O Senhor Morghado
António de Macedo Papança (1852-1913)
(Conde de Monsaraz)
(Conde de Monsaraz)
O
senhor morgado
vai
no seu murzelo,
todo
impertigado,
é
um gosto vê-lo
próspero,
anafado,
véstia
alentejana,
calça
de riscado:
Homem
duma cana!
Vai,
todo se ufana
de
ir tão bem montado.
E
ela na janela...
Seja
Deus louvado!
O
senhor morgado
vai
nas próprias pernas,
todo
bandeado;
Tem
palavras ternas
para
cada lado.
Quando
passa, sente
que
é temido e amado;
Fala
a toda a gente.
Topa
um influente:
"Sou
um seu criado..."
Eleições
à porta,
Seja
Deus louvado!
O
senhor morgado
vai
na sege rica
todo
repimpado
ai
que bem lhe fica
o
chapéu armado
e
a comenda ao peito
e
o espadim ao lado!
Que
homem tão perfeito!
Deputado
eleito
muito
bem votado,
vai
para o Te-Deum,
Seja
Deus louvado!
António de Macedo Papança (1852-1913)
(Conde de Monsaraz)
António de Macedo Papança (1852-1913)
(Conde de Monsaraz)
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