Pedro Passos Coelho e Paulo Portas na Assembleia da República
As recentes eleições legislativas revelaram através
dos votos entrados nas urnas, que a maioria dos portugueses rejeitou as
propostas políticas da coligação de direita PSD-CDS, a qual nos desgovernou nos
últimos quatro anos. Significa isso que não quer nem Coelho nem Portas, já que
está farta de Miguéis de Vasconcelos e de Duquesas de Mântua.
Aqueles que têm sido obrigados a pagar a crise, quiseram
alterar o estado de coisas, pois entendem que a pátria de Camões deve ser a sua
pátria e não uma coutada dos “senhores disto tudo”, das agências de rating, dos
mercados, da especulação bolsista, da troika e do FMI.
A maioria do país real entendeu que era a altura de
dizer basta, pelo que concentrou os seus votos em três partidos, PS, BE E CDU,
que no seu conjunto obtiveram mais votos e mais mandatos que a coligação de
direita. Trata-se de partidos diferentemente posicionados na esquerda e com
projectos políticos distintos, mas com linhas de força comuns em múltiplos
aspectos, com especial realce para a política social do Estado. Tal facto levou
os dirigentes daqueles partidos a sentarem-se à mesa das negociações, em busca
de um entendimento que conduzisse a um Programa de Governo, sustentado no Orçamento
para 2016. Foi com cuidado e determinação que foram negociados e assumidos
compromissos estruturais que são para honrar. Em termos constitucionais, o
Presidente da República chamou o líder do partido mais votado para formar
Governo, o que foi feito por Passos Coelho. Todavia, o Programa de Governo que
irá apresentar, precisa de ser aprovado na Assembleia da República, o que não
acontecerá, já que nela existe uma maioria de esquerda que não se revê naquele
Programa. Deste modo, o Chefe de Estado terá de ouvir novamente os partidos com
assento parlamentar. Ora, é sabido que António Costa, leader do PS, apresentará
uma alternativa de Governo, com o apoio parlamentar do BE e da CDU. Assim, contra
aquilo que era a sua vontade, Cavaco Silva terá de engolir um descomunal
elefante, mas não lhe restará outra solução senão empossar o Governo que venha
a ser apresentado por António Costa. Aquele, tal como o seu Programa, passará
na Assembleia da República com os votos favoráveis dos deputados da maioria de
esquerda.
Cavaco Silva sai no mínimo chamuscado desta situação.
É que considerava que BE e CDU não poderiam integrar um Governo, o que
constitui um espezinhar da Constituição. Na verdade, constitucionalmente e
perante a lei, não há nem cidadãos, nem eleitores, nem deputados, nem partidos
de primeira e partidos de segunda. Ao admiti-lo, Cavaco Silva deixou de ser
Presidente de todos os portugueses, já que se identificou com os propósitos da
coligação de direita. Estes, como é sabido, eram ver o seu Governo e o seu
Programa passarem na Assembleia da República. Todavia, a maioria de esquerda
ali presente não podia trair o seu eleitorado e decidiu:
- NÃO PASSARÃO!
Os meus parabéns pela sua intervenção tão perspicaz e assertiva. Bem haja.
ResponderEliminarPedro:
EliminarObrigado pelo seu comentário.
Os meus cumprimentos.
Manuel:
ResponderEliminarObrigado pela sua reflexão.
Os meus cumprimentos.