Páginas

sexta-feira, 10 de novembro de 2023

18 de Novembro, às 15:30, no Museu Berardo Estremoz: “António Telmo em Estremoz”


António Telmo (1927-2010). Fotografia de João Albardeiro (1951-2004).

António Telmo em Estremoz  

Dar a conhecer a vida, a obra e o pensamento de António Telmo, filósofo e escritor que durante três décadas viveu e leccionou em Estremoz, é o propósito da sessão “António Telmo em Estremoz”, que se realiza no Museu Berardo Estremoz no próximo dia 18 de Novembro, sábado, a partir das 15:30, numa parceria da Câmara Municipal deEstremoz com o Projecto António Telmo. Vida e Obra. 

A abrir a sessão terá lugar a apresentação, por Elísio Gala, ensaísta e professor de Filosofia na Escola Secundária do Redondo, do livro A Glória da Invenção – Uma aproximação aopensamento iniciático de António Telmo, de Pedro Martins e Risoleta C. Pinto Pedro, recentemente editado pela Zéfiro, que é também a chancela que publica as Obras Completas de António Telmo. Mara Rosa lerá alguns excertos da obra.

Depois, António CândidoFranco, escritor e professor da Universidade de Évora, fará uma intervenção sobre António Telmo.

Por fim, uma mesa-redonda moderada por Pedro Martins, e que conta com a participação de Elísio Gala, Hernâni Matos, Ilídio Saramago, João Fortio, João Tavares, José Capitão Pardal e Paula Capelinha dará a conhecer, entre outras vertentes, a relação do cidadão, do escritor, do professor ou do bilharista com Estremoz e com outras terras da região, igualmente marcantes na sua vida e na sua obra.

Durante a sessão, estarão à venda obras de António Telmo ou sobre António Telmo e temáticas afins, editadas pela Zéfiro.  

António Telmo - Nota biográfica

António Telmo Carvalho Vitorino nasceu em Almeida em 2 de Maio de 1927, vindo a falecer em Évora em 21 de Agosto de 2010. Licenciado em Filologia Clássica pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, dedicou-se profissionalmente ao magistério, leccionando em Beja, Évora, Sesimbra (onde foi também o primeiro director da Biblioteca Municipal), Redondo (onde, no início da década de 70 fundou, instalou e dirigiu a Escola Preparatória – nas suas palavras «a primeira escola democrática em Portugal, ainda antes do 25 de Abril») e Estremoz, onde, na década de 80, se viria a radicar. 

Foi um dos filósofos mais audazes, originais e fecundos de Portugal. Discípulo de Álvaro Ribeiro, José Marinho, Eudoro de Sousa e Agostinho da Silva (a convite dos dois últimos, durante cinco semestres, entre 1966 e 1968, ensinará Latim e Literatura Portuguesa na Universidade de Brasília), António Telmo desenvolveu ao longo de várias décadas um pensamento da razão poética, num diálogo constante entre a poesia e a filosofia, o símbolo e a ideia, a imaginação e a inteligência – em suma, entre a alma e o espírito.

Hermeneuta pioneiro e genial, a este intrépido livre-pensador religioso, que restituiu ao esoterismo o seu direito de cidade no pensamento português da segunda metade do século XX, se ficou a dever, na História Secreta de Portugal, a subtil decifração, à luz da gnose templária, dos medalhões simbólicos do Claustro do Mosteiro dos Jerónimos; e, outrossim, a desocultação da obra poética de Luís de Camões, sobretudo de Os Lusíadas – sem esquecer o subtil diálogo de aprofundamento e desvendamento que estabeleceu com o corpus poético e teorético de Fernando Pessoa. Por outro lado, com a sua Gramática Secreta da Língua Portuguesa, António Telmo demonstrou, segundo uma dedução cabalística dos fonemas conforme às estruturas da árvore sefirótica, a natureza de língua sagrada do idioma pátrio.

Na senda de seu mestre Álvaro Ribeiro, que via na filosofia portuguesa uma confluência sintetizadora das três religiões abraâmicas, António Telmo, descendente de gente de nação, chama a atenção para a existência, entre nós, de um subconsciente hebraico, fruto do recalcamento a que mais de dois séculos de manifesto terror inquisitorial haveriam fatalmente de nos conduzir. Deste modo, o filósofo reelabora a kabbalah judeo-cristã à luz de um marranismo de que toma progressiva consciência e que irá porventura culminar na sua iniciação maçónica, a que estará subjacente um propósito de rectificação da Arte Real já aflorado na História Secreta de Portugal, mas bem patente nas derradeiras obras do filósofo.

António Telmo deixou colaboração esparsa por inúmeros jornais e revistas, entre os quais se destacam o Diário de Notícias, o 57 ou a Espiral. Além do ensaio, a sua obra abarca ainda a ficção, a dramaturgia e a poesia, géneros literários que só episodicamente cultivou, mas sempre com uma evidente preocupação filosofal. Entre os títulos da sua biografia, contam-se os seguintes livros: Arte Poética (1963); História Secreta de Portugal (1977; reed. 2013); Gramática Secreta da Língua Portuguesa (1981); Desembarque dos Maniqueus na Ilha de Camões (1982); Filosofia e Kabbalah (1989); O Bateleur (1992); O Horóscopo de Portugal (1997); Contos (1999); Viagem a Granada (2005); A Hora de Anjos Haver (2007); A Verdade do Amor, seguido de Adoração, de Leonardo Coimbra (2008); Congeminações de um Neopitagórico (2009); O Portugal de António Telmo (2010); A Aventura Maçónica (2011); Sesimbra, o lugar onde se não morre (2011).

Em 2021 foi publicado em França Philosophie et Kabbale, tradução em francês do livro Filosofia e Kabbalah, com o selo de Éditions de La Tarente, prefácio de Sylvie e Rémi Boyer e ilustrações de Lima de Freitas.

As suas Obras Completas estão em curso de publicação na editora Zéfiro, com o apoio institucional e científico do Projecto António Telmo. Vida e Obra.

Texto da responsabilidade do Projecto António Telmo. Vida e Obra

 Hernâni Matos

Sem comentários:

Enviar um comentário