Imagem recolhida na pasta "A LEITURA É UNIVERSAL"
(Biblioteca Escolar de Marvão)
LÁ VAI UM
À Manuela Mendes:
Nós somos recicladores, reutilizadores, reintegradores no presente das memórias do passado.
Nas nossas veias corre, provavelmente, sangue do Jurássico, aí pelo menos com uns 150 milhões de anos, o que é uma bagatela para a idade estimada para a Terra, que amavelmente nos serve de habitáculo.
Somos pois dinossauros, resquícios e memórias vivas de ecosócioetnosistemas, que o tempo, esse maganão, caldeou. É caso para perguntar:
- O que é o tempo?
- O que é a idade?
Não sei, apesar de nos circuitos neuronais intuir a percepção de que o tempo não perdoa. E é cruel, também. Todavia, eu não me rendo nunca. Nem nú, nem de fato e de gravata!
Talvez um dia destes, fale sobre o tempo na Literatura Oral. Mas hoje não, Manuela, que tenho falta de tempo. Hoje falarei sobre o tempo geológico, dos fósseis como eu, oriundos da proto-Pré-História, nascidos no funil do tempo, mercê dum salto quântico no espaço-tempo-energia.
Carnívoros uns, herbívoros alguns e omníveros outros, partilhamos desde os tempos ancestrais, quando a variável tempo foi imediatamente superior a zero segundos, a consciência de em nome da sobrevivência, haver necessidade de reciclar, de reutilizar, de reintegrar, como quem mapeia o passado, para poder construir o futuro com solidez.
Por isso, Manuela, eu, fóssil vivo, não reconhecido nem por Spielberg, nem pela Sociedade Geológica de Portugal, recuso-me a deixar de ter rugas, cabelos brancos. Para longe vá o reumático e outras formas de caruncho animal!
Eu gosto do que tem a patine do tempo.
O meu lugar é aí.
Hernâni
LÁ VÃO DOIS
À Teresa Bailão (vítima dum resfriado):
A gente tem sempre aquilo que não quer...
Quantos ricaços em Portugal, com os bofes de fora por causa do calor, não gostariam de ter a possibilidade de apanhar um resfriado?
É uma prova de que o dinheiro não compra tudo…
Um abraço:
Hernâni
LÁ VÃO TRÊS
Ao Feliciano Cupido (Um amigo pintor):
Quando releio ou mentalmente revejo poemas e prosa do Manuel da Fonseca, por vezes sinto arrepios de espinha. Imagens sociológicas dum Alentejo que já não existe, que a gente não quer que se repita, porque era opressivo e repressivo, mas que a gente não quer olvidar, para transmitir às gerações mais novas, a memória dos que sofreram e resistiram.
Feliciano:
Você tem o Alentejo na massa do sangue e através dele faz o registo conjugado dos volumes, das formas, das cores e das texturas, em tudo aquilo que nos toca a alma.
Partilhe connosco no Facebook, esse Alentejo que lhe vai na sua e na nossa alma.
Um abraço do amigo:
Hernâni
LÁ VÃO QUATRO
Ao Josué Carronha:
Ao Josué Carronha:
Desânimo, nem pensar!
Eu tenho um metro e noventa de altura e deixei de me pesar certo dia, já longínquo, em que uma balança me comunicou que a minha massa corporal era excessiva, porque ultrapassa os cem quilogramas. Ora eu, que não sou dado a depressões e gosto de respirar nos poros, o prazer da vida, dei-me ao trabalho, por questões meramente metodológicas, de mandar fazer uma série de exames ao esqueleto e àquilo que o reveste.
Quais os resultados?
As rugas, as olheiras e os cabelos brancos escondem um corpo de Fórmula 1, rodado em provas de fundo.
É caso para dizer:
- PORRA PARA AS BALANÇAS!
LÁ VÃO CINCO
À Maria Reis (Que esteve na origem deste texto):
Caros amigos e leitores:
O meu irmão gémeo, dado a pirraças e que me anda sempre a atazanar o juízo, no outro dia disse-me uma coisa que me ficou no sentido:
- “Pois! Agora deu-te para essa do blogue… Quando fores crescido hás-de ter muitos leitores. Hás-de, hás-de…Ouve lá, oh pá! Faz algum sentido, falares em coisas de que tu falas? Ministros? Burros? Penicos? Colheres de Pau? Morcelas e chouriços? Arte conventual? Cornos trabalhados? Tu estás doido! Mas mais doidos que tu, são esses do tal Grupo de Fãs…Valha-me, Santo António, aos pulos! As Marias e os Maneis que tu não arranjaste, para dizer ámen às tuas missas…”
No seu olímpico desprezo, o outro filho parelho de minha mãe, à sua maneira enviesada e tortuosa, encontrou uma maneira singular de realçar o papel dos fãs.
Às Marias e aos Maneis de que ele fala, independentemente do nome que tenham, só uma coisa é possível dizer pela minha parte:
- “Obrigado amigos, por confiarem em mim! Tenho motivos para estar feliz! Para vocês todos, o meu reconhecimento pela amizade desinteressada, acompanhado dum abraço do tamanho do mundo…"
Até sempre!
O Vosso Hernâni DO TEMPO DA OUTRA SENHORA
Junto a minha voz à da D.(?) Manuela Mendes: fale-nos da literatura oral. Vou esperar. Sentado, que eu sou ALENTEJANITO e gosto de descansar.
ResponderEliminarAbraços.
Fernando Máximo/Avis
amigo Hernâni TOMO A LIBERDADE DE O TRATAR ASSIM,
ResponderEliminarsou uma estremocence ausente, HÁ 50 anos! nasci em 41.só esta semana descobri" no tempo da outra senhora"o que senti não consigo dizer, apenas que chorei ao ver as imagens do meu tempo. Que Deus lhe pague pela alegria que me deu,não pare, ponha mais.Eu era amiga da Rita André,do largo,que Deus o abençoe! ferreira.laurinda0@gmail.com não sei mexer com o correio elétrónico,por isso escrevo aqui. Se me podesse enviar postais, ou fotos desse tempo, podia ser á cobrança,não importa,não imagina a alegria que me deu, nem as saudades que me consomem! nasci na rua brito capelo, nº 43, andei no asilo, e na menina Ramona conheceu? e na escola do caldeiro e depois na escola industrial que funcionou provisóriamente alí para os lados da antiga cruz vermelha, nos tempos do dr Sebastião da Gama que foi meu professor de português, depois fui para o castelo hoje, pousada.por favor responda-me! até breve
E não é que gostei de ler ? como sempre bem escrito e de fácil compreensão ....parabéns .....
ResponderEliminarMaria Manuela:
EliminarEmbora seja probido proibir, sempre que lhe digo que concordo com a proibição de produzir textos herméticos. Herméticas só as panelas de pressão e é quando não estão abertas.
Viva o texto com rosto e de cabelo decomposto, que deite a língua de fora ao poder. Poder? O raio que os parta!
PIM! E com um beijinho, o texto termina assim.
Que linda e clara é a forma de expressar através do seu blogue os seus sentimentos em relação a tudo que é antigo, mas que, a sua memória e inteligência tão bem descreve, levando aqueles que como eu não conheceram as pessoas a quem se dirige, mas que, nos consola com os seus agradecimentos. É sempre um prazer lê-lo, porque não nos deixa dúvidas naquilo que escreve, embriagando-nos de tal forma, que nos seus textos, sejam eles de que natureza for
ResponderEliminarcom alguma inveja me deixa de não ter esse dom que em si reside. Obrigado! Adorei!
Amigo Fonseca:
EliminarO Hino da Intersindical, que luta contra a exploração capitalista, proclama: "Lutaremos com as armas que temos na mão!". É isso que eu faço com a pena, que depois de se chamar máquina de escrever, se passou a chama computador.
Sempre fui igual a mim próprio e dei o melhor de mim mesmo. Ainda que em maus momentos, nunca vacilei. Sei para onde quero ir e digo-o com palavras. Se isso entusiasma quem me gosta de ler, tanto melhor. Deixo de calcorrear um caminho solitário e passo a integrar uma jornada colectiva.
Um grande abraço para si, amigo.
Eu é que agradeço os bons momentos de leitura que me proporciona! Um abraço amigo de retribuição porque o senhor bem o merece até pela forma como se dá a conhecer sem subterfúgios.
ResponderEliminarUm abraço, amigo Fonseca.
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