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quinta-feira, 12 de novembro de 2020

Poesia Portuguesa - 099


Joaquim José Vermelho (1927-2002). Arquivo Fotográfico Municipal de Estremoz / BMETZ.

Joaquim José Vermelho (1927-2002). Colaborou na imprensa nacional e regional, nomeadamente nos jornais: A Planície (Moura), Brados do Alentejo (Estremoz), Democracia do Sul (Évora), Eco de Estremoz, Jornal de Almada, Jornal de Estremoz, Jornal de Notícias (Porto), O Calipolense e Primeiro de Janeiro (Porto). Colaborou igualmente em revistas como Almanaque Alentejano, Boletim da Casa do Alentejo, Revista Filme, Revista Celulóide, Revista do IEFP, Revista Objectiva, Revista Olaria, Revista Transtagana e Revista Visor. Obras: Barros de Estremoz (1990), Pousada da Rainha Santa Isabel, Histórias de um Castelo (1992), Estremoz Terra de Encantos (1995), Estremoz Património (1996), 500 Anos / Santa Casa da Misericórdia de Estremoz (Co-autor, 2002), Nas lavras do tempo… Sementes e Raízes (2003), Poesia (2003), Ler nas Pedras (2004), Sobre as Cerâmicas de Estremoz (2005).


BONECOS DE ESTREMOZ
Joaquim Vermelho
 
Bonecos de Estremoz na cantareira
da saleta de estar, sempre sorrindo:
a Primavera vive ali florindo
ao lado do Pastor, da Azeitoneira!

Nesse canto da casa há claridade,
passam beijos de sol da fantasia;
vivem ali os sonhos de outra idade,
fagueiras ilusões da mocidade,
nessa bonecaria!

É um "mundo" de sonho, encantador,
que os meus olhos contemplam, enlevados;
"planície fora segue o bom pastor
mais os seus fartos gados!"

Moços de harmónio, cheirando a função,
camponeses de fato domingueiro!!
De todos se desprende uma canção
que me vem embalar o coração
o santo dia inteiro!

E toda a minha terra, num sorriso,
eu guardo no cantinho dessa casa,   
sentindo o coração a arder em brasa,
vivendo o Paraíso!

Figuras de Presépio! O Deus menino
nas palhas a sorrir, meigo, deitado;
a boa Virgem olha o pequenino
e S. José de lado! Que divino
encanto irradia esse barro moldado!

Meu lindo bonequinho! Tão bizarro!
És um beijo de eterna mocidade,
deram-te vida as mãos que o mole barro
moldaram com carinho e habilidade!

Um bocado de barro, e nada mais!
Mas quanta vida, quanta cor encerra!
A resumir em si carinhos tais,
sonhos da minha terra!

E nas feiras alegres do Alentejo,
com toda essa graça que o bom Deus lhe pôs,
nas bocas dos rapazes são desejos
os meus lindos bonecos de Estremoz!
 

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