ODE À PAZ
Natália Correia (1923-1993)
Pela verdade, pelo riso, pela luz, pela beleza,
Pelas aves que voam no olhar de uma criança,
Pela limpeza do vento, pelos actos de pureza,
Pela alegria, pelo vinho, pela música, pela dança,
Pela branda melodia do rumor dos regatos,
Pelo fulgor do estio, pelo azul do claro dia,
Pelas flores que esmaltam os campos, pelo sossego dos pastos,
Pela exactidão das rosas, pela Sabedoria,
Pelas pérolas que gotejam dos olhos dos amantes,
Pelos prodígios que são verdadeiros nos sonhos,
Pelo amor, pela liberdade, pelas coisas radiantes,
Pelos aromas maduros de suaves outonos,
Pela futura manhã dos grandes transparentes,
Pelas entranhas maternas e fecundas da terra,
Pelas lágrimas das mães a quem nuvens sangrentas
Arrebatam os filhos para a torpeza da guerra,
Eu te conjuro ó paz, eu te invoco ó benigna,
Ó Santa, ó talismã contra a indústria feroz.
Com tuas mãos que abatem as bandeiras da ira,
Com o teu esconjuro da bomba e do algoz,
Abre as portas da História,
deixa passar a Vida!
Natália Correia (1923-1993)
Hernâni Matos
Publicado inicialmente em 24 de Outubro de 2015
Publicado inicialmente em 24 de Outubro de 2015
#Poesia Portuguesa - 005
Excelente poema de uma poetisa ímpar.
ResponderEliminarOctávio:
EliminarDe facto é impossível ficar indiferente à poesia de Natália Correia.
Mais apreciada depois de desaparecida...rever os programas Matria..na RTP..quem puder
ResponderEliminarTambém creio que sim.
EliminarÉ de ver
Lindíssimo poema de Natália Correia que tive o prazer de conhecer e assistir a conferências em que ela participava .
ResponderEliminarMuito bem!
Eliminar