Dona
Abastança
Manuel
da Fonseca (1911-1993)
“A
caridade é amor”
Proclama
dona Abastança
Esposa
do comendador
Senhor
da alta finança.
Família
necessitada
A
boa senhora acode
Pouco
a uns a outros nada
“Dar
a todos não se pode.”
Já
se deixa ver
Que
não pode ser
Quem
O
que tem
Dá
a pedir vem.
O
bem da bolsa lhes sai
E
sai caro fazer o bem
Ela
dá ele subtrai
Fazem
como lhes convém
Ela
aos pobres dá uns cobres
Ele
incansável lá vai
Com
o que tira a quem não tem
Fazendo
mais e mais pobres.
Já
se deixa ver
Que
não pode ser
Dar
Sem
ter
E
ter sem tirar.
Todo
o que milhões furtou
Sempre
ao bem-fazer foi dado
Pouco
custa a quem roubou
Dar
pouco a quem foi roubado.
Oh
engano sempre novo
De
tão estranha caridade
Feita
com dinheiro do povo
Ao
povo desta cidade.
Manuel
da Fonseca (1911-1993)
Sem comentários:
Enviar um comentário