sábado, 1 de junho de 2024

Palhaço - Álvaro Feijó




Palhaço
Álvaro Feijó (1916-1941)

Como os garotos entrei no circo
por sob a tela! Ninguém… Ninguém!
Saltei na arena, berrei na arena…
ninguém!

Vesti o fato vermelho e oiro
dalgum palhaço,
lancei nas ondas do ar o tesoiro
Do que eu quero fazer e que não faço.

Na escuridão senti um riso
quando atirei minha alma nua,
tal e qual é na escuridão

Riso de quem? Ninguém me via?
E a gargalhada ria,
como se fora eu próprio a rir.

Abri a alma, mostrei-a inteira!
O que podia… E o resto, a esmo!
E o riso, ria.
Riso de quem?

E fui palhaço de mim mesmo!


Álvaro Feijó (1916-1941)


#Poesia Portuguesa - 211

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