Museu Rural de Estremoz.
Figurado de
Estremoz
No Museu Nacional de Arqueologia
existe uma “Fuga para o Egipto” do séc. XVIII, que de acordo com o verbete
manuscrito por Leite de Vasconcelllos, é proveniente de Estremoz e foi doada
por Luís Chaves em 1915, que a encontrou num monte nos arredores da cidade,
onde porventura teria sido utilizada como brinquedo. Provavelmente é um grupo
que pertenceu a algum presépio de Igreja que foi disperso. Todavia, não
apresenta as características da manufactura sui-generis do figurado de Estremoz.
Conheço e tenho na minha colecção
figuras de Presépio do séc. XVIII, executadas ao modo de Estremoz, as quais são
figuras soltas que pertenceram a presépios aqui executados. É possível que
alguns presépios mais completos incluíssem o grupo da “Fuga para o Egipto”.
Contudo, não tenho conhecimento de nenhum exemplar de produção local anterior
aos começados a executar por Ana das Peles e Mariano da Conceição, nos anos 30
do séc. XX, na Escola Industrial António Augusto Gonçalves, sob a orientação do
Director, o escultor José Maria de Sá Lemos.
A “Fuga para o Egipto”, tem sido
produzida desde então pela maioria dos barristas e integra o núcleo base do
figurado de Estremoz. A análise do exemplar criado por Mariano da Conceição em
1948 e pertencente à colecção do Museu Rural de Estremoz, revela tratar-se de
duas figuras que em conjunto representam o episódio bíblico. São elas: - NOSSA
SENHORA A CAVALO - Montada à amazona numa burrinha preta com arreios, está
sentada sobre uma manta cor de zarcão, terminando por linhas incisas que
simulam franjas. Enverga túnica com gola e véu, ambos de cor azul celeste. De
salientar que a burrinha marcha para o lado esquerdo do observador e Nossa
Senhora está virada para o lado esquerdo do animal e com as costas viradas para
o lado contrário (NSAC-Tipo 1). Transporta o Menino Jesus ao colo, ao mesmo
tempo que o segura com os braços. O Menino está enroupado com uma vestimenta
branca, decorada na extremidade com linhas incisas, azuis e amarelas, imitando
franjas. Encontra-se ainda envolto numa manta que lhe pende dos ombros e cruza
no peito, igualmente branca e com franjas análogas às da extremidade da veste.
A figura assenta numa base quadrada de cor verde, pintalgada de branco, amarelo
e zarcão e orlada verticalmente com esta última cor. - SÂO JOSÉ – De pé, traja
túnica com gola, de cor azul celeste com orla amarela, calça branca e botas
pretas. Nas costas tem assente um manto vermelho, forrado de branco e igualmente
orlado de amarelo. A barba é espessa e castanho-escuro, o mesmo se passando com
o cabelo comprido, que cai sobre os ombros, enrolado na extremidade. À cintura
tem cingida uma faixa amarela com franjas nas duas extremidades, as quais
pendem para a frente. A mão esquerda assente no coração simboliza a lealdade e
a devoção a Deus. A mão direita empunha um bordão encimado por um lírio branco,
um dos atributos de São José e que é símbolo de pureza, castidade, confiança,
abandono completo e dedicação a Deus. A base da figura é rectangular, verde-escura,
com orla vertical a zarcão.
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