1 - Cartaz da Exposição.
CRÉDITOS DAS FOTOGRAFIAS
Bonecos de Estremoz, de Ricardo
Fonseca
Galeria Municipal D. Dinis
9 de Outubro a 5 de Dezembro de 2015
Exposição de cerca
de 30 figuras, distribuídas por grupos temáticos.
De acordo com o Génesis, no sexto dia da criação do Mundo,
Deus moldou o primeiro homem a partir do barro. Foi com esse mesmo barro que as
bonequeiras de setecentos começaram a criar aquilo que se convencionou chamar
“Bonecos de “Estremoz”. Trata-se de uma manufactura “sui-generis” que
a distingue de todo o figurado português. Nela, o todo é criado a partir das
partes, recorrendo a três geometrias distintas: a bola, o rolo e a placa. São
elas que com tamanhos variáveis são utilizadas na gestação de cada boneco. Para
tal são coladas umas às outras, recorrendo a barbutina e afeiçoadas pelas mãos
mágicas dos artesãos, que lhes transmitem vida e significado.
A técnica ancestral de produção de “Bonecos de “Estremoz”
transmitiu-se ao longo dos séculos e tem em Ricardo Fonseca o
benjamim dos barristas. Natural de Estremoz, onde nasceu há 29 anos, o artesão
tem o 12º ano de escolaridade, tendo cursado Artes na Escola Secundária Rainha
Santa Isabel, onde adquiriu saberes no âmbito da Pintura, da Escultura e da
História de Arte.
Sobrinho de peixe sabe nadar. O seu tio Ilídio foi oleiro na
Olaria Alfacinha, onde ainda trabalhava em 1983. As irmãs Flores, suas tias,
são bonequeiras. A Maria Inácia desde 1972 e a Perpétua desde 1976. Não admira
pois que se tenha sentido fascinado pela plasticidade do barro e pelas
transmutações que ele permite, já que como diz o poeta António Simões: “Barro
incerto do presente, / Vai moldar-te a mão do povo / Vai dar-te forma
diferente, / Para que sejas barro novo.” Daí que Ricardo tenha começado a
manusear o barro aí pelos doze anos, fazendo a aprendizagem com as sua tias.
Aos quinze anos já fazia pequenos presépios e algumas imagens que vendia aos
turistas, assegurando assim a mesada para os seus gastos juvenis.
Ao sair da Escola em 2005, começou a trabalhar com as tias
na oficina-loja do Largo da República. Foi então que a manufactura de bonecos
deixou de ser uma brincadeira e passou a ser o seu mester. A execução das
figuras continuou, todavia, a ser feita com imenso prazer e igual paixão, pois
como diz o adagiário “O trabalho é o mestre do ofício” e “O prazer no trabalho
aperfeiçoa a obra”.
Trabalha muitas vezes por encomenda, o que é caso para dizer
“A boa obra, se vai pedida, já vai comprada e bem vendida”. Confecciona
espécimes dentro e fora do núcleo base do figurado de Estremoz. Entre os
modelos que registam maior procura figuram: “O Amor é Cego”, “Primavera”,
“Rainha Santa Isabel” e “Presépios”. São de sua criação, figuras como “O
professor”, “Fernando Pessoa”, “Cavaleiro Tauromáquico”, “Forcado”, “Rainha
Santa Isabel alimentando um pobre”, “Santiago”, “Senhor dos Passos com Nossa
Senhora” e “Paliteiros zoomórficos”.
A procura de coleccionadores leva-o a criar variantes de
muitos exemplares, o que acontece sobretudo com “Presépios”, mas também com
imagens como “Santo António”, “Nossa Senhora da Conceição” e “Rainha Santa
Isabel”, o que se torna estimulante, sob um ponto de vista criativo. De resto e
por auto-desafio vai criando peças cada vez mais complexas, sem abandonar
porém, os cânones intrínsecos ao figurado de Estremoz. É caso para dizer que:
“Aprende por arte e irás por diante”.
De parceria com as tias tem executado exemplares como
“Coreto Municipal”, “Presépio de Galinheiro” e “Jogador de bilhar”.
É sabido que cada barrista tem o seu próprio modo de
observar o mundo que o cerca e de o interpretar, legando traços de identidade
pessoal nas peças que manufactura e que são marcas indeléveis que permitem
identificar o seu autor. Lá diz o adagiário: “As obras mostram quem cada um é”
e “Pela obra se conhece o artesão”. No caso de Ricardo, o perfeccionismo está-lhe
na massa do sangue, o que o leva a dedicar-se aos pormenores, não só na
pintura, como na própria manufactura do rosto, das mãos, dos pés e dos enfeites
que adornam as figuras.
Quanto às suas marcas de autor são múltiplas: - “Ricardo
Fonseca” com ou sem data ou com data e “Estremoz”, manuscritas e com iniciais
maiúsculas; - RF com ou sem data, pintado em cor variável.
Ricardo tem participado em exposições colectivas, não só em
Estremoz, como em Espanha e Itália, assim como em Feiras de Artesanato (FIAPE e
a FATACIL), no stand das tias. Ganhou o 1º Prémio no Concurso de Barrística
“Rainha Santa Isabel”, promovido pelo Município de Estremoz no decurso da FIAPE
2011.
Apesar de por opção própria trabalhar na oficina-loja das
tias, Ricardo não é um aprendiz, é um barrista de corpo inteiro, que por ser
deles o benjamim, tem nas suas mãos a pesada herança de assegurar o futuro do
figurado de Estremoz. Força, Ricardo! “Parar é morrer” e “Para a frente é que é
caminho”.
Maria Miguéns (2 e 3), Hernâni Matos (4), Ricardo Fonseca (5 a 30).
2 - Aspecto geral da Exposição.
3 - Ricardo Fonseca no acto inaugural da Exposição.
4 - Ricardo Fonseca a trabalhar.
5 - Pastor de manta.
6 - Ceifeira.
7 - Aguadeira.
8 - Lavrador rico
9 - Primavera de arco.
10 - Bailadeira.
11 - Primavera de plumas.
12 - Primavera de plumas.
13 - Primavera de plumas.
14 - Amor é cego.
15 - Amor é cego.
16 - Rei negro.
17 - Rei negro.
18 - Xéxé.
19 - Folião.
20 - Cavaleiro tauromáquico
21 - Presépio de trono ou de altar.
22 - Presépio de 6 figuras.
23 - Menino Jesus.
24 - Senhor dos Passos com Nossa Senhora
25 - Nossa Senhora da Conceição.
26 - Nossa Senhora da Conceição.
27 - Nossa Senhora da Conceição.
28 - Santo António.
29 - Rainha Santa Isabel.
30 - Santiago.
Grande artista, autor e inovador este Ricardo Fonseca. Pelos vistos vai dar muito que falar e vender. Continue. L. Menezes
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