No
monte
António de Macedo Papança (1852-1913)
(Conde de Monsaraz)
António de Macedo Papança (1852-1913)
(Conde de Monsaraz)
No
monte, o lavrador, cansado da labuta
Do
dia que passou, monótono, uniforme
São
oito horas, ceou, recolheu-se e já dorme,
Feliz
por ver medrar as terras que desfruta.
A
lavradora, não; activa e resoluta,
Moireja
até mais tarde e descansa conforme
A
faina lho consente e a barafunda enorme
De
homens e de animais que em derredor se escuta
Mas
a filha, que tem vinte anos e que sente,
Nas
solidões da herdade, a alma descontente
E
o sangue a referver num sonho tresloucado,
Encosta-se
à janela; ouvem-se as rãs e os grilos;
E
os olhos de azeviche, ardentes e tranquilos,
Ficam-se
horas a olhar as sombras do montado...
António de Macedo Papança (1852-1913)
(Conde de Monsaraz)
(Conde de Monsaraz)
Sem comentários:
Enviar um comentário