Sátira
aos Penteados Altos
Nicolau
Tolentino (1740-1811)
Chaves
na mão, melena desgrenhada,
Batendo
o pé na casa, a mãe ordena
Que
o furtado colchão, fofo e de pena,
A
filha o ponha ali ou a criada.
A
filha, moça esbelta e aperaltada,
Lhe
diz coa doce voz que o ar serena:
- “Sumiu-se-lhe
um colchão? É forte pena;
Olhe
não fique a casa arruinada...”
- “Tu
respondes assim? Tu zombas disto?
Tu
cuidas que, por ter pai embarcado,
Já
a mãe não tem mãos?” E, dizendo isto,
Arremete-lhe
à cara e ao penteado.
Eis
senão quando (caso nunca visto!)
Sai-lhe
o colchão de dentro do toucado!...
Nicolau
Tolentino (1740-1811)
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