Figuras de barro de
Estremoz. Museu de Arte Popular, Lisboa.
(Revista "Panorama”,
nº 12, III Série, Dezembro de 1958)
Desde 15 de Maio de 2014 que mantenho no jornal
Brados do Alentejo, a secção BONECOS DE ESTREMOZ A PATRIMÓNIO CULTURAL
IMATERIAL DA HUMANIDADE, que já vai no nº 63. Aí, logo no nº 1, jurei pôr o meu
verbo e o resto da gramática, ao serviço da Candidatura dos Bonecos de Estremoz
a Património Cultural Imaterial da Humanidade. Daí que a secção se tenha
assumido como trincheira e tribuna, a manter viva até à vitória final daquela Candidatura.
Lá expliquei que o fazia porque os bonecos de Estremoz me estão na massa do
sangue, visto que comigo partilham o contexto antropológico, social ou
religioso que esteve na sua génese. Falam-me também do seu criador e dos sonhos
que lhe povoam a mente, bem como das técnicas ancestrais que o artista popular
domina e que lhe brotam à flor das mãos.
Para mim, cada boneco é fruto de uma relação de
amor de quem procura fazer tudo a partir do nada que é a massa informe de barro,
mas que é também a expressão viva do ganha-pão diário de quem tem necessidade
de assegurar a sua subsistência e a dos seus.
Vejo cada boneco como um panfleto de cores garridas
e de claridades do sul, próprias desta terra transtagana. Para mim, tomar um
boneco nas mãos, é criar sinestesias que envolvem os meus 5 sentidos. É como
possuir uma bela mulher que me enche as medidas e por quem sinto exactamente o
mesmo desejo da semente que fecunda a Terra-Mãe.
Como coleccionador e como investigador da
barrística local, amo os bonecos de Estremoz e subscrevo desde a primeira hora,
com alma e coração, a sua Candidatura a Património Cultural Imaterial da
Humanidade.
Esta candidatura foi em devido tempo apresentada
pelo Município, seguindo todos os trâmites legalmente previstos e contando com
a assessoria técnico-científica de Hugo Guerreiro, Director do Museu Municipal,
que ali tem desenvolvido um trabalho notável.
No presente, o figurado de Estremoz além de figurar
no Inventário Nacional de Património Cultural Imaterial, já tem a sua candidatura
entrada na UNESCO, como se pode concluir por consulta do respectivo website.
O Museu Municipal de Estremoz é actualmente Centro
UNESCO para a Valorização e Salvaguarda do Boneco de Estremoz e no início do
mês passado, estiveram em Estremoz representantes da Federação Portuguesa das
Associações Centros e Clubes UNESCO, para assinatura de um Protocolo de
Parceria Estratégica, no âmbito do Centro UNESCO, para a valorização e
salvaguarda dos Bonecos de Estremoz.
A decisão da UNESCO relativamente à candidatura
apresentada pelo Município será conhecida em finais de 2017.
O noticiário do Município tem divulgado
publicamente todas as etapas do processo e a imprensa tem feito a divulgação
das mesmas, o que eu posso confirmar, já que sei do que estou a falar. Dai que
não perceba quais as reais intenções de quem na imprensa local, pareça querer
pôr a candidatura em causa, ao afirmar que “Em Estremoz … não se sabe ao certo”.
Quem tem acompanhado os noticiários do Município e a imprensa local, regional e
nacional, sabe. Quem não sabe e fala do que não sabe, fica mal na fotografia.
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