Irmãs Flores - Presépio de cantarinha
Conhecem-se presépios de barro de Estremoz desde o séc. XVIII e crê-se que eles terão sido aqui introduzidos pelos monges do Convento de S. Francisco edificado em meados do séc. XIII e cuja tradição presepista é bem conhecida, desde que o fundador da Ordem, S. Francisco de Assis, montou o primeiro presépio do mundo em Greccio (Itália), no Natal de 1223, com a função didáctica de explicar o nascimento de Jesus, ao mesmo tempo que desgostado com as liberdades da Natividade dentro dos Templos, sustinha a adoração do Natal, como nos diz Luís Chaves [1].
As figuras dos presépios de barro de Estremoz são fabricadas por elementos: cabeças, troncos, pernas, braços, que depois são montados de modo a constituir os bonecos. Estes, tal como nós, nascem nus e só depois é que recebem vestidos, capas, safões, cabelos e chapéus. Todas as peças são afeiçoadas à mão, à excepção do rosto dos bonecos, que é feito com moldes e sempre assim foi, devido à dificuldade em o fazer manualmente. As ferramentas que utilizam para trabalhar o barro são a palheta ou teque (de madeira, plástico ou metal, que permite escavar o barro e dar-lhe forma), os furadores (para furar) e o batedor (para estender o barro (embora haja quem o faça com o rolo da maça).
Antes de serem cozidos, os bonecos têm de secar durante vários dias. Depois de cozidos, o que leva um dia, os bonecos levam outro dia para arrefecer. Só então podem ser pintados. Nesta operação são utilizados pincéis finos de várias espessuras e tintas fabricadas com pigmentos minerais: vermelhão (vermelho), almagre (vermelho escuro), zarcão (cor de laranja), terra de sena (castanho), verde bandeira (verde), azul do ultramar (azul), alvaiade (branco) e pó de sapato (preto). As tintas são feitas misturando os pigmentos com água e cola de madeira, um pouco a olho, mas na quantidade adequada para que a tinta agarre bem ao barro e não salte quando se lhe põe verniz, uma vez que depois da pintura estar seca (o que é rápido), os bonecos são envernizados para fixar a tinta.
À criação e venda de presépios bonecos de Estremoz se dedicam na actualidade, barristas como Maria Luísa da Conceição, Irmãos Ginga, Irmãs Flores, Fátima Estróia, Isabel Pires, Célia Freitas, Ricardo Fonseca e Duarte Catela, cada um com o seu toque próprio.
É de salientar o forte registo etnográfico dos presépios de barro de Estremoz, que ciclicamente permitem reconstituir e comemorar em nossas casas, o nascimento de Cristo Salvador.
BIBLIOGRAFIA
[1] - CHAVES, Luís. O primeiro «Presépio» de Lisboa conhecido (Século XVII). In, O Archeologo Português. Lisboa, Museu Ethnographico Português. S. 1, vol. 21, n.º 1-12 (Jan-Dez 1916), p. 229-230.
Irmãs Flores - Presépio
Irmãs Flores - Presépio de trono ou de altar
Maria Luísa da Conceição - Presépio de assobio
Maria Luísa da Conceição - Presépio
Maria Luísa da Conceição - Presépio
Irmãos Ginja - Presépio
Sem comentários.
ResponderEliminarExcelente!
BOM ANO.
Igualmente para si, amigo.
ResponderEliminarUm abraço.
Passei aqui e esqueci que os minutos passavam. Desconhecia a existência destes presépios, fiquei presa...
ResponderEliminarVeio à memória uma das vezes que estivemos em Estremoz e visitamos na zona do Castelo um espaço onde dois homens (artistas) modelavam bonecos,obras magnificas. Havia um livro, deixámos eu e o m/marido respectivamente a nossa opinião escrita,sobre o que vimos (em beleza e arte)e muito gostámos.Há dias vi na TV uma mini reportagem acerca desta arte em Estremoz, mas não me pareceu que fosse daquele local onde estive. Já não existe aquele Atelier?
(também já passou muito tempo...)
Parabéns pelo blog. Fiquei seguidora,vou voltar.
Saudações.
Dília Maria
Os presépios de barro de Estremoz são de facto, muito belos.
EliminarPrometo aprofundar este post com mais imagens.
Cumprimentos.
São autenticas maravilhas de arte genuína. A arte de moldar o barro fazendo figuras que contam a história de
ResponderEliminaruma região na adoração ao Deus Menino. Completamente rendida a estas histórias e figuras muito interessantes.
ROSA CASQUINHA
Rosa:
EliminarObrigado pelo seu comentário.
Os presépios de Estremoz são uma maravilha de forma e de cores, para além de revelarem um forte registo etnográfico, próprio da nossa identidade cultural de homens e mulheres das claridades do sul.
Um abraço.
O que me surpreende mais ao contemplar os presépios, é a solenidade transmitida pelos adoradores, parecendo seres humanos verdadeiros, num acto de respeito e adoração pelo menino jesus ali presente. Tem de existir de facto uma grande cumplicidade . dos barristas para transmitir às imagens o sentimento de culto e adoração. São duvida alguma obra de mestres.
ResponderEliminarAmigo Fonseca.
EliminarConcordo inteiramente consigo.
Um abraço.
Adoro!
ResponderEliminarOnde se podem comprar?
Chegando a Estremoz, dirija-se ao Turismo na Casa de Estremoz, que eles dão-lhe os contactos das artesãs e artesão que confeccionam os bonecos de Estremoz. No web site da Câmara poderá encontrar contactos telefónicos e fazer encomendas. Eles mandam pelo correio.
EliminarExcelentes presépios.
ResponderEliminarÉ verdade, Octávio.
EliminarObrigado pelo seu comentário.
Os meus cumprimentos.
singeleza e beleza
ResponderEliminarObrigado pelo seu comentário.
EliminarBoas Festas.
Simplesmente... MARAVILHOSOS!!!
ResponderEliminarTem toda a razão, Lisa.
ResponderEliminarMuito obrigado pelo seu comentário.
Cumprimentos e Votos de Boas Festas de Natal e Ano Novo.