas técnicas de gravura descobertas até aos nossos dias.
Os cartazes publicitários têm desde sempre sido concebidos por artistas plásticos de nomeada, ainda que nos dias de hoje haja uma tendência para a sua concepção por quem se dedique exclusivamente ao design gráfico.
Os cartazes publicitários têm um determinado valor estético associado às correntes artísticas vigentes em cada época no domínio do design gráfico. De resto, a qualidade artística das ilustrações traduz a importância estratégica atribuída a este meio publicitário e testemunham também o desenvolvimento da publicidade e relatam um pouco da sua história, bem como a história do próprio design gráfico. Recolhemos imagens de cartazes publicitários desde 1881 até à actualidade. Por uma questão de metodologia, sistematizámos a sua apresentação em três grandes períodos: 1881-1930, 1931-1960 e 1961-1990. Cada um desses períodos dará origem a um post autónomo neste blogue. Em cada um deles apostamos na força da mensagem visual, gráfica e estética, sem fazermos referência ao seu autor, à técnica de gravura ou local de impressão. Para além da imagem, cada cartaz publicitário será apenas identificado pelo ano de edição.
No período 1931-19600, os cartazes publicitários aqui apresentados, podem-se organizar em nove grandes grupos:
- Produtos alimentares (águas minerais, bebidas alcoólicas, uvas).
- Campanhas de produtos agro-pecuários (coelhos, milho e trigo).
- Bens de consumo diversos (máquinas de costura, tabaco e sabonetes).
- Serviços (companhias de seguros, hotéis, tipografias).
- Meios de transporte (automóveis, caminhos de ferro).
- Comunicações (correios, telégrafos e telefones).
- Eventos diversos (centenários, congressos, espectáculos, exposições, feiras, feiras-exposições e provas desportivas).
- Turismo (cidades e regiões turísticas).

BIBLIOGRAFIA


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