Cavalheiro de cartola e monóculo. Decoração relevada em garrafa
alegórica ao corso carnavalesco de Estremoz, em 1935.
O Orfeão e a revitalização do Carnaval de Estremoz [1]
"Após a criação em 1930 do Orfeão de Estremoz "Tomaz Alcaide", este chamou a si a iniciativa de promover corsos carnavalescos designados também por “Batalhas de flores”, integradas por carros alegóricos, grupos de cavaleiros, grupos de ciclistas, grupos de foliões e ranchos folclóricos do concelho. Os corsos eram abrilhantados pelas bandas locais, Sociedade Filarmónica Luzitana e Sociedade Filarmónica Artística Estremocense, as quais tocavam música portuguesa, assegurando a animação do evento. “Cabeçudos” e “gigantones” completavam o ramalhete de animação que percorria as ruas da parte baixa da cidade, previamente engalanadas.
O primeiro corso carnavalesco organizado pelo Orfeão teve lugar em 1935 e saldou-se por um assinalável êxito.”
A empatia entre o Orfeão e a Olaria Alfacinha
Em 1933 já alguns membros do clã Alfacinha[2] integravam o coro do Orfeão de Estremoz "Tomaz Alcaide", o qual constituía na época um polo dinamizador da cultura local. Por sua vez, Mariano da Conceição, o mais velho dos irmãos Alfacinha, desde 1930 que era Mestre de Olaria na Escola Industrial António Augusto Gonçalves e a Olaria Alfacinha era pujante na sua laboração e como tal um referencial na arte popular local. É, pois, natural, que se tenha gerado uma perfeita empatia entre o Orfeão e a Olaria, que se veio manifestando ao longo dos tempos. É assim que a Olaria é tema de operetas levadas à cena pelo Orfeão. É assim que a Olaria e com ela os Bonecos de Estremoz vêm a ser glosados por poetas estremocense como Maria de Santa Isabel,
Maria Guiomar Ávila, Maria Antónia Martinez e Joaquim Vermelho, cujas ligações e afinidades com o Orfeão são sobejamente conhecidas.
Corso carnavalesco de 1935 perpetuado no barro de Estremoz
É a profunda empatia entre a Olaria Alfacinha e o Orfeão de Estremoz Tomaz Alcaide que me leva a admitir que a garrafa em barro vermelho que ilustra o presente texto, com decoração fitomótfica polida e relevada com figuras carnavalescas, seja uma peça olárica, alegórica ao corso carnavalesco organizado pelo Orfeão em 1935, a qual foi produzida na Olaria Alfacinha.
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