Liberdade da Conceição (1913-1990).
Colecção particular.
O núcleo central do
figurado de Estremoz inclui o chamado presépio de trono ou de altar, no qual
figura um berço com o Menino Jesus. Também os chamados presépios de 3, 6 e 9
figuras, incluem um berço idêntico. Esta singularidade, levou-nos a
contextualizar o nascimento de Jesus.
Referências
bíblicas
Um dos grandes símbolos religiosos, que retrata o
Natal e o nascimento de Jesus é o presépio. De acordo com Rafael Bluteau (1713)
e Cândido de Figueiredo (1819), a palavra “presépio” provem do latim
“praesepium”, que genericamente significa curral, estábulo, lugar onde se
recolhe gado e que, numa outra óptica designa qualquer representação do
nascimento de Cristo, de acordo com os Evangelhos (LUCAS 2: 1 a 18) e (MATEUS 2: 1 a 11). Deles destaco a
anunciação do anjo do Senhor aos pastores: “Isto vos servirá de sinal: achareis
um recém-nascido envolto em faixas e posto numa manjedoura.” (LUCAS 2: 12), bem
como “ Foram com grande pressa e acharam Maria e José, e o menino deitado na manjedoura.”
(LUCAS 2: 16).
O presépio é uma referência cristã que nos remete
para o nascimento de Jesus numa gruta de Belém, na companhia de José e Maria,
que ali pernoitaram na sequência do recenseamento de toda a Galileia. Jesus
terá nascido numa manjedoura destinada a animais e foi reconhecido após o
nascimento, por pastores da região, avisados por um anjo, e, dias mais tarde,
por Reis Magos vindos do Oriente, guiados por uma estrela e que terão chegado
até Jesus no dia 6 de Janeiro, data que em presentemente se comemora o “Dia de
Reis”.
Literatura de tradição oral
O nascimento de Jesus tem múltiplos registos na
nossa literatura de tradição oral. No que respeita a ADAGIÁRIO assinalo: “Depois
que o Menino nasceu, tudo cresceu”, bem como “Quando o Menino nasceu, tudo
cresceu” e ainda: “Um menino nasceu, o mundo tornou a começar”.
No que concerne a CANCIONEIRO POPULAR ALENTEJANO,
Jesus é identificado como mais pobre que os pobres: "Qualquer filho de
homem pobre / Nasce n’um ceo de cortinas. / Só tu, menino Jesus, / Nasceste n’umas
palhinhas." Também é dito que passou frio: “Jesus menino, / Mal
agasalhado, / Tremendo com frio, / Em palhas deitado.” Todavia, um poeta mais imaginativo,
porventura pensando naquilo que não tinha, pintou um menino empanturrado com
aquilo que o porco e a terra dão: "Olha o Deus Menino, / Nas palhinhas
deitado, / A comer pão e toicinho, / Todo besuntado!”.
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