O
Amor e o Tempo
António
Feijó (1859-1917)
Pela
montanha alcantilada
Todos
quatro em alegre companhia,
O
Amor, o Tempo, a minha Amada
E
eu subíamos um dia.
Da
minha Amada no gentil semblante
Já
se viam indícios de cansaço;
O
Amor passava-nos adiante
E
o Tempo acelerava o passo.
— “Amor!
Amor! mais devagar!
Não
corras tanto assim, que tão ligeira
Não
pode com certeza caminhar
A
minha doce companheira!”
Súbito,
o Amor e o Tempo, combinados,
Abrem
as asas trémulas ao vento...
— “Porque
voais assim tão apressados?
Onde
vos dirigis?” — Nesse momento,
Volta-se
o Amor e diz com azedume:
— “Tende
paciência, amigos meus!
Eu
sempre tive este costume
De
fugir com o Tempo... Adeus! Adeus!”
António Feijó (1859-1917)
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