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sábado, 18 de julho de 2020

Inocência Lopes e o dois em um


Santo António: dois em um (2020). Inocência Lopes (1973-   ). Colecção Miguel Infante.

Eu e os Bonecos
Os Bonecos de Estremoz estão-me na massa do sangue, fazem parte de mim próprio e ocupam uma parte importante da minha vida. Nela procuro aprofundar o conhecimento da sua História e simultaneamente conhecer as novas criações dos barristas.
Peanha para quê?
A recente visita à página do Facebook da barrista Inocência Lopes, revelou-me a criação recente de uma imagem de Santo António que viria a ser objecto do presente escrito.
Trata-se de uma peça muito bem modelada e decorada. Nela o Santo é figurado com o habitual hábito franciscano, com o Menino Jesus ao colo e revelando os restantes atributos. Porém e ao contrário do que é habitual, a figura não assenta numa peanha de duvidoso gosto barroco, que alguns barristas teimam em usar. Trata-se a meu ver de um “apêndice” que carece de sentido, a menos que se esteja a fazer a réplica de um exemplar mais ou menos barroco. É que a Arte não parou no Barroco, mas evoluiu.
Santo António na qualidade de Santo mais popular de todo o mundo, não merece que o amarrem a uma peanha como se fosse um castigo. Merece, isso sim, ser objecto de representações que nos digam mais da sua Vida e da sua Obra. Foi o que fez Inocência Lopes ao prescindir da faustosa e estéril peanha. Em seu lugar usou uma alegoria ao Sermão de Santo António aos peixes.
Mudança de paradigma
A nova figuração de Santo António efectuada por Inocência Lopes, introduziu uma mudança de paradigma na barrística popular de Estremoz. Atrevo-me a dar-lhe um nome: “Santo António, dois em um”. Aproveito simultaneamente para felicitar a barrista pela originalidade da sua criação. Depois de nos prendar com “Infortúnio de Santo António” e “Amor é cego, negro” lega-nos agora mais esta bela criação. Se por um lado reforça o seu prestígio como barrista, por outro lado confirma a sua capacidade de inovar, que aqui se regista e aplaude.

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