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quinta-feira, 5 de dezembro de 2024

7º Aniversário dos Bonecos de Estremoz enquanto Património Unesco

 



Transcrito com a devida vénia do
em 4 de Dezembro de 2024


No sábado, dia 7 de dezembro de 2024, comemora-se o 7.º aniversário da Inscrição da Produção de Figurado em Barro de Estremoz, na Lista Representativa de Património Cultural Imaterial da Humanidade da UNESCO.

Para celebrar a data, o Município de Estremoz organizou as seguintes atividades:

SALÃO NOBRE DA CÂMARA MUNICIPAL DE ESTREMOZ

- 𝟏𝟖:𝟎𝟎 𝐡𝐨𝐫𝐚𝐬 - Discursos Institucionais;

- 𝟏𝟖:𝟐𝟎 𝐡𝐨𝐫𝐚𝐬 - Entrega de Certificações aos barristas recentemente reconhecidos;

- 𝟏𝟖:𝟑𝟎 𝐡𝐨𝐫𝐚𝐬 - Concerto celebrativo da Inscrição da Lista Representativa UNESCO, pelo Vox Aurea Ensemble.

CENTRO INTERPRETATIVO DO BONECO DE ESTREMOZ

- 𝟏𝟗:𝟒𝟓 𝐡𝐨𝐫𝐚𝐬 - Inauguração da renovação da sala de exposições dos Barristas.

Venha celebrar connosco!

Entrada gratuita.

quarta-feira, 14 de agosto de 2024

Aonde se fala da minha visita à Exposição de Pintura de João Moura Reis no Howard's Folly, em Estremoz

 


Hoje á tarde visitei a Exposição de Pintura de João Moura Reis, patente ao público no Howard's Folly, em Estremoz.
Não resisti ao convite formulado pelo João no acto inaugural, no sentido de cada visitante se expressar livremente com umas pinceladas numa tela colectiva, ali presente para esse efeito.
Foi ousadia minha. Quis dar um passo maior que a perna e saiu asneira.
Pretendia pintar uma rosácea hexapétala. de forte simbolismo na arte pastoril alentejana. Saiu-me uma espécie de roda de um carro de tracção animal, com falta de raios.
Não sou dado a atitudes de auto-justificação em casos de inêxito, mas sempre digo:
- O que conta é a intenção!
Isso mesmo disse ao João - um amigo de longa data - no Livro de Honra, onde o parabenizei pela sua Exposição com a simultaneidade de um grande abraço.



A Fátima também me acompanhou na minha aventura pictórica. Ei-la em plena acção.

terça-feira, 6 de agosto de 2024

Artesãos e Feiras de Artesanato


Fotografia transcrita com a devida vénia da página do Facebook do dia 5 de
Setembro, do barrista Carlos Alberto Alves, com a seguinte legenda: "E assim
terminou esta grande Feira Nacional de Artesanato de Vila do Conde. Os meus
agradecimentos à organização do evento e a todos que visitaram o meu stand.
Para o ano cá estarei. Até já."

Desde a sua génese, que as feiras de artesanato visam a preservação e a promoção das artes tradicionais, enquanto reflexos identitários e fontes de riqueza das comunidades.

São elementos fundamentais das feiras de artesanato, os feirantes, designação bi-valente, aplicável tanto a artesãos produtores como a público comprador.

Poderá haver feiras de artesanato com mais ou menos público. Porém uma coisa é certa, não faz sentido haver feiras de artesanato sem a presença de artesãos, os quais trabalhando ao vivo mostram o seu saber fazer, comercializam a sua produção e dão a cara no contacto com os clientes, promovendo a sua arte e com ela a comunidade onde se inserem.

Foi assim que participaram em feiras por aqui e por ali, José Moreira, Liberdade da Conceição, Irmãs Flores, Maria Luísa da Conceição e Célia Freitas, nomes incontornáveis de barristas de Estremoz, que não podem deixar de ser referidos e destacados como exemplo.

Apesar de tudo, a vida é como o planeta Terra, dá muita volta, pelo que fruto das circunstâncias e pela indisponibilidade de alguns artesãos estarem presentes nas feiras com stand próprio, a promoção do artesanato de algumas regiões passou a ser feita por entidades vocacionadas para o marketing de produtos de várias tipologias, entre elas o artesanato. É o que tem sido feito pelo Turismo Municipal de vários municípios, por Entidades Regionais de Turismo e por outras entidades. Qualquer delas tem objectivos mais vastos e agenda própria, os quais ultrapassam largamente os objectivos específicos e os interesses próprios dos artesãos.

Estremoz não foge à regra e por isso o mesmo já aconteceu com representações de Estremoz em feiras de artesanato. Todavia, parece que houve artesãos de Estremoz que resolveram arrepiar caminho. Daí que a participação dos artesãos estremocenses na Feira de Artesanato de Vila do Conde do presente ano, tenha sido a maior de sempre, com os artesãos distribuídos por 5 stands: Bonecos de Estremoz (3), Olaria (1) e Artesanato em Pele (1).

Aí estiveram presentes os barristas Carlos Alberto Alves, Inocência Lopes, Maria Isabel Catarrilhas Pires e Sara Sapateiro, a ADOE - Associação Dinamizadora da Olaria de Estremoz e a artesã Clara Cunha da empresa artesanal Maria da Conceição Cunha – Artesanato em pele.

Fizeram-no na condição de artesãos independentes, que se inscreveram por sua própria iniciativa e se deslocaram pelos seus próprios meios. Trata-se de uma postura que traduz uma atitude de independência que aqui sublinho e aplaudo. De igual modo, sublinho e aplaudo a presença do Presidente do Município de Estremoz, José Daniel Sadio, na Feira de Artesanato de Vila do Conde no passado dia 30 de Julho, onde foi recebido pelo Dr. Saraiva Dias, Presidente da Associação para a Defesa do Artesanato e Património de Vila do Conde (ADAPVC). Na sua visita, o autarca felicitou os artesãos presentes pelo trabalho de promoção e divulgação do artesanato de Estremoz, o que não deixa de ser significativo.

quinta-feira, 1 de agosto de 2024

Visita do Presidente do Município de Estremoz à Feira Nacional de Artesanato de Vila do Conde


O barrista Carlos Alberto Alves, ladeado à esquerda pelo Dr. Saraiva
Dias  (Presidente da ADAPVC) e à direita pelo Presidente do Município
de Estremoz, José Daniel Sadio, acompanhado da esposa.

Fotografias recolhidas com a devida vénia na
página do Facebook do Presidente do Município
de Estremoz, José Daniel Sadio

O Presidente da Câmara Municipal de Estremoz, José Daniel Sadio, visitou no passado dia 30 de Julho, a 46ª Feira Nacional de Artesanato de Vila do Conde. Aqui foi recebido pelo Dr. Saraiva Dias, Presidente da Associação para a Defesa do Artesanato e Património de Vila do Conde (ADAPVC), a quem a Câmara Municipal confia a gestão e promoção do Centro de Artesanato e a realização da Feira Nacional de Artesanato que, desde 1978, se continua a realizar.

No seu périplo pela Feira, José Daniel Sadio visitou o stand do barrista Carlos Alberto Alves e o stand de Maria da Conceição Cunha – Artesanato em pele, onde se encontrava presente a artesã Clara Cunha. Em qualquer deles, dialogou com os artesãos que participam na Feira desde o passado dia 20 de Julho e até ao seu termo em 4 de Agosto. O autarca felicitou ainda os artesãos pelo trabalho de promoção e divulgação do artesanato de Estremoz. Estas felicitações foram naturalmente extensivas àqueles que já não se encontrando presentes, participaram na Feira entre 20 e 27 de Julho: ADOE - Associação Dinamizadora da Olaria de Estremoz e as barristas Inocência Lopes, Maria Isabel Catarrilhas Pires e Sara Sapateiro.

A participação dos artesãos estremocenses na Feira de Artesanato de Vila do Conde foi a maior de sempre, com os artesãos distribuídos por 5 stands: Bonecos de Estremoz (3), Olaria (1) e Artesanato em Pele (1).

Em comunicado de imprensa distribuído hoje, o Município de Estremoz agradece ao Município de Vila do Conde, o que considera ser um agradável acolhimento na visita efectuada. Simultaneamente parabeniza e enaltece a participação de todos os que contribuem para a divulgação e promoção do concelho de Estremoz

Criada em 1978, a Feira Nacional de Artesanato de Vila do Conde é um evento reconhecido a nível nacional, sendo considerada a mais antiga, a melhor e a maior do género que se realiza em Portugal, não só pelo número de artesãos nacionais participantes, mas também no que respeita ao número de visitantes do certame.

A Associação para a Defesa do Artesanato e Património de Vila do Conde (ADAPVC), entidade gestora da Feira Nacional de Artesanato de Vila do Conde, orgulha-se de, ao longo das últimas quatro décadas, ter contribuído de forma decisiva para a preservação das artes tradicionais portuguesas, defendendo a genuinidade e qualidade dos produtos presentes no certame.

Hernâni Matos


A artesã Clara Cunha, ladeada à esquerda pela esposa do Presidente
do Município  de Estremoz, José Daniel Sadio, que se encontra à sua
direita, seguido do Dr. Saraiva Dias (Presidente da ADAPVC).

terça-feira, 30 de julho de 2024

Carlos Alberto Alves, um barrista de Estremoz na Feira de Artesanato de Vila do Conde


Procissão do Senhor Jesus dos Passos de Estremoz (em 1º plano)

O barrista Carlos Alberto Alves encontra-se a participar na 46ª Feira Nacional de Artesanato de Vila do Conde, desde o passado dia 20 de Julho e até ao termo da Feira, em 4 de Agosto. Fá-lo em stand próprio, na condição de barrista independente, que se inscreveu por sua própria iniciativa e se deslocou pelos seus próprios meios.

Trata-se da segunda participação do barrista nestas condições, já que no ano transacto esteve presente na 45ª Feira Nacional de Artesanato de Vila do Conde, por convite da Organização da Feira. Foi então o único bonequeiro de Estremoz presente na mesma, uma vez que a prevista participação colectiva do Município de Estremoz, a convite da Organização da Feira, foi cancelada por aquele Município e não se concretizou, ao contrário do que acontecera no ano anterior.

Este ano, para além do barrista Carlos Alberto Alves, participaram também em stand próprio, as barristas Inocência Lopes bem como Maria Isabel Catarrilhas Pires conjuntamente com Sara Sapateiro, o que aconteceu na primeira semana da Feira.

Desde 2010 que venho acompanhando o trabalho do barrista Carlos Alberto Alves, sobre o qual comecei por escrever uma pequena nota biográfica no meu livro BONECOS DE ESTREMOZ, publicado em 2018, a qual pode ser lida aqui.

Desde 2021 que o barrista tem a sua produção certificada pela ADERE-CERTIFICA, único organismo de certificação acreditado pelo IPAC - Instituto Português de Acreditação. Significa isto que os Bonecos de Estremoz produzidos por Carlos Alberto Alves estão de acordo com o MANUAL DE CERTIFICAÇÃO “BONECOS DE ESTREMOZ”, publicado pela ADERE-CERTIFICA em 2018. De acordo com aquele manual, os Bonecos de Estremoz de Carlos Alberto Alves, obedecem à TÉCNICA DE PRODUÇÃO e à ESTÉTICA DO BONECO DE ESTREMOZ.

O acompanhamento do trabalho deste barrista tem-me levado a elaborar textos sobre algumas das suas criações, nomeadamente: Carlos Alves certificado como bonequeiro de Estremoz – 2021 (ler aqui), Carlos Alves e o pastor de tarro e manta  - 2021 (ler aqui), Carlos Alves e a Cozinha dos Ganhões – 2021 (ler aqui), Presépio de Carlos Alves – 2022 (ler aqui) e FEIRA INTERNACIONAL DE ARTESANATO 2024 / Carlos Alberto Alves distinguido com Menção Honrosa – 2024 (ler aqui)

Recentemente, o barrista Carlos Alberto Alves foi distinguido com uma Menção Honrosa atribuída pelo Júri do Concurso de Artesanato da FIA - Feira Internacional de Artesanato, certame que decorreu em Lisboa, entre 29 de Junho e 7 de Julho. A distinção do Júri ocorreu na modalidade de Artesanato Tradicional e incidiu sobre a figura composta do Figurado de Estremoz, designada por “Cante Alentejano”. Não me surpreende a distinção concedida ao barrista, pois como já tive oportunidade de dizer e escrever, encaro tal facto como um tributo ao mérito, que decerto o estimulará a não ficar por aqui. Foi o que aconteceu com a certificação do seu trabalho pela ADERE-CERTIFICA em 2021, que o incentivou a um aperfeiçoamento maior do seu trabalho em termos globais. São factos indesmentíveis, observados por quem tem acompanhado a sua produção ao longo dos tempos.

Da sua participação na 46ª feira de Artesanato de Vila do Conde, destacam-se e fazem regalar a vista, a espectacular “Procissão do Senhor Jesus dos Passos de Estremoz”, a “Cozinha dos Ganhões” e o “Cante alentejano”. São composições que honram o barrista e com ele a barrística popular estremocense. É caso para dizer:

- PARABÉNS, CARLOS ALBERTO ALVES!


Cozinha dos ganhões

Cante Alentejano

domingo, 28 de julho de 2024

A ADOE-Associação Dinamizadora da Olaria de Estremoz participou na Feira de Artesanato de Vila do Conde

 


A ADOE-Associação Dinamizadora da Olaria de Estremoz participou entre 20 e 27 de Julho na 46ª Feira Nacional de Artesanato de Vila do Conde. Fê-lo em stand próprio, na condição de associação independente, com personalidade jurídica, que se inscreveu por sua própria iniciativa e se deslocou pelos seus próprios meios.

A ADOE constitui-se em 2023, na sequência do Curso de Olaria que por módulos teve lugar a partir de 2021, no Centro Interpretativo do Boneco de Estremoz. O Curso foi fruto de uma parceria entre o Centro de Formação Profissional para o Artesanato e Património (CEARTE) e o Município de Estremoz. Teve como formador Mestre Xico Tarefa, Mestre oleiro prestigiado, com longa experiência e sempre pronto a ajudar os formandos.

A ADOE é constituída entre outros por: Inês Crujo, Ana Calado, Luís Rosa, Vera Magalhães, Xico Tarefa, Jorge Carrapiço, André Carvalho, Pedro Capão, Graça Paulo e Sara Sapateiro.

A ADOE propõe-se recuperar a olaria tradicional de Estremoz, o que constitui uma iniciativa muito louvável e de alcance incomensurável. Desejo-lhe os maiores êxitos na prossecução dos seus objectivos estatutários. Bem hajam!

Hernâni Matos

Sara Sapateiro, uma barrista de Estremoz na Feira de Artesanato de Vila do Conde

 



Sara Sapateiro participou entre 20 e 27 de Julho na 46ª Feira Nacional de Artesanato de Vila do Conde, em stand partilhado com a barrista Maria Isabel Catarrilhas Pires. Fê-lo como artesã produtora de Figurado de Estremoz, na condição de barrista independente, que se inscreveu por sua própria iniciativa e se deslocou pelos seus próprios meios.

À Feira levou trabalhos como “Sagrada Família”, “Nossa Senhora da Conceição”, “Amor é cego”, “Primavera” e “Presépio de altar”, dentro do âmbito do Figurado de Estremoz. Fora deste apresentou ainda um “Busto de pastor alentejano”.

O “Presépio de altar” participou na 2ª edição do “Concurso Jovem Artesão”, que teve lugar durante a Feira, sem todavia ser distinguido pelo Júri.

Sara Sapateiro (1995-  ), sobre a qual já elaborei o texto Sara Sapateiro e o aristocrata rural (ler aqui), é discípula da barrista Maria Isabel Isabel Catarrilhas Pires, com a qual começou a trabalhar em 2018. No ano seguinte frequentou o Curso de Formação sobre Técnicas de Produção de Bonecos de Estremoz, que teve lugar no Centro Interpretativo do Boneco de Estremoz, no Palácio dos Marqueses de Praia e Monforte. O Curso foi promovido pelo CEARTE - Centro de Formação Profissional para o Artesanato e Património, em parceria com o Município de Estremoz. No Curso aprofundou os conhecimentos de Barrística de Estremoz, com Mestre Jorge da Conceição.

De então para cá tem modelado e criado de uma forma fluida, imagens que umas vezes se integram no Figurado de Estremoz e outras vezes não, mas que têm o seu público, já que são apelativas, não só pela modelação como pelo cromatismo.

Desde 28 de Maio do ano em curso que é portadora de Carta de Artesão e de Unidade Produtiva Artesanal na área da Cerâmica Figurativa, emitida pelo CEARTE.

Creio que em devido tempo, que só a ela cabe decidir, submeterá a sua produção a processo de certificação como artesã produtora de Bonecos de Estremoz, junto da Adere-Certifica, organismo nacional de acreditação a quem compete a certificação de produções artesanais tradicionais, com garantia da qualidade e autenticidade da produção.

Hernâni Matos



sábado, 27 de julho de 2024

Maria Isabel Catarrilhas Pires, uma barrista de Estremoz na Feira de Artesanato de Vila do Conde

 


Há já algum tempo que venho acompanhando o trabalho da barrista Maria Isabel Catarrilhas Pires, sobre a qual comecei por escrever uma pequena nota biográfica no meu livro BONECOS DE ESTREMOZ, publicado em 2018, a qual pode ser lida aqui.

Desde 2018 que a barrista tem a sua produção certificada pela ADERE-CERTIFICA, único organismo de certificação acreditado pelo IPAC - Instituto Português de Acreditação. Significa isto que os Bonecos de Estremoz produzidos por Maria Isabel Catarrilhas Pires, estão de acordo com o MANUAL DE CERTIFICAÇÃO “BONECOS DE ESTREMOZ”, publicado pela ADERE-CERTIFICA em 2018. De acordo com aquele manual, os Bonecos de Estremoz de Maria Isabel Catarrilhas Pires, obedecem à TÉCNICA DE PRODUÇÃO e à ESTÉTICA DO BONECO DE ESTREMOZ.

O acompanhamento do trabalho desta barrista tem-me levado a elaborar textos sobre algumas das suas criações: Isabel Pires e o velho camponês alentejano – 2020 (ler aqui), Isabel Pires e a Alegoria do Outono – 2020 (ler aqui) e "O Amor é cego" com a "Sagrada Família" no coração – 2021 (ler aqui). Esta última criação, assim como as alegorias das 4 estações, estão entre os exemplares em que é mais notória a criatividade da barrista. No caso de "O Amor é cego" com a "Sagrada Família" no coração teve a genialidade de conceber uma figura composta tematicamente bivalente, uma vez que é simultaneamente um Presépio e uma figura de Carnaval. No caso das alegorias das quatro estações, porque teve a ousadia de abordar a criação de alegorias das outras estações para além da Primavera. Fê-lo duma forma coerente com a representação da Primavera. São exemplos paradigmáticos das suas criações que me apraz registar e que integram a sua participação entre 20 e 27 de Julho, em stand partilhado com a barrista Sara Sapateiro, na 46ª Feira Nacional de Artesanato de Vila do Conde. Fá-lo na condição de barrista independente, que se inscreveu por sua própria iniciativa e se deslocou pelos seus próprios meios.
A barrista, como já tive oportunidade de observar, tem um estilo acentuamente personalizado, assente numa profunda interpretação naturalista e num cromatismo muito vivo, que tornam apelativas as figuras que cria. Como tal é merecedora dos meus melhores encómios.

sexta-feira, 26 de julho de 2024

Inocência Lopes, uma barrista de Estremoz na Feira de Artesanato de Vila do Conde

 

Merenda

Preâmbulo
Há já algum tempo que venho acompanhando o trabalho da barrista Inocência Lopes, que no ano transacto viu trabalhos seus serem expostos no Centro Interpretativo do Boneco de Estremoz. Tratou-se da exposição “CURIOSIDADES - Figurado de Estremoz de Inocência Lopes”, que ali esteve patente ao público entre 18 de Maio e 3 de Setembro, conforme noticiei oportunamente, o que pode ser lido aqui e aqui.
Desde 2022 que a barrista tem a sua produção certificada pela ADERE-CERTIFICA, único organismo de certificação acreditado pelo IPAC - Instituto Português de Acreditação. Significa isto que os Bonecos de Estremoz produzidos por Inocência Lopes, estão de acordo com o MANUAL DE CERTIFICAÇÃO “BONECOS DE ESTREMOZ”, publicado pela ADERE-CERTIFICA em 2018. De acordo com aquele manual, os Bonecos de Estremoz de Inocência Lopes, obedecem à TÉCNICA DE PRODUÇÃO e à ESTÉTICA DO BONECO DE ESTREMOZ.
Em 2024 participa entre 20 e 27 de Julho, com stand próprio, na 46ª Feira Nacional de Artesanato de Vila do Conde. Fá-lo na condição de barrista independente, que se inscreveu por sua própria iniciativa e se deslocou pelos seus próprios meios.
Na Feira Nacional de Artesanato de Vila do Conde, Inocência Lopes apresentou duas criações, as quais despertaram a minha atenção e que passo a descrever.

Merenda
Uma Família de camponeses alentejanos merenda ao ar livre, sentados sobre uma garrida manta de listas do Freixo. Todos comem a partir do seu próprio tarro, aquilo que configura ser uma sopa de tomate alentejana. O pai enverga o tradicional traje de pastor. A mãe veste o também tradicional traje de camponesa alentejana, do qual sobressaem as meias de três agulhas, com listas alternadamente de ocre amarelo e ocre castanho, à moda da Serra d’Ossa, bem como um lenço vermelho pintalgado de branco, usado “à mourisca”. Tanto o marido como a mulher usam um chapéu preto, pendurado para o lado das costas. O petiz usa uns vulgares calções à jardineira.
Ao centro e sobre a manta, encontra-se estendida uma toalha de quadrados brancos, ladeados a vermelho. Sobre esta, um chouriço e ao lado deste, uma faca. Em frente destes, um pão e um queijo que já foram cortados. À sua frente, uma cabaça tapada com rolha de cortiça, que é suposto conter azeitonas e mais além um barril de barro, vedado com uma tampa de cortiça e um tarro do mesmo material, destinado a beber a água do barril. Junto ao petiz e à direita, um pião e a guita que o faz rodar, bem como as tampas dos 3 tarros e o taleigo confeccionado com retalhos de tecido e no qual o pastor transporta a “bóia” quando anda a apascentar o gado.

Momento familiar

Momento familiar
Uma Família de camponeses alentejanos, encontram-se dispostos sobre uma garrida manta de listas do Freixo. O pai traja à pastor, encontra-se deitado de lado e atrás de si tem um tarro. Com uma das mãos, acaricia uma das mãos do filhote, o qual sentado, segura na mão o pião com que brinca, tendo a seu lado a guita com que o faz rodopiar.
Ao lado deles, encontra-se a mãe sentada, segurando uma criança de colo, encostada ao peito do qual o amamenta. A mãe veste o também tradicional traje de camponesa alentejana, do qual sobressaem as meias à moda da Serra d’Ossa, um xaile preto que lhe cobre os ombros, bem como um lenço verde, pintalgado de branco, que lhe cobre a cabeça e cai sobre os ombros. Do lado esquerdo da mãe encontra-se um tarro tapado e o chapéu preto do pastor.

Presépio da manta alentejana

Presépio da manta alentejana
Os trabalhos “Merenda” e “Momento Familiar” divulgados agora em Vila do Conde, surgem na sequência da criação do “Presépio da Manta Alentejana”, apresentado na exposição “CURIOSIDADES - Figurado de Estremoz de Inocência Lopes”, realizada em 2023 no Centro Interpretativo do Boneco de Estremoz.
O “Presépio da Manta Alentejana” é uma composição que representa a Natividade em contexto alentejano, com a Sagrada Família deitada sobre uma manta listada do Freixo. A figura central é o Menino Jesus, parcialmente coberto com um pano branco, símbolo da pureza, da inocência, da espiritualidade e da Paz. O Menino está a ser adorado pelos seus pais, qua trajam à maneira alentejana. S. José encontra-se deitado de lado e enverga os tradicionais pelico e safões, tendo a cabeça coberta por um chapéu preto. Junto a si, dois dos seus atributos de pastor: o cajado e o tarro. Nossa Senhora encontra-se deitada de bruços e usa o tradicional traje da ceifeira alentejana. Junto de si, alguns atributos geralmente associados a uma ceifeira: molho de trigo, foice e xaile preto dobrado.

Um tríptico?
As três composições “Presépio da manta alentejana”, “Merenda” e “Momento familiar” revelam em si uma grande unidade temática, para além da unidade subjacente à técnica de produção e à estética do Boneco de Estremoz. De tal modo que me atrevo a pensar que eles constituem um tríptico de composições paradigmáticas que são uma exaltação da Família e um hino á Identidade Cultural Alentejana.
Parabéns, Inocência Lopes.
Bem haja pelas suas criações que nos deleitam o Espírito e aquecem a Alma.

terça-feira, 23 de julho de 2024

Os Bonecos de Estremoz foram à Feira de Vila do Conde

 

Stand de Carlos Alberto Alves

Stand de Inocência Lopes

Stand de Maria Isabel Pires e de Sara Sapateiro

A Feira
Foi inaugurada no passado dia 20 de Julho a 46ª Feira Nacional de Artesanato de Vila do Conde, a qual decorrerá nos Jardins da Avenida Júlio Graça e ali estará aberta ao público até ao próximo dia 4 de Agosto.
O evento é uma organização conjunta da Câmara Municipal de Vila do Conde e da Associação para Defesa do Artesanato e Património de Vila do Conde.
O prestigiado certame reúne duas centenas de artesãos nacionais que asseguram a cobertura geográfica do País e a presença dos mais diversos materiais e formas de expressão que afirmam a excelência do artesanato português.
Na 46ª edição da Feira participa como país convidado, São Tomé e Príncipe, cujas artes tradicionais estarão em destaque.

Embaixada estremocense
Na Feira deste ano participam como bonequeiros de Estremoz, os barristas Carlos Alberto Alves, Inocência Lopes, Maria Isabel Pires e Sara Sapateiro, que se inscreveram a título individual e se apresentam em stands próprios. De registar ainda a participação da ADOE-Associação Dinamizadora da Olaria de Estremoz, liderada por Inês Crujo. De salientar igualmente a participação de Mestre Xico Tarefa, o qual foi formador dos jovens que integram a ADOE e se encontra ali a defender a sua dama: a olaria redondense.
À excepção do barrista Carlos Alberto Alves que cumprirá o período integral da Feira, todos os demais terminarão a sua participação no próximo sábado, dia 27 de Julho.

Concursos da Feira
No decurso da Feira terá lugar a 2ª edição do “Concurso Jovem Artesão”, destinado a galardoar um trabalho numa das áreas do artesanato tradicional e que visa incentivar e dar destaque à criatividade dos jovens até aos 30 anos. A ele concorrem 29 jovens artesãos, entre os quais três jovens barristas de Estremoz: Sara Sapateiro (Presépio de altar), André Filipe Carriço Carvalho (O Mestre Oleiro) e Maria do Carmo Ramos Padeiro Baptista Crujo (O meu avô).
Será reeditado ainda o “Prémio Feira Nacional de Artesanato”, o qual procura dignificar o artesanato e incentivar a qualidade e a defesa de valores de raiz histórico-cultural. Subordinado ao tema “Liberdade”, este prémio visa assinalar os 50 anos da Revolução de Abril e a ele concorrem 63 artesãos, entre os quais o barrista Carlos Alberto Alves com a composição “Liberdade”, que representa um carro de combate em cima do qual figuram militares e povo, festejando o 25 de Abril.
Qualquer dos prémios tem o patrocínio do Crédito Agrícola e os trabalhos submetidos a concurso estarão expostos durante o certame.

Animação e gastronomia
Nem só de artesanato vive a Feira. A música, a dança e os cantares tradicionais são uma presença constante, que anima o recinto e o palco da Feira. Também as Jornadas Gastronómicas permitem aos visitantes percorrer o País de Norte a Sul, fazendo uma viagem pelo melhor da Cozinha Portuguesa e, nos dois primeiros dias do evento, pelos sabores da inconfundível cozinha de São Tomé e Príncipe.

Stand da Associação Dinamizadora da Olaria de Estremoz

Stand da Olaria de Mestre Xico Tarefa

domingo, 21 de julho de 2024

Os Bairros do Castelo e de Santiago em Estremoz, um levantamento de Rui Pimentel

 




Créditos fotográficos:
Maria Miguéns - Município de Estremoz

Este o título da exposição inaugurada ontem pelas 16 horas na Galeria Municipal D. Dinis em Estremoz e que ali estará patente ao público até ao próximo dia 15 de Setembro.

A mostra é constituída por um conjunto de fotografias e plantas arquitectónicas elaboradas pelo arquitecto Rui Pimentel do grupo CIDADE e visam estudar a zona que constitui o cerne que está na génese da cidade de Estremoz.

Ao acto inaugural, presidido pelo Presidente do Município José Daniel Sadio, compareceram cerca de duas dezenas de pessoas que ali se deslocaram atraídas pelo trabalho de Rui Pimentel, cuja actividade polifacetada transpôs há muito o domínio formal da arquitectura e se espraiou aos campos do design gráfico, cenografia para teatro, banda desenhada, ilustração, concepção de exposições, caricatura e cartoon.

Coube a Isabel Borda d’Água, directora do Museu Municipal de Estremoz, a apresentação do arquitecto Rui Pimentel, que de seguida explanou o trabalho efectuado. A finalizar, o Presidente do Município, José Daniel Sadio, agradeceu o trabalho do arquitecto Rui Pimentel e referiu-se aos desafios que se põem ao Município e às condicionantes a que este está sujeito. Verificaram-se ainda algumas intervenções por parte de alguns elementos do público, que não quiseram deixar de exprimir as suas opiniões pessoais acerca de toda a problemática suscitada pela presente exposição.

quinta-feira, 11 de julho de 2024

Visita guiada à exposição “NEO-REALISMO / MEMÓRIAS GUARDADAS / COLECÇÃO HERNÂNI MATOS”



Créditos fotográficos:
Jorge Mourinha - Município de Estremoz

No próximo dia 13 de Julho (sábado), terá lugar pelas 16 horas, uma visita guiada à exposição de artes plásticas NEO-REALISMO / MEMÓRIAS GUARDADAS / COLECÇÃO HERNÂNI MATOS, patente ao público na Sala de Exposições Temporárias do Museu Municipal de Estremoz Prof. Joaquim Vermelho.

A visita será conduzida por mim próprio na qualidade de expositor. Nela começarei por dar uma visão do que foi o movimento neo-realista português, o modo como surgiu e porque surgiu, os seus marcos mais importantes, as lutas em que se envolveu antes do 25 de Abril, bem como as suas naturais implicações.

Seguidamente, orientarei uma visita guiada à exposição, procurando facilitar a leitura e interpretação das obras dos artistas plásticos patentes ao público: Júlio Pomar, António Cunhal, Lima de Freitas, Júlio Resende, Manuel Ribeiro de Pavia, Cipriano Dourado, Rogério Ribeiro, Alice Jorge, Jorge de Almeida Monteiro, Espiga Pinto, Querubim Lapa e Aníbal Falcato Alves.

No seu conjunto, as obras expostas são em número de 40 e distribuem-se por diferentes tipologias: desenho a grafite, desenho a tinta-da-China, guache, aguarela, técnica mista, serigrafia, linoleogravura, xilogravura, litografia, água forte e água tinta e colagem.

A exposição integra o programa das Comemorações "50 ANOS EM LIBERDADE: COMEMORAÇÕES DO 50° ANIVERSÁRIO DA REVOLUÇÃO DE ABRIL DE 1974”, promovidas pelo Município de Estremoz.

A mostra estará patente ao público até ao próximo dia 15 de Setembro.

A participação na visita guiada não carece de marcação e é inteiramente gratuita.

segunda-feira, 17 de junho de 2024

Ora agora falo eu!

 

O discurso de Hernâni Matos. Fotografia de Luís Mariano Guimarães.


Palavras proferidas no acto inaugural da exposição
NEO-REALISMO / MEMÓRIAS GUARDADAS / COLECÇÃO HERNÂNI MATOS
que no passado dia 15 de Junho teve lugar na
Sala de Exposições Temporárias do
Museu Municipal de Estremoz Professor Joaquim Vermelho

 

 Vejamos o que aqui nos traz aqui

Em boa hora o Município de Estremoz teve a iniciativa de promover um conjunto de iniciativas, de índole diversificada e plural, sob a epígrafe "50 ANOS EM LIBERDADE: COMEMORAÇÕES DO 50° ANIVERSÁRIO DA REVOLUÇÃO DE ABRIL DE 1974”.
Nestas comemorações se insere a presente exposição de artes plásticas, designada por NEO-REALISMO / MEMÓRIAS GUARDADAS / COLECÇÃO HERNÂNI MATOS.
Este certame tem 3 objectivos precisos e claros: - Comemorar os 50 anos do 25 de Abril; - Realçar o papel da arte neo-realista como arte de resistência; - Divulgar trabalhos de artistas plásticos neo-realistas.

Falemos de Abril
Foi em 25 de Abril de 1974, graças à acção militar coordenada do Movimento das Forças Armadas – MFA, que foi conseguido o derrube da ditadura mais velha da Europa – o regime totalitário e fascista de Salazar e de Caetano.
No desenrolar dos acontecimentos teve papel determinante um esquadrão do RC3 comandado pelo então capitão Andrade Moura, o qual cumprida a missão que o levara a Lisboa, à chegada a Estremoz foi alvo de grandiosa recepção popular, sendo aclamado pela multidão entusiasmada e recebendo honras militares.
Estremoz, através do seu prestigiado RC3, participara na libertação, o que muito nos congratula.
No seu poema “As portas que Abril abriu!”, o saudoso poeta José Carlos Ary dos Santos, diz-nos quem fez o de Abril de 1974:

“Quem o fez era soldado
homem novo Capitão
mas também tinha a seu lado
muitos homens na prisão.”

E mais adiante:

“Foi então que Abril abriu
as portas da claridade
e a nossa gente invadiu
a sua própria cidade.”

Com o 25 de Abril de 1974 houve uma mudança de paradigma. Como preito de homenagem a Luís Vaz de Camões, cujo 5º Centenário de Nascimento está a decorrer, mas pensando sempre no 25 de Abril de 1974, não resisto a parafrasear um excerto de um dos seus mais famosos sonetos:

Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança:
Todo o mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.”

Antecedentes do 25 de Abril
O 25 de Abril foi antecedido de muitas lutas contra o regime, por parte de múltiplos sectores da sociedade portuguesa: operários, camponeses, trabalhadores de serviços e intelectuais.
É nesse contexto de luta que surge informalmente uma frente cultural de escritores e artistas plásticos, descontentes com a política cultural do Estado Novo, frente essa que viria a ser designada por “Movimento neo-realista português”.
Tratou-se dum movimento filosófico, literário e artístico, o qual se manifestaria pela primeira vez em meados dos anos 30 através de polémicas literárias surgidas nos jornais “O Diabo” e “Sol Nascente”, bem como na revista “Vértice”, que defendiam uma arte virada para os verdadeiros problemas da sociedade, entrando em ruptura com o que era preconizado pela revista “Presença”, a qual defendia uma literatura expurgada de ideologia e não comprometida socialmente e que ao contrário do neo-realismo dava mais importância à “forma” que ao “conteúdo”.
O Movimento neo-realista português estender-se-ia já nos anos 40 às artes plásticas.
Os neo-realistas assumem-se então como representantes e porta-vozes dos anseios das classes trabalhadoras, propondo-se retratar a realidade social e económica do país, ao mesmo tempo que se empenham na transformação das condições sociais do mesmo. Para tal, focam-se no homem e na mulher comuns, procurando saber como vivem e trabalham operários e camponeses. Para além disso, abordam e aprofundam temas como as desigualdades sociais e a exploração do homem pelo homem. Escrutinam as injustiças e analisam o modelo social vigente. Pugnam pela elevação moral dos oprimidos e depositam esperança no futuro do Homem.
É claro que a defesa de todos estes valores se processa nas condições mais duras de repressão, que incluem no mínimo a censura (caso dos frescos de Júlio Pomar no Cinema Batalha no Porto em 1948, os quais foram mandados destruir), a apreensão de obras de arte (como aconteceu, entre outros, com Júlio Pomar, Lima de Freitas e Manuel Ribeiro de Pavia na Exposição Geral de Artes Plásticas de 1947, em Lisboa), a censura prévia de exposições (como aconteceu nas Exposições Gerais de Artes Plásticas entre 1948 e 1956), a proibição da realização de exposições (como aconteceu em 1952 em que não se realizou a Exposição Geral de Artes Plásticas, porque a Sociedade Nacional de Belas Artes esteve encerrada pela PIDE), a interdição do desempenho de cargos públicos (caso de Júlio Pomar e Alice Jorge) e no limite, a prisão (como aconteceu com os pintores Rogério Ribeiro, Júlio Pomar e Lima de Freitas) e mesmo o assassinato a tiro na via pública (como aconteceu com o escultor José Dias Coelho).

Memórias guardadas
Os trabalhos neo-realistas aqui expostos são registos da realidade de uma época nos seus múltiplos aspectos: social, económico e político. São pois, memórias do passado.
Por outro lado, ao reunir um acervo pessoal dessas obras, tornei-me, eu próprio, um guardador de memórias.
Estas memórias guardadas, conjuntamente com muitas outras memórias integram a chamada “memória colectiva”, a qual nos ajuda a construir e manter a nossa identidade cultural e histórica, preservando tradições, valores e experiências comuns.
É a memória colectiva que nos permite aprender com os erros e sucessos do passado, o que é essencial para o desenvolvimento e a evolução da sociedade.
A memória colectiva desempenha um papel crucial no exercício da cidadania e da democracia, pois é através da memória colectiva que as lutas e conquistas dos nossos antepassados são lembradas e honradas, incentivando a luta por um futuro melhor e mais justo.

A terminar
Dou-vos conta da minha disponibilidade para vos conduzir numa visita guiada à exposição.
Mas antes disso gostaria de expressar publicamente alguns agradecimentos:
Em primeiro lugar, ao Senhor Presidente da Câmara Municipal de Estremoz, José Daniel Pena Sadio, que teve a gentileza de redigir um texto de abertura para o catálogo, que muito o valoriza e me honra, já que no mesmo é reconhecido o valor e o interesse de parte do meu acervo estar patente ao público, o que o levou a conceder o seu aval à presente exposição.
Em segundo lugar, ao estimado filósofo e meu prezado amigo António Júlio Rebelo, que igualmente teve a gentileza de redigir o texto “O imaginário desceu à terra”, um monumento de pensamento cuja inserção no catálogo muito me orgulha.
Em terceiro lugar, quero agradecer a curadoria da exposição, de Isabel Borda d’Água, Directora do Museu Municipal de Estremoz, que se mostrou inexcedível na preparação da exposição e na divulgação da mesma.
Por último, quero agradecer à equipa de montagem do Museu, liderada pelo Senhor Manuel Broa, a dedicação e a competência técnica reveladas na concretização do “visual da exposição”.
A todos, o meu muito obrigado. Bem hajam!
Para todos eles, peço uma calorosa salva de palmas.

Hernâni Matos

Uma aspecto inicial da assistência. Fotografia de Luís Mariano Guimarães.

domingo, 16 de junho de 2024

NEO-REALISMO / MEMÓRIAS GUARDADAS / COLECÇÃO HERNÂNI MATOS

 



Créditos fotográficos:
Jorge Mourinha - Município de Estremoz


Integrada no Programa Comemorativo “50 anos em Liberdade: Comemorações do 50º Aniversário da Revolução de Abril de 1974”, decorreu ontem na Sala de Exposições Temporárias do Museu Municipal de Estremoz Prof. Joaquim Vermelho, a inauguração da exposição de artes plásticas NEO-REALISMO / MEMÓRIAS GUARDADAS / COLECÇÃO HERNÂNI MATOS.

No acto inaugural, participaram cerca de 4 dezenas de convidados, cuja presença e afecto foi para mim gratificante. Presidiu ao evento, o Senhor Presidente da Câmara Municipal de Estremoz, José Daniel Pena Sadio, a quem agradeço as palavras amigas, bem como ao Chefe de Divisão, Hugo Guerreiro, o qual no mesmo sentido o antecedeu no uso da palavra.  Seguidamente, coube-me a mim igual papel, tendo agradecido as facilidades concedidas pelo Município. De resto e como não podia deixar de ser, procurei dar uma visão do que que foi o movimento neo-realista português, o modo como surgiu e porque surgiu, os seus marcos mais importantes, as lutas em que se envolveu antes do 25 de Abril, bem como as suas naturais implicações.

A terminar, orientei uma visita guiada à exposição, procurando facilitar a leitura e interpretação das obras dos artistas plásticos patentes ao público: Júlio Pomar, António Cunhal, Lima de Freitas, Júlio Resende, Manuel Ribeiro de Pavia, Cipriano Dourado, Rogério Ribeiro, Alice Jorge, Jorge de Almeida Monteiro, Espiga Pinto, Querubim Lapa e Aníbal Falcato Alves. No seu conjunto, as obras expostas são em número de 40 e distribuem-se por diferentes tipologias: desenho a grafite, desenho a tinta-da-China, guache, aguarela, técnica mista, serigrafia, linoleogravura, xilogravura, litografia, água forte e água tinta e colagem. A mostra estará patente ao público até ao próximo dia 15 de Setembro.

Hernâni Matos