Transcrevo com regozijo e com a devida vénia,
a Notícia do Município de Estremoz, nº 2528,
de 23 de Março de 2016.
O Município de Estremoz entregou ontem, dia 22 de março, à Comissão Nacional da UNESCO (CNU), o dossier de candidatura à inscrição da Produção de Figurado em Barro de Estremoz na Lista Representativa do Património Cultural Imaterial da Humanidade.
A Câmara Municipal de Estremoz iniciou em outubro
de 2012 um processo de promoção, investigação e produção de conhecimento, que
teve por objetivo a inscrição dos vulgarmente chamados "Bonecos de
Estremoz", arte emblemática desta cidade alentejana, na Lista
Representativa de Património Cultural Imaterial da Humanidade.
Como primeiro passo para a conclusão deste
objetivo, a 26 de março de 2014,
a Assembleia Municipal de Estremoz declarou a Produção
de Figurado em Barro de Estremoz, como Património de Interesse Municipal.
Os estudos continuaram e o Plano de Valorização e
Salvaguarda do Boneco de Estremoz começa a ser colocado em prática,
nomeadamente no âmbito da investigação da produção bonequeira atual e das
matérias-primas dos séculos XVIII e XIX da coleção Reis Pereira, realização de
conferências, renovação da exposição permanente do Museu Municipal, exposições
temporárias, atividades educativas, entre outras.
Já em 20 de abril de 2015, com a publicação do
Anúncio n.º 83/2015 da Direção-Geral do Património Cultural, concretizou-se a
inscrição da Produção no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial,
estando todo o processo disponível na página Internet daquele Inventário, em www.matrizpci.dgpc.pt.
A 26 de junho desse mesmo ano, fundou-se no Museu
Municipal o Centro UNESCO para a Valorização e Salvaguarda do Boneco de
Estremoz.
Faltava então o passo final, depois de todo um
trabalho de estudo, promoção e criação dos meios necessários para bom
acolhimento da candidatura final. Após conclusão da componente burocrática e na
apresentação de estudos, na qual o Municipio de Estremoz teve como parceiros a
Direção Regional da Cultura do Alentejo e o Centro UNESCO para a Valorização e
Salvaguarda do Boneco de Estremoz, o processo de candidatura foi entregue
ontem, dia 22 de março, ao Embaixador da Comissão Nacional da UNESCO, Ministro
Plenipotenciário Jorge Lobo de Mesquita.
De salientar que todo este processo de candidatura
foi desenvolvido recorrendo apenas a recursos técnicos e humanos do Município
de Estremoz, em estreita colaboração com o Grupo de Trabalho da Comissão
Nacional da UNESCO, através do seu Comité para o Património Cultural Imaterial,
colaboração que o Município de Estremoz reconhece e agradece, pelas mais valias
que acrescentou à candidatura.
O Boneco modelado ao modo de Estremoz é uma
produção artística de carácter popular, com mais de 300 anos de história, a
qual era maioritariamente executada por mulheres nos primeiros séculos de
existência da arte (daí não ser considerado um Ofício, mas uma simples
curiosidade), que consiste na modelação de uma figura em barro cozido,
policromado e realizado manualmente, segundo uma técnica com origem pelo menos
no século XVII, assente na montagem dos elementos bola, placa e rolo. Depois de
efetuado o corpo da peça (cabeça, tronco e membros), e a cabeça colocada em
molde para moldar a face, o boneco é vestido por intermédio de placas
recortadas na forma de roupas. Seca e vai a cozer. É pintado, envernizado e
novamente deixado a secar. Como acontece desde as suas origens, o seu destino é
comercial. Funcionalmente, nos primórdios, o destino era religioso
(imaginária). Hoje assume características decorativas e simbólicas.
Atualmente trabalham na arte Afonso Ginja, Célia
Freitas, Duarte Catela, Fátima Estróia, Irmãs Flores, Isabel Pires, Jorge da
Conceição, Miguel Gomes e Ricardo Fonseca.
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