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domingo, 12 de fevereiro de 2017

Ensaio sobre a cegueira

Cena do filme “Ensaio sobre a cegueira” de Fernando Meirelles (2008),
baseado na obra homónima de José Saramago.
À laia de desabafo
Pode-se muito legitimamente não gostar de furta-cor e eu seguramente não gosto. Todavia nas minhas crónicas de cidadania não desvio as atenções do leitor para questões colaterais que acabam por constituir “faits divers”. E isso nunca faço, já que “A verdade é como o azeite: Vem sempre ao de cima”.
Perfilho um sistema de valores que incluem a profunda convicção que o exercício da cidadania e em particular o direito de opinião, devem ter uma dimensão ética. Creio firmemente que os meios não justificam os fins, já que os meios utilizados podem pôr em causa valores universais que devem constituir a nossa matriz identitária e o nosso “corpus” doutrinário. À semelhança de José Saramago “Aprendi a não tentar convencer ninguém. O trabalho de convencer é uma falta de respeito, é uma tentativa de colonização do outro.”.
Pessoalmente, recuso-me a ser um iluminado, daqueles que tudo fazem para convencer os outros, ainda que o adagiário nos advirta que “O excesso de luz produz a cegueira”. A partir daí “Sonhava o cego que via” e o que é trágico é que “O pior cego é o que não quer ver”. O iluminado enquanto cego está fortemente condicionado, já que “Um cego não pode ser juiz em cores”, além de que “Um cego não pode ser guia de outro cego”, pois “Se o cego guia o cego, correm ambos o risco de cair”.

Bonecos de Estremoz a Património Cultural Imaterial da Humanidade
Como é do conhecimento público, em devido tempo o Município de Estremoz submeteu à UNESCO, a Candidatura dos Bonecos de Estremoz a Património Cultural Imaterial da Humanidade. A fundamentação rigorosa da Candidatura, concedeu-lhe solidez e peso e consequentemente credibilidade, respeitabilidade e vigor, que a meu ver são condições não só necessárias como suficientes, para que seja uma Candidatura vitoriosa.
A inclusão dos bonecos de Estremoz na lista representativa do Património Cultural Imaterial da Humanidade, será o corolário natural de toda uma Candidatura que tem sido desenvolvida com rigor e traduzir-se-á numa maior divulgação, valorização e reconhecimento a nível planetário do nosso figurado. 
Aguardemos serenamente por Novembro de 2017.

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