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quarta-feira, 19 de fevereiro de 2020

Ana das Peles, presente!


Ana das Peles (1859-1945). Fotografia (1940) de Albert t’Serstevens (1886-1974).
Arquivo fotográfico do autor.

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Evocação
Há figuras que pela sua acção desempenharam um papel de relevo na construção da Memória de Estremoz, pelo que não podem ser olvidadas nas páginas da História local. É o que se passa com Ana das Peles (1859-1945), velha barrista que foi o instrumento primordial da recuperação da extinta tradição de manufactura dos Bonecos de Estremoz, empreendida pelo escultor José Maria de Sá Lemos nos anos 30 do séc. XX.
A 19 de Fevereiro de 2020 completam-se 75 anos sobre a morte da barrista que foi uma figura chave na recuperação duma tradição extinta e que hoje é motivo de orgulho para todos os estremocenses.
Ana das Peles partiu, mas os seus Bonecos muito apreciados e procurados, povoam vitrinas de coleccionadores e de museus para deleite de espírito. Com eles a imagem de marca da nossa identidade cultural local e transtagana, testemunho e herança de uma época.
Para além dos Bonecos nascidos das suas mãos, Ana das Peles encontra-se perpetuada nas palavras escritas daqueles que com olhos de ver, souberam transmitir aos vindouros o que ela era, o que ela fazia e o que ela representava: o memorialisno de Sá Lemos, as estrofes de Celestino David, o jornalismo de Albert t’Serstevens, a evocação regionalista de Azinhal Abelho.
Hoje como ontem, os barristas de Estremoz continuam a criar figuras que viajam por esse mundo fora, para tornar as pessoas felizes. Daí que na 1.ª Feira de Arte Popular e Artesanato do Concelho de Estremoz, o Poeta António Simões tenha proclamado: “Barro incerto do presente / Vai moldar-te a mão do Povo / Vai dar-te forma diferente / Para que sejas barro novo!”
75 anos volvidos sobre a morte de Ana das Peles, os seus gestos de modeladora de sonhos, continuam a ser repetidos, ainda que recriados pelos barristas de hoje. Por isso Ana das Peles é imortal e os Bonecos de Estremoz serão eternos.
Ana das Peles partiu mas estará para todo o sempre presente na nossa memória e nos nossos corações. É caso para dizer
- ANA DAS PELES, PRESENTE!
Nota final
Esta evocação de Ana das Peles é a homenagem singela e possível de vozes insubmissas que se recusam a ser cúmplices do silêncio olímpico e majestático do Município, que passou ao lado da efeméride.  

Estremoz, 18 de Fevereiro de 2020
(Jornal E nº 240, de 19-02-2020)

1 comentário:

  1. Gostei de ler e ficar a saber a vida da barrista Ana Peles e quão importante foi na Barrístca de Estremoz.Também lamento que o Município não se tenha referido à efeméride da sua morte mas isso são contas de outro rosário, suponho eu.

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