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segunda-feira, 12 de setembro de 2022

Rua do Outeiro, berço de barristas

 

Rua do Outeiro (1944). Roberto Augusto Carmelo Alcaide (1903-1979).


Como é sabido, sou assíduo frequentador do Mercado das Velharias em Estremoz. Ali tenho comprado coisas invulgares, umas pré-existentes na minha mente, outras descobertas por mero acaso. Foi o que aconteceu há cerca de 20 anos com uma pintura que me aqueceu a alma como investigador da barristica popular estremocense. Daí que a tenha utilizado como imagem de abertura do meu livro “Bonecos de Estremoz”, publicado em 2018 pelas edições Afrontamento. Trata-se da Rua do Outeiro (1944), um gouache sobre cartão (27 cm x 19 cm), da autoria de Roberto Augusto Carmelo Alcaide (1903-1979), autodidacta, caricaturista, maquetista, cenógrafo e dramaturgo. Casado com a poetisa Maria Palmira Osório de Castro Sande Meneses e Vasconcellos (1910-1992), que sob o pseudónimo Maria de Santa Isabel, publicou obra poética, a qual inclui: Flor de Esteva (1948), Solidão Maior (1957), Terra Ardente (1961), Fronteira de Bruma (1997), Poesia Inédita (A editar).
Nascido em 1946, tive o privilégio de conhecer em vida, não só a poetisa como o seu esposo, pertencente como eu a ramos distintos da Família Carmelo, ele da 9.º geração e eu da 10.ª.
Da rua do Outeiro, rua de oleiros e bonequeiras, nos fala a “Marcha do Outeiro”, vencedora do concurso de Marchas Populares de Estremoz, em 1948: “O outeiro iluminado / de rubras malvas bordado, / tanta graça Deus lhe pôs!) / que foi berço das primeiras / fantasias das oleiras / nos bonecos de Estremoz!”. A letra da marcha era da autoria de Luís Rui, pseudónimo literário de Joaquim Vermelho (1927-2002), que se tornaria um destacado estudioso da barrística popular estremocense.


Roberto Augusto Carmelo Alcaide (1903-1979).

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