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terça-feira, 28 de abril de 2015

Bonecos de Estremoz em selo (2ª edição)


No passado dia 21 de Abril, os Correios de Portugal colocaram em circulação uma emissão filatélica subordinada ao tema “Barros de Portugal”, ilustrada por bonecos das regiões mais importantes do figurado português: Barcelos, Vila Nova de Gaia, Ribolhos, Estremoz, Açores e Madeira.
Naquela emissão, Estremoz foi presenteada com um selo de 0,55 €, destinado ao correio azul nacional. Nele aparecem duas figuras pertencentes ao núcleo tradicional dos bonecos de Estremoz.
Em grande plano “O cirurgião”, também conhecido por “Barbeiro-sangrador”, conjunto de duas figuras trajando à moda do séc. XVIII, em que um é o sangrador e outro o sangrado. Existia na época a convicção arreigada de que a sangria tinha resultados terapêuticos. No séc. XIX ainda se sangrava e o ofício de sangrador só foi extinto por lei de 13 de Julho de 1870.
Presente ainda no selo, a imagem de uma “Primavera”, figura de Entrudo, envolvida em rituais de vegetação, que anunciava e saudava a proximidade da Primavera, na qual a natureza e muito em especial a flora, refloresce.
As características técnicas do selo são as seguintes: Design: Atelier B2; Tiragem: 120 000; Impressão: papel FSC 110 g/m2; Formato: 40 x 36 mm; Perfuração: Cruz de Cristo 13 x 13; Impressão: offset; Impressor: Cartor; Folhas com 50 exemplares.
Os Correios editaram ainda um sobrescrito ilustrado de 1º dia, formato C6 e uma pagela anunciadora da emissão com texto de Joaquim Pais de Brito, Director do Museu Nacional de Etnologia, museu a que pertencem as peças reproduzidas no selo.
Em Estremoz, a correspondência com aquele selo aposto, recebeu a obliteração de Estremoz, do 1º dia de emissão. O selo pode ainda ser adquirido em qualquer estação dos CTT e afixá-lo na correspondência expedida é uma forma de divulgar ainda mais os Bonecos de Estremoz e potenciar a sua Candidatura a Património Imaterial da Humanidade.
A iniciativa da emissão deve-se ao Município de Estremoz, que cumprindo as regras em vigor, em finais de Março do ano transacto, sugeriu de uma forma fundamentada, à Direcção de Filatelia dos CTT, a emissão filatélica de um conjunto de selos, ilustrados pelos nossos Bonecos. Todavia, apesar da iniciativa louvável do Município, a proposta teve de ser filtrada por um Conselho Consultivo, onde a proposta inicial foi subvertida por interesses estranhos ao proponente. Por outras palavras, a proposta legítima do Município de Estremoz de alvitrar uma emissão filatélica dedicada ao nosso figurado, como forma de potenciar a Candidatura em curso, foi completamente subvertida. Daí que na emissão, ao contrário do proposto, apareçam imagens de exemplares pertencentes a seis regiões distintas do figurado português. Venceu a tese subscrita por Joaquim Pais de Brito, Director do Museu Nacional de Etnologia, que projecta o acervo daquele museu ao qual pertencem todas as peças reproduzidas, em detrimento da proposta do nosso Município. Nada tenho contra o figurado doutras regiões, do qual também gosto, ainda que em segundo plano, relativamente ao figurado de Estremoz. Todavia não posso deixar de considerar oportunista, a subversão da proposta inicial, uma vez que foi valorizado o acervo do museu lisboeta, em detrimento daquilo que está em causa, o reconhecimento pela UNESCO do nosso figurado como Património Imaterial da Humanidade. Há lobbies que são mais fortes que o previsto e vaidades pessoais incomensuráveis, que relegam para segundo plano, aquilo que devia figurar em primeiro. A História os julgará, assim como reconhecerá o notável esforço do nosso Município.
Estremoz teve uma vitória de Pirro. Conseguiu um selo à custa da promoção daqueles que nada fizeram por isso. Trata-se de uma vitória adiada até ao reconhecimento da Candidatura pela Unesco. Até lá, é de cerrarmos fileiras em torno da nossa dama, a barrística popular de Estremoz.

 Carimbo de 1º dia de Estremoz

 Barbeiro-sangrador. Museu Nacional de Etnologia, Lisboa.

Primavera. Museu Nacional de Etnologia, Lisboa.

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