Fábrica
Joaquim
Namorado (1914-1986)
Oh,
a poesia de tudo o que é geométrico
e
perfeito,
a
beleza nova dos maquinismos,
a
força secreta das peças
sob
o contacto liso e frio dos metais,
a
segura confiança
do
saber-se que é assim e assim exactamente,
sem
lugar a enganos,
tudo
matemático e harmónico,
sem
nenhum imprevisto, sem nenhuma aventura,
como
na cabeça do engenheiro.
Os
operários têm nos músculos, de cor,
os
movimentos dia a dia repetidos:
é
como se fossem da sua natureza,
longe
de toda a vontade e de todo o pensamento;
como
se os metais fossem carne do corpo
e
as veias se abrissem
àquela
vida estranha, dura, implacável
das
máquinas.
Os
motores de tantos mil cavalos
alinhados
e seguros de si,
seguros
do seu poder;
as
articulações subtis das bielas,
o
enlace justo das engrenagens:
a
fábrica, todo um imenso corpo de movimentos
concordantes,
dependentes, necessários.
Joaquim
Namorado (1914-1986)
Apesar de conhecer o poema é sempre com interesse que renovo a sua leitura.
ResponderEliminarObrigado pelo seu comentário.
Eliminaros meus cumprimentos.