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sábado, 18 de março de 2023

Muros de pedra seca

 

Algures na freguesia de Beirã, concelho de Marvão. Fotografia de Manuela Mendes.

À Manuel Mendes, a quem agradeço
a gentileza de me ter autorizado a utilizar
esta excelente imagem por si captada,
algures no norte alentejano
e que esteve na origem do presente texto.

Que vejo eu?

Uma estrada que já conheceu melhores dias. Que vai dar não sei para onde. Talvez para o cú de Judas!

Árvores que se tocam e se beijam nas copas.

Valetas que já o foram, atapetadas por ervas que ali, ciclicamente se agigantam e depois perecem com o ciclo inescapável das estações.

Nuvens que não chegam para toldar um céu que se quer azul e se associa simbolicamente à serenidade, à harmonia e à espiritualidade. Céu onde nos ensinaram estar Deus, Todos-os-Santos e os Anjos.

Muros de pedra seca, votados ao abandono e que ladeiam a estrada como se fossem condenados. Muros que se tivessem mãos, as ergueriam para o céu e pensando nos edis, clamariam:

- PERDOAI-LHES PAI, QUE ELES NÃO SABEM O QUE FAZEM!

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