“Tudo o que é pequeno tem graça” é uma máxima perpetuada na nossa memória colectiva. Trata-se de uma premissa que “assenta que nem uma luva”, não só aos brinquedos de louça de barro vermelho de Estremoz, como também aos exemplares da mais ínfima dimensão do vasilhame de barro desta cidade. É o que se passa com o cantil da figura, de pequenas dimensões (10 x 8,5 cm) e uma decoração por polimento com simetria radial, muito simples mas vistosa. Com efeito, o contraste entre o polido e a superfície sobrante que após a modelação na roda não sofreu mais nenhuma intervenção, surte um belíssimo e encantador efeito visual.
As miniaturas de louça de barro
vermelho de Estremoz, exerceram desde sempre forte atracção sobre a garotada.
Fialho de Almeida no conto “O Romana” [1] evoca a ida na sua juventude a uma feira,
onde na secção de loiças: “Iam-se-me os olhos nos pucarinhos de Estremoz,
com incrustrações de pedras brancas, alguns com desenhos de fantasia,
reproduzindo animaes duma fauna que se extinguiu muito antes do diluvio
universal. Por força que minha mãe havia de comprar-me um daqueles pucarinhos,
e mais um barrelinho para ter agua fresca, no verão, e mais um galo com
assobio, de grande crista vermelha, importando tudo bem regatiadinho, em
quantia nunca inferior a doze vintens.”
[1] ALMEIDA, Fialho de. Gente rústica. Guimarães e Cª, Lisboa, s/d.
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