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sábado, 15 de fevereiro de 2020

Veiros: quem protege os moradores da Eira da Pedra Alçada?


Veiros: Bairro da Eira da Pedra Alçada

Veiros:
quem protege os moradores da Eira da Pedra Alçada?

Maria Helena Figueiredo
Membro da Mesa Nacional e da Comissão Coordenadora
Distrital de Évora do Bloco de Esquerda
Texto transcrito com a devida vénia,
do jornal Brados do Alentejo, de Estremoz,
do dia 13 de Fevereiro de 2020

Fotografias enviadas
     por um morador do local 


A construção da barragem de Veiros, em meados de 2015 e a que correspondeu um investimento público de cerca de 25 de milhões de Euros, veio responder a uma aspiração antiga e com ela a água tornou-se acessível à agricultura.

Ao contrário do que seria uma vantagem para Veiros com a água vêm os projectos de agricultura intensiva e super intensiva, os impactos negativos para o ambiente e um pesadelo para muitos dos que lá vivem.

Junto ao Bairro da Eira da Pedra Alçada, está a ser preparado o terreno para instalação de um olival intensivo ou super intensivo, numa propriedade que chega mesmo junto às casas ali existentes, o que está a preocupar, com razão, quem lá vive.

Escassos 10 ou 15 metros separam os muros das habitações que ali existem dos terrenos que estão já a ser preparados para o futuro olival intensivo.

A plantação de olival intensivo vai chegar perto das casas e há um conjunto de questões de saúde pública que se levantam e que, com razão, preocupam a população ali residente e relativamente às quais as entidades responsáveis parecem não dar qualquer importância.

Como todos sabemos estas culturas desenvolvem-se de forma rentável pelo recurso a um elevadíssimo consumo de água, da ordem dos 4.000 a 7.000 m3 por ha, e à aplicação de adubos e de fitofármacos que produzem fortíssimos impactos no ar que se respira, no solo e nas águas de superfície e subterrâneas.

Mesmo nos casos em que a produção é desenvolvida em modo integrado, ou seja, seguindo regras menos danosas para o ambiente, a instalação de um olival intensivo (e mais ainda super intensivo) implica sempre a aplicação adubos, de fungicidas e pesticidas e pulverizações regulares, que sujeitarão a população a respirar o ar contaminado com estes produtos.

Muitos destes produtos são glifosatos, muito perigosos para a saúde humana e vão ser aplicados junto às habitações.

Também a utilização de fertilizantes e pesticidas vai poluir as águas superficiais e subterrâneas, águas de poços que muita desta população utiliza.

De acordo com a legislação em vigor, a aplicação destes produtos em zonas urbanas é sujeita a um conjunto de regras, mas neste caso, como será numa exploração agrícola, nenhuma dessas precauções será aplicável, apesar de as casas estarem a escassos 10 ou 15 metros.

Legitimamente os moradores estão muito preocupados e receosos. Quais as consequências para a sua saúde e a dos seus filhos e netos por estarem a respirar regularmente ar contaminado pelas pulverizações de químicos? Como vão garantir que a qualidade da água dos poços e furos não é afectada pela drenagem dos fitofármacos e adubos e como vão continuar a comer a produção dos seus quintais? Quem quererá viver com um olival intensivo à porta de casa e quem quererá comprar as suas casas se quiserem ou tiverem que as vender?

O que está em causa já não é apenas o impacto ambiental destas culturas super intensivas, o consumo excessivo de água ou a salinização e sodificação dos solos. O que está em causa em Veiros é, no imediato, a saúde pública destes moradores e nenhum argumento tornará admissível que se instalem culturas intensivas a 10 ou 20 metros das habitações, seja em Veiros seja noutro qualquer local.

As entidades públicas questionadas pelos moradores não tem dado respostas ou quando as dão  pouco adiantam,  como foi o caso da Junta de Freguesia, que questionou os promotores do projecto, os quais, naturalmente, terão defendido que o mesmo não constituía qualquer perigo para a população, tendo a Junta concluído que se tudo for como os promotores dizem não haverá prejuízo, incómodo ou perigo para os moradores.

E se não for assim?

Hoje sabemos, pela experiência de muitas populações, em particular no Baixo Alentejo, que a sua qualidade de vida e a sua saúde estão fortemente ameaçadas com a instalação de olivais e amendoais intensivos e super intensivos perto das habitações.

E porque sabemos, não é admissível que os poderes públicos fechem os olhos a situações destas, omitindo a sua obrigação primeira que é a protecção das populações.

Exige-se, por isso que, quer a Câmara Municipal de Estremoz, quer a Junta de Freguesia de Veiros, quer os Ministérios da Agricultura e da Saúde, desenvolvam todas as acções ao seu alcance para proteger os moradores de Veiros, em especial da Eira da Pedra Alçada.

E que o façam agora, enquanto é tempo.


Veiros: Bairro da Eira da Pedra Alçada

Veiros: Bairro da Eira da Pedra Alçada

Veiros: Bairro da Eira da Pedra Alçada

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