Um olhar fotográfico que regista a imagem e dela a forma, a volumetria, a medida, a profundidade, a cor, a textura, o contraste, a luminosidade e o brilho.
Um olhar analítico que cruza o ar, no espaço e no tempo e que, no acto visual de dissecar as partes de cada todo, procura nelas os elos de ligação, bem como as harmonias e os ritmos que as hão de reagrupar e reunificar na reconstrução dialéctica do todo.
Um olhar privilegiado que através da miríade de redes neuronais, funciona como um pantógrafo que pictogroficamente transmite à mão dextra, o impulso nervoso que não é mais que o feedback visual do raio luminoso que impressiona a sua retina e a sua alma de Poeta.
Mão que empunha um lápis de cor com a mesma determinação olímpica do ganhão que lavra a Terra-Mãe para dela extrair o seu pão de cada dia.
Mãos solidárias e cúmplices com a folha de papel que tacteiam, exploram, afagam e fecundam, ora energicamente ora duma forma mais pausada, mas sempre com a doçura própria de quem ama.
Mãos que vibram como quem dedilha com mestria uma guitarra portuguesa e arranca dela o que de mais profundo tem o sentir da Alma do Povo.
Mãos que sofrem como o olhar ou o pensamento, pois doloroso é o Acto Criador.
Este é, em traços gerais, necessariamente simplificadores e redutores, o esboço tosco do perfil biográfico da ilustradora e desenhadora Cristina Malaquias.
A Artista desculpará a ousadia com que eu, recorrendo à alquimia das palavras, transmutei as emoções que o seu trabalho e Obra, em mim despertam. Mas doutra forma não poderia ter sido.
À Artista agradeço em nome do público, o ter partilhado connosco a beleza da sua visão mágica das coisas: o esvoaçar duma borboleta, o som do restolho pisado, a intensa claridade do sul que ora se acende, ora se apaga, que esse é o ciclo do Vida.
Obrigado, Cristina!
Estremoz, 6 de Julho de 2008
(In catálogo de “ILUSTRAÇÃO E DESENHO”. Centro Cultural Dr. Marques Crespo. Estremoz, Junho/Julho de 2008)
Queria que todos os meus amigos e amigas pudessem e viessem visitar a exposição de Cristina Malaquias, porque:
ResponderEliminarDepois, da exposição tão pomposa,
Com palavras da sua alquimia
Com que Hernâni Matos celebrou
A Obra da Cristina Malaquias
Como posso eu, de feição airosa,
Acentuar o que ele citou?
Talvez, no léxico depositado
No arquivo da minha infância,
Haja algum texto bem apropriado
Que na sua infantil elegância
Em palavras pejadas de verdade,
Como são, sempre, as dessa idade
Me expresse, duma forma intensa
Enalteça as figuras e magias
Límpidas e de ternura imensa
Feitas pela Cristina Malaquias
A Cristina compõe a sua arte
Tendo o devaneio por escopro
Fazendo-nos olhar, em qualquer parte,
Com um simples ou prolongado sopro,
Como em brincadeira infantil,
As cores dum Mundo risonho
Rosa bebé, verdes, azul, anil…
Aliadas em matizes de sonho
Criando um campo de fantasia
Que o traço envolve e completa
Abraçando-nos numa melodia
Suave, não para adormecer,
Ao contrário, apela e desperta
Percebem o que eu quero dizer?
Vão à exposição no dia dois
Dir-me-ão alguma coisa depois…
Obrigado, Georgina Ferro pelo excelente comentário poético que muito fica a valorizar este post.Um grande abraço para ti, Amiga.
ResponderEliminarRealmente, não foi em vão
ResponderEliminarQue apareceu tanta gente
A ver surgir de um borrão
Uma textura diferente
Os rostos reflectiram agrado
Pela originalidade,
De um tão modesto “soprado,”
Revelar criatividade
Como é belo ser capaz
De misturar, em harmonia,
Uma gotinha colorida
É como a Cristina faz
Sopra-lhes uma melodia
E as gotinhas criam vida
Cada olhar mirava sagaz
O que a Cristina fazia
Com destreza e perfeição
Que revelava ser capaz
De criar uma harmonia
Entre arte e emoção
gostei muito, muito...senti-me uma criancinha de escola maravilhada com a professora!...Quem ainda não viu, garanto-lhes que vale a pena dispender uns minutos do vosso tempo, que não será tempo perdido!...
Ao Hernani, mais uma vez parabéns por
pores a nu as maravilhas que desabrocham no Lindo Concelho de Estremoz. Bem Haja Hernani e continua, pois há muito para vir a lume!... Um grande abraço para ti, também.Gina