Cante alentejano. Carlos Alberto Alves. Menção Honrosa do Concurso de Artesanato
Tradicional da FIA 2024.
O barrista Carlos Alberto Alves após receber a Menção Honrosa que lhe foi
atribuída pela FIA 2024 pela produção da figura composta "Cante alentejano".
O barrista estremocense Carlos Alberto Alves foi distinguido com uma Menção Honrosa atribuída pelo Júri do Concurso de Artesanato da FIA - Feira Internacional de Artesanato, certame que decorreu em Lisboa, entre 29 de Junho e 7 de Julho.
A distinção do Júri ocorreu na modalidade de Artesanato Tradicional e incidiu sobre a figura composta do Figurado de Estremoz, designada por “Cante Alentejano”. O barrista está de parabéns e com ele a cidade de Estremoz, em cuja comunidade bonequeira se insere.
IMPORTÂNCIA DA FIA
A FIA Lisboa é a maior feira internacional de artesanato da Península Ibérica e a segunda maior da Europa. Tem a duração de 9 dias e 30.000 m2 de área exposicional de artesanato nacional, internacional, uma área da gastronomia e um cartaz musical diário. Na sua edição deste ano recebeu mais de 48 mil visitantes, o que representa um aumento de mais de 12% relativamente à edição anterior.
De salientar a elevada qualidade do artesanato nacional, que se fez representar por alguns dos mais reconhecidos artesãos do país, perfazendo um total de 240 expositores directos. De realçar também um aumento do número de expositores internacionais, bem como o número de países representados, que este ano contou com 30 nacionalidades.
ECOS DA DISTINÇÃO A NÍVEL LOCAL
A nível local, a comunidade regozijou-se com a distinção atribuída ao barrista Carlos Alberto Alves, parabenizando-o, sobretudo a nível das redes sociais. O mesmo se verificaria com a maioria dos seus pares.
A nível oficial, em comunicado de imprensa emitido no próprio dia da proclamação dos vencedores dos Prémios de Artesanato da FIA 2024, o Município de Estremoz congratulou-se com a atribuição da menção honrosa ao barrista Carlos Alberto Alves, a quem endereçou a seguinte mensagem: “Parabéns ao Carlos Alves e a Estremoz, por mais uma vez se ouvir falar na arte do Figurado de Estremoz, Património Cultural Imaterial da Humanidade.” Por sua vez, na sua página do Facebook, o Presidente do Município, José Daniel Sadio, reiterou esta mensagem, endereçando ao barrista “Muitos parabéns!!!”.
TRIBUTO AO MÉRITO
O reconhecimento do trabalho do barrista Carlos Alberto Alves há muito que transvasou a comunidade local. Tendo começado a produzir em 2012, foi através da Internet que comercializou a sua produção, o que fez até 2014, ano em por motivos pessoais interrompeu a actividade, a qual só retomaria em 2019 e que culminaria com a sua certificação pela ADERE-Certifica em Maio de 2021, como artesão produtor de Bonecos de Estremoz.
De então para cá, não se “encostou” à certificação, antes pelo contrário, sentiu-se estimulado no sentido de um maior aperfeiçoamento do seu trabalho em termos globais. São factos notórios para quem tem acompanhado a sua produção ao longo dos tempos. Daí que não me surpreenda a distinção concedida ao barrista, a qual encaro como um tributo ao mérito e que decerto o estimulará a não ficar por aqui.
Paralelamente, o barrista tem efectuado uma persistente e eficaz divulgação do seu trabalho através das redes sociais, a qual tem conduzido ao reconhecimento do seu trabalho pelos coleccionadores de todo o país, os quais se têm vindo a fidelizar como seus clientes.
BONECOS DE ESTREMOZ NA FIA
A participação de barristas de Estremoz na FIA remonta ao século passado, tendo a 1ª FIA ocorrido em 1986.
As participações mais antigas serão das Irmãs Flores, de Maria Luísa de Conceição e de Isabel Catarrilhas Pires. Esta última, participou pela última vez com stand próprio em 2004. Já Maria Luísa da Conceição fê-lo em 2014.
Jorge da Conceição participou com stand próprio na FIA em 2014, 2015, 2016 e 2018.
A participação na FIA com stand próprio possibilita a cada artesão a possibilidade de submeter a concurso, peças de sua autoria. Foi assim que Jorge da Conceição viu ser-lhe atribuído em 2014, o 1º Prémio de Artesanato Tradicional, à composição “Fado”, que representa uma fadista acompanhada à guitarra e à viola, numa casa de fados. Foi assim também que este barrista viu ser-lhe outorgada em 2016 uma Menção Honrosa à composição “Presépio – Adoração dos Reis Magos”. Foi o que fez igualmente Carlos Alberto Alves em 2024, o qual participou na FIA com stand próprio e submeteu a concurso a composição “Cante alentejano”, a qual seria recompensada pelo Júri com uma menção honrosa.
Fado. Jorge da Conceição. 1º Prémio do Concurso de Artesanato Tradicional da FIA 2014.
Presépio - Adoração dos Reis Magos. Jorge da Conceição. Menção Honrosa do Concurso
de Artesanato Tradicional da FIA 2016.
A participação de artesãos na FIA em stands colectivos inviabiliza a submissão de peças suas a concurso. Foi o que se passou em 2022 com os barristas Carlos Alberto Alves, Inocência Lopes, Irmãs Flores, José Carlos Rodrigues, Madalena Bilro e Ricardo Fonseca, os quais participaram na FIA, no stand colectivo do Município de Estremoz. Foi o que se passou igualmente em 2024 com os barristas Inocência Lopes, Irmãs Flores, José Carlos Rodrigues, Ricardo Fonseca e Vera Magalhães, qua participaram na FIA, no stand colectivo da Entidade Regional de Turismo do Alentejo e Ribatejo.
RESULTADOS GLOBAIS DO CONCURSO DE ARTESANATO FIA LISBOA 2024
Os resultados do Concurso de Artesanato FIA – LISBOA 2024 foram divulgados ao fim da tarde do passado dia 4 de Julho, ao mesmo tempo que as peças premiadas passavam a estar expostas à entrada do Pavilhão 2. Quanto à entrega de Prémios teve lugar ao fim da tarde da passada 6ª feira, dia 5 de Julho, no Auditório FIA – Pavilhão 2.
As distinções atribuídas pelo Júri foram as seguintes: - No âmbito do Artesanato tradicional, o 1º Prémio foi atribuído a Fernando de Araújo Pereira (Alforge Tradicional Barrosão) e as Menções Honrosas a Marta Teixeira da Cruz (Colcha de Labirinto), Carlos Alberto Alves (Cante Alentejano) e Maria da Conceição Medeiros (Superação); - No domínio do Artesanato Contemporâneo, o 1º Prémio coube a Catarina Tudella (Albarrada) e as Menções Honrosas foram concedidas a Isabel Carneiro (Tiara da Deusa Grega Gaia), Telmo Roque (Faca para cogumelos Alcaide) e Teodolinda Semedo (Abeira).
O Júri foi integrado por: Leandro Coutinho (FPAO - Federação Portuguesa de Artes e Ofícios), Alexandre Oliveira (IEFP - Instituto Emprego e Formação Profissional), Rita Jerónimo (DGARTES - Direcção-Geral das Artes), Graça Ramos (Portugal à Mão), Teresa Costa e equipa (ADERE-Certifica), Luís Rocha (CEARTE - Centro de Formação Profissional para o Artesanato e Património).
O CONCURSO VISTO PELO JÚRI
Na óptica de Leandro Coutinho (FPAO), “Os Concursos de Artesanato Português da FIA Lisboa desempenham um papel crucial na valorização e preservação das atividades artesanais.
A FIA Lisboa não só celebra a riqueza cultural do nosso artesanato, mas também incentiva o desenvolvimento económico e social das comunidades artesanais, fortalecendo a identidade cultural e fomentando o orgulho nacional.”
Na opinião de Alexandre Oliveira (IEFP), “Participar como elemento do Júri nestes concursos de artesanato da FIA, tem sido para mim uma oportunidade única e enriquecedora para contactar com o melhor que o artesanato português produz, sendo uma ocasião especial para conhecer diretamente os artesãos, extraordinários mestres na perpetuação e desenvolvimento da arte popular e das tradições e cultura portuguesas.
Paralelamente esta participação acarreta sempre uma grande responsabilidade e uma grande constrição, porque é necessário escolher, de entre muitas participações excelentes, as peças que julgamos merecem os prémios de cada edição.”
Para Rita Jerónimo (DGArtes), “Os concursos de artesanato têm um importante papel no reconhecimento dos mestres artesãos, bem como na promoção e valorização de novos talentos. Enquanto membro júri, a participação da Direção Geral das Artes que tem atribuições nas artes performativas e outras expressões artísticas, alarga a sua vocação às artes e ofícios tradicionais, assumindo a sua contemporaneidade e importância.”
No entendimento de Graça Ramos (Portugal à Mão), “Como responsável por uma instituição que, há largos anos, trabalha no setor das artes e ofícios, vejo os Concursos de Artesanato da FIA Lisboa como um importante instrumento para a promoção e qualificação das artes e ofícios portugueses e para o envolvimento direto dos artesãos no processo de desenvolvimento, valorização e divulgação do setor.”
De acordo com Teresa Costa e equipa (ADERE-Certifica), “A equipa ACERTIFICA entende que o concurso de Artesanato promovido pela FIA, é por um lado um incentivo à criatividade dos artesãos, por outro lado um reconhecimento do seu trabalho, quer seja uma peça tradicional, quer seja contemporânea, dando notoriedade às suas produções. Participar é sempre o mais importante”-
Segundo Luís Rocha (CEARTE), “Os Prémios de Artesanato da FIA são um instrumento importante para valorizar, promover e celebrar os artesãos e o artesanato português.
Distingue, dos artesãos participantes na FIA, aqueles que se destacam pelas suas produções, sejam de natureza tradicional ou contemporânea, reconhecendo deste modo o exímio domínio do saber-fazer artesanal de que os artesãos são detentores, bem como, no contemporâneo, a sua capacidade para apresentar novas soluções, novos materiais e a conjugação do tradicional com a contemporaneidade.
Ao promover artesãos e o artesanato, contribui para a criação de valor a afirmação do valor patrimonial, cultural identitário, e económico do artesanato português.”
Publicado no jornal E, nº 339, de 19 de Julho de 2024
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