Palácio Tocha na actualidade.
O histórico Palácio Tocha, no Largo D.
José I, 100, junto ao Jardim Municipal de Estremoz, vai ser transformado pela
Fundação Berardo em Museu do Azulejo. Trata-se dum imponente solar setecentista
também conhecido por Palácio dos Henriques de Trastâmara, construído no início
do século XVIII para residência do capitão Barnabé Henriques e sua família. Era
ali que na novela Belmonte, supostamente residia a família Milheiro e em cujo
rés-do-chão funcionava a clínica veterinária da Dr.ª Julieta Milheiro.
A revelação das futuras
funções do Palácio foi feita à rádio local, pelo Presidente da edilidade Luís
Mourinha, que deu conhecimento que no passado dia 7 de Abril, a Direcção Geral
da Cultura deu parecer favorável a obras de conservação, restauro e adaptação,
as quais deverão ter início em Julho ou Agosto próximo.
História recente
do Palácio
Desde que foi erigido e
até aos dias de hoje, o Palácio Tocha conheceu diversos proprietários, um dos
quais a família Sepúlveda da Fonseca, que visando efectuar partilhas, decide
vender o imóvel. Para tal dá preferência à Câmara Municipal de Estremoz, tendo
o seu representante Dr. José Filipe Sepúlveda Rosado da Fonseca, contactado o Presidente
da Câmara, Luís Mourinha. O Município revela-se interessado na aquisição, mas
propõe o pagamento faseado em tal número de parcelas, que aquela família não
pode aceitar. O edifício é então vendido no ano de 2000, à Imobiliária Magnólia
da Madeira, Lda. A 4 de Junho desse mesmo ano, a CME entrega nas instâncias
competentes uma proposta visando a classificação do imóvel como monumento de
interesse público.
Em 2008, a Imobiliária
Magnólia da Madeira, Lda., faz uma permuta de edifícios com a Associação de
Colecções, de cujo Conselho de Administração é Presidente, o Comendador José
Manuel Rodrigues Berardo (Joe Berardo). Na prática o proprietário do Palácio
Tocha passa a ser o conhecido empresário e coleccionador de Arte, Joe Berardo.
Na sequência da proposta
da Câmara, o Palácio Tocha veio a ser classificado como monumento de interesse
público, através da Portaria 40/2014 do Secretário de Estado da Cultura,
publicada no Diário da Republica - 2.ª Série, Nº 14, de 21-01-2014. O diploma
define ainda a zona especial de protecção do monumento.
Face àquela classificação,
pessoalmente chocado pelo estado de degradação do edifício e a necessidade
urgente de promover o seu restauro e conservação, redigi 3 artigos sob a
epígrafe PALÁCIO TOCHA - QUEM LHE ACODE?, publicados no jornal Brados do Alentejo, a 10 de Julho, 11 de Setembro e 2 de Outubro de
2014. Nesses artigos e conhecedor da legislação em vigor relativa a Defesa do
Património, chamei a atenção para as responsabilidades que face a ela, tanto têm
o proprietário como a administração pública, responsabilidades que a partir do
momento da classificação se impunha que fossem assumidas. É que o edifício é
uma jóia arquitectónica da cidade e um tesouro em património azulejar, no qual
ressalta o envolvimento de Estremoz e do seu termo, na luta pela independência nacional
contra o jugo filipino. São páginas de História Regional e Nacional que estão
ali contadas.
Na sua edição de 11 de
Setembro de 2014, o jornal Brados do Alentejo, inquiriu sobre a situação do
Palácio Tocha, o Presidente do Município, Luís Mourinha. Este declarou que está
“preocupado com a situação” e acrescentou ter sido “recentemente contactado
verbalmente pelos interessados no sentido de o imóvel ser adaptado a hotel,
situação a que a Câmara não se opõe”.
Alguns
comentários
Que me sejam permitidos
alguns comentários finais:
- Como o edifício ainda
se encontra registado em nome da Associação de Colecções, tudo leva a crer que
venha a ser registado em nome da Fundação Berardo, o que não deverá constituir
problema;
- O projecto de
classificação do edifício apresentado oportunamente pela Câmara Municipal de
Estremoz, teve que aguardar 14 anos até ser aprovado nas instâncias competentes;
- O tempo não se
compadeceu, pelo que o edifício e respectiva zona de protecção se foram
degradando duma forma acelerada;
- A meu ver é mais
adequada a utilização do imóvel como museu privado, que aquela que teria como
hotel, já que assim é mais fácil ao proprietário assegurar o regime legal
instituído sobre acesso e visita pública.
Palácio Tocha no início do séc. XX
RECHEIO AZULEJAR DO PALÁCIO TOCHA
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