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terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

Grande Hernâni…


José Guerreiro. Sociólogo. Ex-Presidente da Câmara Municipal de Estremoz.
Ex-Director do jornal "Brados do Alentejo".

Conheço-te há décadas, meu grande piru. Lembro-me de ti no Colégio S. Joaquim mais alto e esticadinho do que todos os outros. E do dia em que foste atropelado, uma tragédia que nos marcou a todos. Ainda guardo fotos do teatro de finalistas, ensaiado pelo professor Augusto Leitão, e onde apareces fardado de marinheiro.
Depois foi a ida para Lisboa, para estudares na Faculdade de Ciências, onde não nos cruzamos, mas o teu activismo político deixou marcas que eu pude confirmar, quando fui tirar a pós-graduação em planeamento regional e urbano na Universidade Técnica, ali junto à Assembleia da República.
Quando acabaste o curso, regressaste a Estremoz, para dar aulas de Física e Química na Escola Secundária. Estávamos em 1975 e o ambiente político escaldava na Escola e fora da Escola. No ano lectivo seguinte, fui eleito com 24 anos para a presidência do conselho directivo. As reuniões gerais de professores eram quase semanais e tu distinguias-te pela firmeza e lucidez das intervenções. A tua voz de trovão conseguia calar os colegas que não tinham nada de útil para dizer, mas perturbavam e prolongavam desnecessariamente as reuniões.
Cedo começaste a ter um papel ativo na política local. Creio que foste um dos primeiros militantes do núcleo de Estremoz da UDP e um dos mais destacados membros da Comissão Organizadora das Festas do Povo que elaborou um programa que marcava a diferença com as Festas da Exaltação da Santa Cruz. Provavelmente, partiu de ti a ideia de promover a homenagem ao maestro José António Lima, com descerramento de lápide, na casa onde morou no Largo dos Combatentes.
Mais tarde, o nosso relacionamento estreitou-se em 1983, quando fui eleito Presidente da Camara Municipal de Estremoz e tu criaste a Associação Filatélica Alentejana. Foram vários os projectos culturais que a Associação promoveu e a CME apoiou, com toda a justiça.
Em Dezembro de 1993, o amigo José Sena ganha as eleições autárquicas pela APU e nós os dois juntamente com o Narciso Patrício fazemos parte da mesa da Assembleia Municipal, pela mesma força política. Foi uma experiência curta, porque o falecimento inesperado do Presidente da Câmara obrigou a uma reconfiguração do executivo municipal.
Mais recentemente, o teu trabalho de valorização da cultura popular e, em especial, dos "bonecos de Estremoz" tem sido notável. Não será exagerado reconhecer que a ti se deve, em boa medida, a classificação da UNESCO como património imaterial da humanidade.
Ainda no ano passado, pude contar com o teu apoio na pesquisa de algumas matérias relacionadas com um livro que estou a preparar sobre a história contemporânea da cidade. Foi extraordinária essa colaboração.
Sei que tens planeado vários projectos de futuro. Ficamos a aguardar, com toda a expectativa deste mundo.

José Guerreiro
Estremoz, 30 de Janeiro de 2021

2 comentários:

  1. Belíssimo testemunho, que me permitui conhecer pormenores que desconhecia, e que muito aprecie.

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    1. Marilisa:
      Obrigado pelo teu comentário ao texto do José Guerreiro sobre mim.
      Um abraço.

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