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sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Poesia Portuguesa - 055



Caminhos

Francisco Bugalho (1905-1949)

  

Para quê, caminhos do mundo, 
Me atraís? — Se eu sei bem já 
Que voltarei donde parto, 
Por qualquer lado que vá. 

Pra quê? — Se a Terra é redonda; 
E, sempre, tem de cumprir-se 
A sina daquela onda 
Que parece vai sumir-se, 

Mas que volta, bem mais débil, 
Ao meio do lago, onde 
A mãe, gota d'água flébil, 
Há muito tempo se esconde. 

Pra quê? — Se a folha viçosa 
Na Primavera, feliz, 
Amanhã será, gostosa, 
Alimento da raiz. 

Pra quê, caminhos do mundo? 
Pra quê, andanças sem Fim? 
Se todo o sonho profundo 
Deste Mundo e do Outro-Mundo, 
Não 'stá neles, mas em mim. 

Francisco Bugalho (1905-1949)

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