domingo, 22 de novembro de 2015

Poesia Portuguesa - 057


RETRATO DE FERNANDO PESSOA (1954).
Almada Negreiros (1893-1970).
Óleo sobre tela (201 x 201 cm).
Museu da Cidade, Lisboa.
Os emigrados
Álvaro de Campos (1890-1935)

Sós nas grandes cidades desamigas,
Sem falar a língua que se fala nem a que se pensa
Mutilados da relação com os outros
Que depois contado na pátria os triunfos da sua estada.
Coitados dos que conquistam Londres e Paris!
Voltam ao lar sem melhores maneiras nem melhores caras
Apenas sonharam de perto o que viram —
Permanentemente estrangeiros.
Mas não rio deles. Tenho eu feito outra coisa com o ideal?
E o propósito que uma vez formei num hotel planeando a legenda?
É um dos pontos negros da biografia que não tive.

Álvaro de Campos (1890-1935)

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